UMA RÉSTEA DE LUZ – ENSAIO PARA UM TEMPO RUIM
“ Mesmo as épocas de opressão são dignas de respeito, pois são a obra, não dos homens, mas da humanidade, e portanto da natureza criadora, que pode ser dura, mas nunca é absurda. Se a época que vivemos é dura, temos o dever de amá-la ainda mais, de penetrá-la com o nosso amor, até que tenhamos afastado as enormes montanhas que dissimulam a luz que há para além delas”- Walther Rathenau- Para Onde Vai o Mundo?, 1929.
O que é modelagem
Temos hoje a tecnologia, as estratégias e os meios para efetuar uma mudança qualitativa em nós mesmos, aproveitando melhor os padrões de excelência que a nossa espécie já produziu.
Sempre existirá alguém que já fez o que queremos fazer e o fez com absoluto sucesso. Podemos aprender com aqueles que já acertaram. Se quisermos ser bons, podemos modelar o comportamento de uma pessoa boa, utilizando a sua receita de excelência em bondade; se quisermos ter bons relacionamentos na vida, podemos reproduzir as atitudes de quem já obteve esse resultado. O que não devemos, se quisermos superar os momentos ruins, é ficar ressaltando os erros, nossos ou dos outros, pois quanto mais o fizermos, mais estaremos propensos a repeti-los.
Isso se chama modelagem . O nosso sistema neurológico registra tudo que acontece no mundo real e tende a aprender e repetir aquilo que mais é destacado. Essa é uma regra simples de comunicação: quanto mais se repete a informação mais ela parece ser verdadeira.
Modelando a eficiência
Modelar significa aprender com quem já fez e obteve sucesso na sua experiência.
É claro que não se trata de mera imitação de comportamento, mas sim de adaptação de modelos de respostas que se mostraram eficientes para a resolução dos nossos problemas. Afinal de contas, o que são os manuais de operação, senão a popularização de fórmulas de ação, especificamente dirigidas para produzir um determinado resultado? Hoje temos manuais para tudo, desde aqueles que nos ensinam como operar uma máquina, aos que nos orientam como devemos agir em sociedade. Porque não podemos fazer o mesmo com os modelos de eficiência na arte de viver?
Podemos afirmar, sem medo de errar, que atualmente há uma única civilização no planeta terra embora alguns grupos fundamentalistas ainda teimem em preservar seus nichos culturais, mesmo á custa de guerras e tragédias individuais e coletivas que poderiam ser evitadas se essa verdade simples e comezinha fosse admitida.
Os meios de comunicação ligam todos os povos, criando códigos comuns de identificação entre as mais diversas culturas. As diferenças entre um chinês, um banto, um hindu e um habitante dos países do ocidente já não são tão notáveis quanto eram a cinquenta anos atrás. E, à medida que as informações vão sendo socializadas, cada vez mais essas diferenças acabam sendo encurtadas. E em todas as línguas e nacionalidades existem extraordinárias experiências de vida que merecem ser divulgadas e modeladas.
Sabemos também que nós somos orientados pelas representações mentais que fazemos do mundo. E que essas representações tornam-se “programas”, que por sua vez se apoiam em crenças e valores que passamos a admitir como parâmetros para julgar o que vemos, ouvimos ou sentimos. E com base nesses parâmetros emitimos nossas respostas.
Muitas vezes as coisas acontecem independentemente da nossa vontade. Nós já nascemos num mundo praticamente feito, em lugares e famílias que não escolhemos. Algumas pessoas nascem com muitos recursos externos, outras praticamente sem nenhum. Qual é o critério usado por Deus (se é que Ele tem algum), para fazer alguém nascer na Etiópia ou na Suécia, em uma favela do Rio de Janeiro ou Calcutá, ou em um bairro rico de Seattle, Montreal ou Estocolmo? Jamais saberemos e não parece que seja importante ficar pensando nisso. Podemos dar algumas respostas, como por exemplo, a da parábola dos talentos, mediante a qual Deus dá e cobra de um cada segundo os recursos que recebeu, mas nenhuma delas iria satisfazer a todos. Aliás, é bom que nunca estejamos satisfeitos com as respostas dadas para questões como essa, pois o dia em quem pararmos de procurar a verdade, será o fim da nossa própria experiência como seres vivos.
O que importa é que, seja qual for o critério de Deus, é o fato de que é possível encontrar em toda adversidade um motivo para crescer. Não importa quão negativo seja o ambiente, quão limitada possa ser a moldura que ele coloca na nossa vida, nós podemos sempre pensar que é possível mudar isso.
Nelson Mandela provou que isso é possível, Gandhi também. Abraão Lincoln foi outro desses teimosos. De balconista em um armazém, tornou-se um dos maiores presidentes que os Estados Unidos da América já tiveram. Em todos os tempos, e entre todos os povos, nós já tivemos pessoas assim.
Mas esses são exemplos extremos e já bastante explorados. Se olharmos bem, se procurarmos com carinho, encontraremos exemplos igualmente edificantes bem mais próximos de nós.
Que tal aquele parente que conseguiu sucesso na vida tornando-se um excelente engenheiro, um competente médico, ou um pedreiro cujos serviços são muito disputados e bem pagos? Que tal aquele colega de fábrica que estudou, capacitou-se, progrediu, e hoje é o gerente de produção de uma grande empresa? Que tal aquele amigo de infância ou juventude que hoje é um respeitado professor ou um renomado escritor, jornalista ou advogado? Que tal aquele vizinho que aprendeu a conviver tão bem com sua esposa, com seus parentes, amigos, vizinhos, etc. e se tornou um líder na comunidade ou uma referência dentro da família em razão da sua habilidade no trato com as pessoas?
Não existe História: só biografias
Pessoas eficientes na arte de viver são encontradas em todos os lugares. O importante não é a posição que ocupam na sociedade, mas sim como elas fazem para gerar esses resultados.
Histórias de vida bem sucedidas nós as encontraremos por todo lado. O importante é saber como elas foram construídas. A partir de que crenças, de que posturas mentais, de que padrão de comportamento essas pessoas conseguiram superar as limitações de seus ambientes e gerar histórias de vida bem sucedidas? Certamente não foi sentando-se em um sofá, assistindo à televisão e queixando-se de que nada dá certo em suas vidas, que os parentes não ajudam, os colegas são “traíras” e os patrões só querem explorá-los; que os políticos são todos ladrões e só visam seus próprios interesses: que o governo não faz nada pelo povo e a justiça só existe para os ricos; que a humanidade está perdida e não adianta lutar contra o que está posto, porque essa é a vontade de Deus, (como se alguém pudesse saber qual é a vontade Dele), e assim por diante.
Mesmo que houvesse alguma verdade nessas pressuposições, e algumas dessas queixas podem ser até procedentes, acreditar nisso não vai resolver os problemas de ninguém. Quanto mais nós nos queixamos da vida, mais ficamos envolvidos por uma atmosfera de pessimismo e limitação. Modelos são crenças e eles são instalados em nosso sistema neurológico pelas informações que recebemos do mundo, no mais das vezes inconscientemente. Quanto mais nos focamos no que está errado, mais tendemos a repetir o erro. Paulo de Tarso, o maior divulgador das mensagens de Jesus já havia nos ensinado isso: “só nos acontece aquilo que mais tememos”, disse ele.
Não é nos recusando a participar das coisas públicas que nós iremos contribuir para que elas se tornem mais saudáveis. Aliás, é a nossa própria indiferença que faz com elas se tornem negócios cada vez mais privados. Se o político que nós elegemos não está correspondendo á nossa confiança, vamos tirá-lo de lá nas próximas eleições e eleger alguém mais merecedor. Aliás, se mais pessoas de bem se envolvessem com os interesses coletivos, menos espaço sobraria para os aproveitadores, para os malandros.
Não é acreditando que os homens de bem não se envolvem com política que nós vamos ficar isentos da responsabilidade pelo que acontece nesse meio. Aliás é por conta disso que nós deixamos que os malandros ocupem esse espaço e façam de uma arte que deveria ser a mais refinada e importante de todas – a política – uma autêntica cosa nostra.
Acreditar que nada podemos fazer para tornar a nossa vida melhor é, sem dúvida, uma péssima crença. Se quisermos fazer do país um lugar mais decente para viver não basta votar em alguém e esperar que ele vá resolver todos os nossos problemas, Temos que participar efetivamente dos negócios da comunidade, interessar-se por tudo que acontece no nosso bairro, na nossa cidade, no nosso país. Temos que dar de nós mesmos a parte boa que cada um de nós tem (e todo mundo tem) para que o ambiente em que vivemos se torne um lugar mais agradável e seguro para todos.
Modelar as pessoas que a gente admira pode fazer com a gente torne-se também alguém digno de ser modelado. Como disse o filósofo Ralph Waldo Emerson: Não existe História; apenas biografias. E um país é feito de pessoas. Ele só é ruim quando nós mesmos não conseguimos ser bons.
Estamos atravessando um território de sombras. Nesses momentos é preciso buscar um pouco de luz com quem, um dia, soube acendê-la. E não com quem as apagou. Esses não merecem a nossa atenção.
“ Mesmo as épocas de opressão são dignas de respeito, pois são a obra, não dos homens, mas da humanidade, e portanto da natureza criadora, que pode ser dura, mas nunca é absurda. Se a época que vivemos é dura, temos o dever de amá-la ainda mais, de penetrá-la com o nosso amor, até que tenhamos afastado as enormes montanhas que dissimulam a luz que há para além delas”- Walther Rathenau- Para Onde Vai o Mundo?, 1929.
O que é modelagem
Temos hoje a tecnologia, as estratégias e os meios para efetuar uma mudança qualitativa em nós mesmos, aproveitando melhor os padrões de excelência que a nossa espécie já produziu.
Sempre existirá alguém que já fez o que queremos fazer e o fez com absoluto sucesso. Podemos aprender com aqueles que já acertaram. Se quisermos ser bons, podemos modelar o comportamento de uma pessoa boa, utilizando a sua receita de excelência em bondade; se quisermos ter bons relacionamentos na vida, podemos reproduzir as atitudes de quem já obteve esse resultado. O que não devemos, se quisermos superar os momentos ruins, é ficar ressaltando os erros, nossos ou dos outros, pois quanto mais o fizermos, mais estaremos propensos a repeti-los.
Isso se chama modelagem . O nosso sistema neurológico registra tudo que acontece no mundo real e tende a aprender e repetir aquilo que mais é destacado. Essa é uma regra simples de comunicação: quanto mais se repete a informação mais ela parece ser verdadeira.
Modelando a eficiência
Modelar significa aprender com quem já fez e obteve sucesso na sua experiência.
É claro que não se trata de mera imitação de comportamento, mas sim de adaptação de modelos de respostas que se mostraram eficientes para a resolução dos nossos problemas. Afinal de contas, o que são os manuais de operação, senão a popularização de fórmulas de ação, especificamente dirigidas para produzir um determinado resultado? Hoje temos manuais para tudo, desde aqueles que nos ensinam como operar uma máquina, aos que nos orientam como devemos agir em sociedade. Porque não podemos fazer o mesmo com os modelos de eficiência na arte de viver?
Podemos afirmar, sem medo de errar, que atualmente há uma única civilização no planeta terra embora alguns grupos fundamentalistas ainda teimem em preservar seus nichos culturais, mesmo á custa de guerras e tragédias individuais e coletivas que poderiam ser evitadas se essa verdade simples e comezinha fosse admitida.
Os meios de comunicação ligam todos os povos, criando códigos comuns de identificação entre as mais diversas culturas. As diferenças entre um chinês, um banto, um hindu e um habitante dos países do ocidente já não são tão notáveis quanto eram a cinquenta anos atrás. E, à medida que as informações vão sendo socializadas, cada vez mais essas diferenças acabam sendo encurtadas. E em todas as línguas e nacionalidades existem extraordinárias experiências de vida que merecem ser divulgadas e modeladas.
Sabemos também que nós somos orientados pelas representações mentais que fazemos do mundo. E que essas representações tornam-se “programas”, que por sua vez se apoiam em crenças e valores que passamos a admitir como parâmetros para julgar o que vemos, ouvimos ou sentimos. E com base nesses parâmetros emitimos nossas respostas.
Muitas vezes as coisas acontecem independentemente da nossa vontade. Nós já nascemos num mundo praticamente feito, em lugares e famílias que não escolhemos. Algumas pessoas nascem com muitos recursos externos, outras praticamente sem nenhum. Qual é o critério usado por Deus (se é que Ele tem algum), para fazer alguém nascer na Etiópia ou na Suécia, em uma favela do Rio de Janeiro ou Calcutá, ou em um bairro rico de Seattle, Montreal ou Estocolmo? Jamais saberemos e não parece que seja importante ficar pensando nisso. Podemos dar algumas respostas, como por exemplo, a da parábola dos talentos, mediante a qual Deus dá e cobra de um cada segundo os recursos que recebeu, mas nenhuma delas iria satisfazer a todos. Aliás, é bom que nunca estejamos satisfeitos com as respostas dadas para questões como essa, pois o dia em quem pararmos de procurar a verdade, será o fim da nossa própria experiência como seres vivos.
O que importa é que, seja qual for o critério de Deus, é o fato de que é possível encontrar em toda adversidade um motivo para crescer. Não importa quão negativo seja o ambiente, quão limitada possa ser a moldura que ele coloca na nossa vida, nós podemos sempre pensar que é possível mudar isso.
Nelson Mandela provou que isso é possível, Gandhi também. Abraão Lincoln foi outro desses teimosos. De balconista em um armazém, tornou-se um dos maiores presidentes que os Estados Unidos da América já tiveram. Em todos os tempos, e entre todos os povos, nós já tivemos pessoas assim.
Mas esses são exemplos extremos e já bastante explorados. Se olharmos bem, se procurarmos com carinho, encontraremos exemplos igualmente edificantes bem mais próximos de nós.
Que tal aquele parente que conseguiu sucesso na vida tornando-se um excelente engenheiro, um competente médico, ou um pedreiro cujos serviços são muito disputados e bem pagos? Que tal aquele colega de fábrica que estudou, capacitou-se, progrediu, e hoje é o gerente de produção de uma grande empresa? Que tal aquele amigo de infância ou juventude que hoje é um respeitado professor ou um renomado escritor, jornalista ou advogado? Que tal aquele vizinho que aprendeu a conviver tão bem com sua esposa, com seus parentes, amigos, vizinhos, etc. e se tornou um líder na comunidade ou uma referência dentro da família em razão da sua habilidade no trato com as pessoas?
Não existe História: só biografias
Pessoas eficientes na arte de viver são encontradas em todos os lugares. O importante não é a posição que ocupam na sociedade, mas sim como elas fazem para gerar esses resultados.
Histórias de vida bem sucedidas nós as encontraremos por todo lado. O importante é saber como elas foram construídas. A partir de que crenças, de que posturas mentais, de que padrão de comportamento essas pessoas conseguiram superar as limitações de seus ambientes e gerar histórias de vida bem sucedidas? Certamente não foi sentando-se em um sofá, assistindo à televisão e queixando-se de que nada dá certo em suas vidas, que os parentes não ajudam, os colegas são “traíras” e os patrões só querem explorá-los; que os políticos são todos ladrões e só visam seus próprios interesses: que o governo não faz nada pelo povo e a justiça só existe para os ricos; que a humanidade está perdida e não adianta lutar contra o que está posto, porque essa é a vontade de Deus, (como se alguém pudesse saber qual é a vontade Dele), e assim por diante.
Mesmo que houvesse alguma verdade nessas pressuposições, e algumas dessas queixas podem ser até procedentes, acreditar nisso não vai resolver os problemas de ninguém. Quanto mais nós nos queixamos da vida, mais ficamos envolvidos por uma atmosfera de pessimismo e limitação. Modelos são crenças e eles são instalados em nosso sistema neurológico pelas informações que recebemos do mundo, no mais das vezes inconscientemente. Quanto mais nos focamos no que está errado, mais tendemos a repetir o erro. Paulo de Tarso, o maior divulgador das mensagens de Jesus já havia nos ensinado isso: “só nos acontece aquilo que mais tememos”, disse ele.
Não é nos recusando a participar das coisas públicas que nós iremos contribuir para que elas se tornem mais saudáveis. Aliás, é a nossa própria indiferença que faz com elas se tornem negócios cada vez mais privados. Se o político que nós elegemos não está correspondendo á nossa confiança, vamos tirá-lo de lá nas próximas eleições e eleger alguém mais merecedor. Aliás, se mais pessoas de bem se envolvessem com os interesses coletivos, menos espaço sobraria para os aproveitadores, para os malandros.
Não é acreditando que os homens de bem não se envolvem com política que nós vamos ficar isentos da responsabilidade pelo que acontece nesse meio. Aliás é por conta disso que nós deixamos que os malandros ocupem esse espaço e façam de uma arte que deveria ser a mais refinada e importante de todas – a política – uma autêntica cosa nostra.
Acreditar que nada podemos fazer para tornar a nossa vida melhor é, sem dúvida, uma péssima crença. Se quisermos fazer do país um lugar mais decente para viver não basta votar em alguém e esperar que ele vá resolver todos os nossos problemas, Temos que participar efetivamente dos negócios da comunidade, interessar-se por tudo que acontece no nosso bairro, na nossa cidade, no nosso país. Temos que dar de nós mesmos a parte boa que cada um de nós tem (e todo mundo tem) para que o ambiente em que vivemos se torne um lugar mais agradável e seguro para todos.
Modelar as pessoas que a gente admira pode fazer com a gente torne-se também alguém digno de ser modelado. Como disse o filósofo Ralph Waldo Emerson: Não existe História; apenas biografias. E um país é feito de pessoas. Ele só é ruim quando nós mesmos não conseguimos ser bons.
Estamos atravessando um território de sombras. Nesses momentos é preciso buscar um pouco de luz com quem, um dia, soube acendê-la. E não com quem as apagou. Esses não merecem a nossa atenção.