De quem é a responsabilidade pelo lixo?

Costumamos acreditar e seguir as normas propostas ou impostas pelos poderosos, depois nos acostumamos com elas.

Também estamos acostumados a comprar produtos fabricados por eles, dependemos deles, hoje, para sobreviver.

Muitos desses produtos vêm embalados em roupagens maiores, ou mais duráveis que eles próprios. Copos e garrafas embalando água, por exemplo, são fabricados para perdurar por séculos. Consumimos outros bens análogos, produzidos e vendidos pelos poderosos que assim nos induziram a fazer. Também nos ensinaram a jogar a embalagem no lixo, após o consumo do produto, e assim o fazemos; acreditamos que tal responsabilidade seja nossa.

Não sabemos, no entanto, como dar fim a esse lixo, especialmente a esse tipo mais inútil, desnecessário e acessório, constituído pelas embalagens; isso eles não nos ensinaram. Nem os poderosos sabem como o fazer.

Temos acreditado, no entanto, que a responsabilidade pelo lixo seja nossa, dos consumidores; assim nos fizeram crer, embora tenham inventado materiais praticamente indestrutíveis, ou melhor, que se destruídos emporcalham o mundo ainda mais.

Então, compramos, por exemplo, água em garrafas plásticas (esse absurdo gritante), bebemos a água e jogamos a garrafa no lixo; tudo resolvido, aparentemente, conforme nos ensinaram. Essas garrafas, no entanto, se acumularão em montanhas de lixo, através dos séculos. Se queimada, a garrafa libera enorme quantidade de substâncias nocivas; não existe destinação a esse material.

Temos então a seguinte situação: um dos poderosos fabrica garrafas virtuamente indestrutíveis, outro as enche com água e a vende para consumo, as pessoas bebem a água e jogam fora a garrafa gerando uma montanha de lixo que permanecerá emporcalhando o planeta por séculos. O mesmo vale para inúmeros outros produtos.

A situação absurda sugere a seguinte pergunta: quem é responsável por esse lixo?

“Lixômetros” divulgados nas grandes cidades sugerem que tal responsabilidade seja do cidadão; nessa medida, cabe às pessoas se informar e boicotar o consumo de bens embalados com material indestrutível.

Os vilões do caso, no entanto, são, obviamente, os produtores do material e aqueles que os utilizam em embalagens. Acho que deveriam ser responsabilizados pela lambança que fazem. De fato, eles, obviamente, sabem que estão emporcalhando o mundo têm tentado destruir as provas gritantes de seu crime imenso, divulgando e promovendo ardis para fingir acabar com o problema, na forma de “reciclagem” mentirosa. A “reciclagem” proposta por eles consiste na destruição das garrafas, dificultando a identificação do material indestrutível. Destroem o objeto, mantêm o material. Propõem, desse modo, jogar o lixo pra baixo do tapete.

Creio haver uma solução para o caso, solução muito simples cuja dificuldade fundamental consiste em reduzir os lucros dos poderosos.

Cada um tem responsabilidade pela sujeira que produz. Aqueles que PRODUZEM materiais indestrutíveis devem se responsabilizar pela coleta e armazenamento de seus produtos, devem ser cobrados por isso.