RESPOSTA A UMA JOVEM CATÓLICA QUE ME CHAMOU DE AGNÓSTICO

Penso que você não tenha usado o termo agnóstico para se referir a mim, para me classificar, visto que agnóstico significa a atitude ou posição de quem segue o agnosticismo. Este significa: "Atitude dos que declaram que não se pode afirmar ou negar a existência do transcendente (Deus, o sobrenatural, o outro mundo)". O agnosticismo “se recusa a admitir soluções para os problemas que não podem ser tratados com os métodos da ciência positiva, sobretudo os problemas metafísicos e religiosos”. Eu, pois, no tocante a Deus, estou muito além dessa compreensão limitante da ciência positiva, ainda que Deus seja o Indefinível. Eu sinto Deus na minha vida. Deus está arraigado no meu ser. O termo agnóstico foi, portanto, atribuído à pessoa errada.

Deus penetra o íntimo de quem O acolhe na sua vida. Deus me livre de pensar saber muito sobre Ele. Tudo o que sabemos a respeito de Deus é muito pouco. Como já disse um grande homem espiritual: “Se dizes, não é Deus”. Deus é Indizível. Ademais, algo limitado não tem a capacidade para absorver o que é Ilimitado. Que a humildade esteja presente em todo ato de fé! Mas não sou agnóstico! Todavia, o fanatismo não permite que as pessoas tenham dúvidas a respeito de Deus. Esse Deus dos fanáticos é muito pequeno, pois cabe na cabeça limitada de quem assume o fanatismo.

Sendo assim, o termo agnóstico não se aplica a mim. Talvez você tenha visto outra pessoa, no Facebook, se autodefinindo como agnóstico; não eu. Eu respeito a posição de quem assume o agnosticismo. Eu, porém, estou além de uma postura agnóstica. Como Gandhi, quando alguns cristãos desejavam convertê-lo ao cristianismo, eu digo: aceito Cristo e o seu Evangelho, mas não aceito o cristianismo dos cristãos. O que isso significa? Significa que muitos cristãos não vivem segundo a mensagem do Evangelho. A mensagem de Cristo é boa, é modelo de vida, mas o comportamento de muitos que se dizem cristãos não coaduna com o Evangelho de Cristo. Mesmo assim, eu não condeno ninguém. Não tenho nem desejo ter esse poder. Foi a Igreja Católica que já condenou muita gente, além de jogar na fogueira, em nome de Deus, erroneamente. Cristo veio para todos, e não apenas para quem está em igreja. Ademais, um encontro de cristãos não pode ser apenas um encontro social. Toda missa, como diz o catolicismo, é um envio. Muitos católicos, porém, não vivem o que a missa lhes pede.

Eu tenho plena certeza de que Deus é o motor da história. Ele é o ar que eu respiro, a força que me move, a Luz que me ilumina, a Vida que me deu e me dá vida. Deus é transcendente e imanente. Ele está em todos os lugares, principalmente no coração do homem. Deus é ubiquidade.

Eu reconheço que sou e sempre serei um pecador, um homem imperfeito, mas não concordo com a atitude de muitos católicos, porque pregam o que não vivem. É claro que há muitos bons católicos neste mundo.

Foi Jesus quem disse: "Os verdadeiros adoradores adorarão a Deus em espírito e em verdade, porque Deus é espírito". Jesus disse que é esse tipo de adorador que Deus quer. Santo Agostinho dizia: "Não queiras ir lá fora. Volta-te para ti. No interior do homem mora a verdade". Para Agostinho, a verdade é Deus e Deus é a verdade.

Eu creio em Jesus Cristo (o Filho de Deus Pai); eu creio no Espírito Santo; eu creio em Deus Pai; só NÃO creio na Igreja Católica, pois “maldito o homem que confia no homem”, e a Igreja Católica é feita de homens.

Eu não desejo que ninguém saia de sua Igreja. Eu quero ser julgado por minhas palavras e por aquilo que eu fiz. Eu desejo que um homem não seja classificado como agnóstico só porque ele deixou de frequentar uma igreja, pois de nada vale dizer Senhor, Senhor, sem fazer o que Deus quer. É Jesus quem nos diz isto: “Nem todo aquele que diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino de Deus”.

Um verdadeiro cristão não considera um homem agnóstico só porque esse homem não vai a uma igreja. Se formos verdadeiros, veremos as palavras e os atos de um homem, e não o que esse homem não é. Deus está em todas as igrejas e em todas as religiões, mas está também no coração, no semblante e no comportamento do ser humano. É no homem que Deus mais se manifesta, porque fomos feitos à sua imagem e semelhança. O homem é o templo do Espírito Santo. O apóstolo Paulo faz essa afirmação. Não nos esqueçamos, pois, de ler a Bíblia na sua íntegra!

Eu desejo que nenhuma igreja se considere a detentora de Deus, porque DEUS não se deixa prender por ninguém. Que eu seja julgado por minhas palavras e por minhas ações. Eu não estou no grupo dos agnósticos, ainda que, em certo aspecto, ser agnóstico seja uma atitude sensata.

Eu jamais serei agnóstico. Mas a minha fé não depende de nenhuma igreja. Lembre-se de que fé sem obras é morta. Eu sei que você não me chamou de agnóstico, porque você é uma pessoa do bem e bem-intencionada. Além disso, eu tenho certeza de que você sabe o que significa ser agnóstico. Por favor, não diga o que eu não sou. Mas a escolha é sua. Olhe as minhas palavras e os meus atos. Veja a minha escrita e o meu comportamento. Não sou perfeito, mas busco estar sempre em evolução integral. Para isso, eu preciso de Deus, como canta o padre Zezinho. Este padre nos ensina a enxergar a fé de quem não frequenta a igreja. Basta que o católico conheça as músicas de padre Zezinho e viva o que ele canta, para enxergar a fé de quem não vai a nenhuma igreja, ainda que a pessoa que não frequenta nenhuma igreja reconheça a importância de todas elas na vida de um ser humano.

Jesus disse que, quando quisermos falar com Deus, devemos entrar no nosso quarto e orar a Deus, porque Ele vê o que está escondido. Os hipócritas, porém, segundo Jesus, gostam de mostrar a todo mundo que estão rezando. O capítulo 23 de Mateus pode nos ajudar a entender melhor as religiões institucionalizadas.

Que Deus me livre de qualquer fanatismo e me ajude a enxergar a importância de uma fé madura. Que Deus me ajude a ser maduro na fé. Padre Zezinho pode ajudar muitos católicos a enxergar a fé de quem tem fé, mas não está em nenhuma igreja. Muitos católicos precisam viver um aspecto do que o catolicismo prega: a vida. A Igreja Católica diz que é preciso ligar fé e vida. Concordo. Sendo assim, eu deixo as perguntas subsequentes.

Eu pergunto: para que serve uma igreja, se essa igreja é incapaz de ajudar a tirar do buraco quem mais ajuda essa mesma igreja? Para que serve uma igreja que não ajuda a pessoa que, numa paróquia, tem dedicado mais amor e serviço a essa igreja? Para que serve uma igreja, se essa igreja diz não querer se envolver com os problemas de quem sempre se preocupou com os problemas dessa igreja? Uma igreja que não se preocupa com quem fala e age em nome dela não é digna de se dizer cristã. Alguém na Igreja Católica em Pastos Bons está precisando dessa Igreja. É hora de agir! Um abraço cordial!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 14/03/2015
Código do texto: T5169293
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