Cabe em mim
Cabe em mim
Abdicar-me-ei das ilusões da fortuna, sem meu esforço mesmo que tardio
Perdoar-te-ei pelos ferimentos causados pela minha própria língua
Amar-te-ei até depois da morte, mesmo que a morte seja o fim
Julgar-te-ei com severidade, como se o réu fosse eu
Levar-te-ei pelos caminhos sem rumo
Deitar-te-ei no leito da compreensão
Confortar-te-ei no esmero da tua própria sensibilidade
Confundir-te-ei na certeza da minha imprecisão
Perfumar-te-ei nas lágrimas da felicidade
Fitar-te-ei na cegueira de um morcego
Tatear-te-ei por toda envergadura
Procurar-te-ei até o infinito
Encontrar-te-ei mesmo que não existas
Tornar-te-ei a própria imagem do bem querer.
Maerson Meira. 31/03/2015