O porta-jóias de mamãe
O porta-jóias - tínhamos essa peça, de louça branca, formato retangular, abaualada nos lados e alguns cantos rebuscados, com fiozinhos pintados de dourado.
Chegou com papai - nem Noé nem Noel, uai - numa noite pre-natalina, já embrumada na neblina dos tempos, que foi tirando daquela caixa enorme de madeira, tudo empacotado e embalado nas lasquinhas fininhas de uma madeirinha branquinha e levinha, de onde foram saindo o meu velocípede, os globos de luz verdes, o relógio despertador - que iria substituir o já entrevado Invicta..., que ia saindo de cena...
E, maravilha das maravilhas, o abât-jour, cúpula verde-clara translucente, de vidro, que se prendia a um arco metálico, semi-circular, sobre base metálica, ambos brilhantes, e essa cúpula possuía possuía uma espécie de arco-portinhola que permitia, sem maiores embaraços, a troca da lâmpada. O verde emitido pelo reflexo da cúpula, suave, era de fazer suave o adormecer - e o sonho, que aí ponho - pra valer.
Mas para preencher o porta-jóias? O anel de pedra verde de maman, achava sua vez, como solitário indês. Montado pelo Juca Ourives, era nossa reluzente jóia, em ouro de 22 quilates - e orate frates.