Por que (razão) sou diferente
As pessoas não estudam para mudar a maneira de pensar nem de viver. As pessoas estudam por outros motivos. Nisso está a minha diferença da maioria das pessoas. Se eu leio: “Ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, eu procuro colocar isso em prática, mesmo que seja difícil. Se eu leio, na LDB, no artigo 32, inciso I, que o “desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”, é um meio pelo qual se chegará à “formação básica do cidadão” (objetivo do Ensino Fundamental), eu vejo a necessidade de todo aluno ter o domínio de tudo isso para poder começar o Ensino Médio.
Se eu sei que bebida alcoólica é prejudicial à saúde, eu me recuso a consumir bebida alcoólica. Se eu sei que Coca-Cola faz mal à saúde, eu não bebo Coca-Cola. Se eu sei que todo refrigerante é prejudicial à saúde das pessoas, eu evito beber refrigerante. Evitarei muito mais se eu me sentir mal depois de consumir esse tipo de bebida, como é o meu caso.
Se eu conheço os estragos sociais da corrupção, eu jamais defenderei um político corrupto, não importa de que partido ele seja. Se eu sei que o preconceito, a discriminação e o racismo são atitudes desprezíveis, eu procurarei viver sem nada disso.
O que eu leio e reconheço como bom, eu procuro colocar em prática. Não faço isso sem reflexão, mas após ter passado pelo ato reflexivo. Eu sei que mentir é um ato imoral. Assim sendo, eu evito a mentira. As minhas palavras traduzem o que eu sou ou desejo ser.
Dizem que, certa vez, uma mãe levou seu filho até Gandhi para lhe pedir isto: “Diga a meu filho que pare de comer açúcar, porque isso só lhe faz mal”. O homem espiritual disse: “Volte daqui a quinze dias”. Passado esse tempo, a mãe voltou com o filho. Gandhi disse ao menino: “Pare de comer açúcar, porque isso só lhe faz mal”. A mulher perguntou: “Por que você demorou todo esse tempo para dizer isso a meu filho? Você poderia ter dito antes”. O homem respondeu: “Porque há quinze dias eu também comia açúcar”.
Por isso, é ridículo um petista ou um defensor do PT falar contra a corrupção e contra os corruptos de outro partido. É ridículo alguém saber o que é certo e praticar o errado. Se eu sou corrupto ou faço parte de um partido corrupto, ou se eu sou um defensor desse partido, eu não tenho autoridade ética ou moral para falar contra a corrupção.
No meu programa de rádio, que eu pretendo recolocar no ar em 2016, eu sempre defendi princípios éticos e morais, justiça, dignidade, coerência. Fazia críticas a quem participava de um governo municipal, mas não fazia nada; gente que só queria ganhar dinheiro. Em 2013, dentro de um governo, eu me vi impossibilitado de agir diferente daqueles que eu criticava e com a possibilidade de agir diferente de tudo que eu defendia. Só aguentei três meses e alguns dias. Eu me demiti e publiquei a carta no Facebook, após fazer uma tentativa de não sair. Obs.: Pessoas muito calmas, boas e flexíveis também saíram. Ontem, eu conversei com uma delas. Algumas pessoas me chamaram de “besta”. Segundo elas, eu deveria permanecer ganhando dinheiro sem fazer nada. Alguém do povo me questionou: “O que mais tu queria?” (sic). De acordo com essa pessoa e conforme o pensamento geral, eu estava sendo ajudado. O resto não importava. Eu estava muito bem. No entanto, eu preferi sair. Não tenho raiva da prefeita, nem de qualquer outra pessoa. Não alimento a raiva em mim. Eu não podia agir contra tudo aquilo que eu já defendi e defendo. Eu não podia ficar apenas ganhando dinheiro. Eu queria colaborar com o povo, mas não podia.
Eu procuro colocar em prática as minhas palavras. As minhas palavras não são apenas palavras; são reflexos do meu ser. Eu estou nos meus textos políticos, educacionais, espirituais, filosóficos, religiosos, gramaticais e, principalmente, eu estou na minha poesia.