Ensaio sobre minha incapacidade de escrever um ensaio da forma que eu quero
Que se faça pública minha necessidade quase antropofágica pelo corpo dela, junto com minha curiosidade que ameaça devorar-lhe a mente a cada encontro. Quero que todos saibam, quero que ELA saiba... Quero até que o Papa Francisco saiba... mas o fato é que eu não conheço as palavras adequadas para ditar isso tudo.
Acho que o mal (e a beleza) de todo escritor (ou tentativa de escritor) é descrever suas musas e suas paixões como as coisas mais importantes de seus universos, e seus amores e desejos, realizados ou não, como sentimentos complexos e fora de controle. Não é o meu caso dessa vez. Infelizmente. Se fosse eu saberia exatamente quais palavras usar. Saberia as melhores figuras de linguagem, e talvez uma ou duas sacadas inteligentes sobre algo que dissemos um para o outro. Eu saberia tornar tudo especial... pelo menos aos meus olhos. Mas não. Dessa vez não sei as palavras, não sei sacada nenhuma e talvez a única coisa que eu tenha agora são um ou dois palavrões pela minha incapacidade e pela sensação de impotência que é amar uma mulher e não conseguir falar sobre isso da forma adequada. Isto porque tudo o que sinto por ela, tudo que ela me faz sentir é simples. Parece aquele almoço na casa da minha avó no fim de semana depois de passar o dia brincando na rua, ou o sorriso da minha tia mais divertida quando eu corria pra abraçá-la dizendo que estava com saudade. Porra! Ninguém escreve poemas ou cartas sobre isso porque não parece nada de muito especial... nada fora do comum. Mas quem não suspira quando lembra dessas cenas depois de mais velho? Pois bem... É exatamente assim que sinto por ela.
No fim das contas penso que talvez eu devesse simplesmente dizê-la e ponto final. E deixar dessa minha mania de querer tornar cada palavra dita algo especial.