Gasozo gozo
Hélio, argônio, neônio, xenônio, criptônio. Era essa a lista, no curso de admissão ou no primeiro ano ginasial - uma vez aprendida, nunca mais esquecida. Gases nobres.
Tornávamos sabedores de sua existência, de sua suma raridade, compartilhando do que sabiam outros sábios, mas tudo na boa-fé, pois senti-los, vê-los ou ouvi-los não dava pé.
Interessante era especular o porquê do nobre Hélio não ter também seu final em -ônio, como os demais. O fato de provir da própria designação do sol em grego, era um consolo de valor menor que uma fatia de bolo. Seria por acaso mais nobre ainda, uma espécie de primus inter pares dos longínquos ares?
Em meio às fantasias que nos faziam pairar os gases nobres, contentávamos, cá na terra, com os gases pobres. Que abundavam. E que se muitos, muitos mais houve, se originavam do feijão-com-couve.