EM "MODO AVIÃO"
Sobre a tragédia da Germanwings
Seria redundante começar meu pensamento a concluir que , deveras, vivemos momentos conturbadíssimos por esse mundo comtemporâneo, algo de vanguarda humanísitca asssustadora, nesse planeta desvitalizado que já corre pelo século vinte e um.
Fato é que, para quem tem ao menos uma réstia de coração pulsante e alguns neurônios inquietados pelos entornos apavorantes, fica impossível não parar para pensar e, para quem gosta, traduzir nas letras o seu pensamento.
Quiçá deva ser catártico mesmo...
Antes quero explicitar que não escrevo com pessimismo, como possa parecer a muitos.
Sempre escrevo com realismo a tentar entender por que caminhamos por um mundo tão violento e asssustador e explico meu propósito porque por aqui, há uma corrente de alienação que julga todo e qualquer realista como pessimista.
Digo que nutro esperanças...mas:
Digamos que otimismo, diante de certos cenários , seria ou alienação ou déficit cognitivo, ou só poesia programática, dissimulada e malfeitora.
Também não sou antropocêntrica e discordo totalmente daquilo que possa nos induzir ao erro de acreditar que o Homem está no comando de tudo.
Penso e acredito que não está e evoco o livre-arbítrio da desinteligência inteligente para explicar a opção pelos nossos caminhos algo perdidos.
Todavia, a despeito de tantos horrores do mundo moderno, a tragédia da Germanwing, tanto na forma quanto nos porquês da sua ocorrência, nos leva a acreditar no inacreditável.
Confesso que ainda custo a assimilar os fatos que nos contam, o de que o co-piloto teria derrubado o avião propositalmente em meio às montanhas dos alpes franceses. Tudo parece algo inverossímel.
Feita a hipótese que surge através das revelaçõs da gravação do cokpit da aeronave, ainda assim , acredito ser extremamente simplista essa hipótese.
Mas, psicoses existem e enganam até os mais famosos e competentes experts nas neuropsicociências, como os psiquiatras forenses.
E daí surgem nas mídias várias pseudo-explicações científicas geradas por leigos em medicina clínica e psiquiátrica, a desqualificar o potencial dos diagnósticos médicos, as de que haveria um descaso na avaliação da saúde mental do co-piloto, e destarte, alguma psicose não diagnosticada que tivesse provocado a morte de cento e cinquenta pessoas de maneira tão trágica e negligente.
Psicoses subclínicas existem, repito, e às vezes nos surpreendem perplexamente num fato trágico e inesperado.
Convém salientar que os diagnósticos mais difíceis nas ciências médicas são os da área da psiquiatria, e que muitas vezes demandam por anos e anos de observação profissional acurada,e tais diagnósticos podem ser perfeitamente imprecisos, mesmo diante da precisão profissional, e nem sempre dependem apenas da competência de quem os diagnostica, mas principalmente das características intrínsecas e dissimuláveis das doenças da mente.
As psicoses, doenças mentais várias que desagregam a estrutura do pensamento de forma gravíssima com expressões clínicas súbitas em inesperados surtos psicóticos alucinatórios, muitas vezes existem em pacientes de comportamento agregado tão dissimulado que apenas são diagnosticadas NAS MINÚNCIAS DO COMPORTAMENTO COTIDIANO, apenas identificáveis por alguém que convive mais próximo aos pacientes.
Vale lembrar que as próprias ideias delirantes podem conter uma certa lógica inteligente da agregação do pensamento e induzir os avaliadores ao erro, mesmo os mais competentes e experientes.
As esquizofrenias, a exemplo, tidas como as doenças psicóticas mais graves das ciências psiquiátricas e que induzem desde aos mais leves até aos gravíssimos surtos que desagregam a lógica do pensamento e a noção dos espaços, podem como primeira manifestação também levar a quadros depressivos graves equivocadamente diagnosticados apenas como depressões afetivas, as que são quadros mais leves frequentes e tratáveis com sucesso e que não levam às ideias alucinantes, desagregadoras e persecutórias, a dos quadros psicóticos que sem dúvida podem nos colocar a todos num destino de "modo avião", como o que possivelmente nos surpreendeu na tragédia da Germanwings.
Consta que o co-piloto da empresa já havia se afastado para tratamento de quadro depressivo há anos atrás, resta saber se a depressão era afetiva, psicótica, ou na fronteira dos quadros que a ciência os denomina de "boderlines", algo não tão grave mas que clinicamente pode surpreender pela desagregação mental súbita.
Importante frisar que toda depressão que começa na tenra iade tem mais chance de ser psicótica, grave e induzida pela genética familiar.
Se foi mesmo o co-piloto que derrubou o avião, quais as outras possibilidades para tal ocorrência?
Doença em surto? defeito mecânico? erro não intencional? terrosismo? drogas? envolvimento passional? tendência suicida lúcida?
E qual a participação do meio nisso tudo?
Até que ponto o 'status' do mundo moderno induziria as nossas doenças e as nossas consequentes tragédias de formatações tão múltiplas e cada vez mais ineditamente inacreditáveis?
E como entender (segundo fonte da mídia) que ainda há os que aplaudem a tragédia movidos por ideais regionais separatistas?
Quem somos nós, afinal?
Teríamos solução humanitária e sanitária para nosso atual status de degradação humanística?
Seríamos nós, seres humanos da atualidade, o sub-produto DESUMANO da CAIXA DE PANDORA, inadvertidamente aberta para os futuros holísticos sem saída?
Fica aqui o meu questionamento para os fatos que não são boatos...assimilando e cada vez mais ratificando o humilde pensamento de Sócrates: "Só sei que nada sei".
É assim que caminhamos...a humanidade (?)...atualmente a voar em "modo avião" rumo ao desconhecido.