o Tempo

Eu sou de um tempo...

E não é aquele tempo antiquado e absurdo que todos imaginam quando num começo de frase, apresenta-se esse complexo frasear “...eu sou de um tempo...”, mas faço parte de um período de tempo em que as relações eram mais românticas, mais penosas, menos instáveis e mais humanas, afinal é o que somos, humanos, mesmo quando muitas vezes essa teoria não faça o menor sentido, sou de um tempo, fiz parte de uma era, e compus como um sambista cada momento desse enredo simbólico, ousei ao criar pegadas nas areia melancólicas da paz, sou páginas do livro da vida, vida de um livro sem páginas, pois não se pode pular os capítulos, que não se julga pela capa, sou um poeta em devaneios, em cólera sobreponho minhas regras, um anjo sem asas, o abstrato de meus sonhos, sou o tudo que partiu do nada e mesmo que quando debutar minha lápide, quando o escuro me entorpecer, mesmo quando restarem lágrimas, eu terei feito algo, terei escrito a minha história, sendo ela um drama lastimável ou uma comédia depressiva, uma musica alienada ou um poema saudosista, mas terei eu feito parte de algo um conto, uma canção, um retrato tardio de meu sorriso amarelo, uma recordação, serei o vento que sopra as dúvidas para um horizonte que desperta saberes, eu vi, vivi, senti, o tempo passou por mim.

Mas eu ainda apenas faço parte do tempo e o final feliz que ainda está por vir.

Robson Sckuro
Enviado por Robson Sckuro em 26/02/2015
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