SAUDADE
Já dizia o Menino Passarinho (Luiz Vieira) : " Quem não quiser ter saudades; Tire do caroço a semente.
Plante numa terra ruim; Onde bata um sol bem quente... Pois se plantar no molhado; Ela nasce, cresce e mata a gente! "
A saudade se caracteriza por ser um sentimento desolado, que basta a si mesmo... A aparente saudade de alguém se revela, como a saudade de si mesmo, em em outro tempo onde se era feliz, em um outro tempo que não existe mais...
A saudade paira entre a ilusão da espera e a certeza da perda! A essência da saudade é a perda consumada, definida e consciente, que teima esperar o regresso de um momento morto e sacramentado.
A menor possibilidade de reencontro é ausência / espera de amor, entretanto, saudade é saudade!
SAUDADE É PERDA... A SAUDADE É MORTA!
É uma esperança morta, que sabemos ser morta, e no entanto teimamos esperar o inesperado...
É o aborto de um feto que teima enjoar e chutar o ventre oco sem vida.
É a gengiva banguela, com um dente fantasma, que assombra em dores uma boca murcha e vazia.
A fé chega na marra, em ressurreição ou reencarnação, qualquer coisa que faça a gente encontrar novamente o objeto da nossa saudade; De qualquer jeito, qualquer modo ou em qualquer lugar...
É a esperança de um novo abraço, nem que seja num outro mundo, num outro corpo ou só em espírito.
Saudade é a certeza de que apenas o amor não foi suficiente o bastante para que a gente ficasse juntos. E a gente... A gente se perdeu para sempre... A gente não se encontra mais... Onde quer que procuremos, agora a unica coisa que a gente encontra na vida é algo que mal se explica...saudade...