A arte do bem e do justo
"IUS EST ARS BONI ET AEQUI."
Quem sabe o que é o "bem" e o que é o "justo" e onde eles são parecidos ou diferentes?
Talvez, alguns até tenham mais vivência, mais conhecimento em determinado campo de estudo ou, ainda, maior habilidade numa área profissional. É uma realidade. Todavia, daí se deixar levar pelo apelo do ego, é naufragar na falta de respeito pelo ser humano, seu igual.
A meu ver, um professor não pode entender uma pergunta ou uma intervenção contrária com fundo de esclarecimento como uma afronta à sua sapiência. Isto limita a interação entre os polos envolvidos na transferência da informação. Ninguém sabe tudo e aquele que se julga sabedor, confirma sua ignorância, deslizando na soberba.
Também já estive e com alguma frequência (em razão da minha profissão) daquele lado, à frente de classes e de fartos auditórios, com o poder do microfone empunhado nas mãos. Todavia, isso não mudou minha essência, me sinto mais aluno do que nunca. Entendi quão é tendenciosa a escalada no "autoconceito" quando se está nessas condições, com a palavra "cheia".
Neste ínterim, foi que me decidi: devo voltar às cadeiras escolares, pois, quero e preciso aprender mais. Sei bem o que é enfrentar uma classe de aula e não queria que as perguntas feitas a mim ecoassem no vazio ou, ainda, deixá-las sem responder por falta de preparo meu. Sim! Nunca mais deixarei de estudar!
Por outro lado, nunca vivi num mundo diferente daquele vivido pelos que por interesse ou destino receberam frações do meu humilde e parco conhecimento. Enfim, é bom ser igual. As dúvidas são mais bem esclarecidas quando se permite acesso a quem quer fazer perguntas, seja inteligente ou "nem tanto". Elas sempre refrigeram os pensamentos em sala ou auditório e facilitam a assimilação do conteúdo. É muito interessante para quem está na "plateia" poder interagir com quem está na boca do palco. Esta prática rompe com a necessidade da vã memorização na busca de nota e não de conhecimento. Logo, é sim a participação que internaliza a informação, sem mistérios nem rodeios.
Ser mestre é ensinar pelo exemplo, pelo modelo e pelo conteúdo de sua experiência pregressa aquilo que os outros (seus alunos ou ouvintes), ignorados seus motivos e as circunstâncias, ainda não tiveram chance de viver, estudar, construir ou percorrer. A gente pode escolher o que fala, mas, quem escuta somente aproveita o que realmente ouviu.
Enfim, desconsiderar a dignidade, a honra e os princípios respeitosos e altruístas de coletividade nos faz perder o caminho diante do mapa do convívio salutar. Cordialidade, respeito, humildade e consideração são indispensáveis na rota do conhecimento e no processo de transformação deste em sabedoria.