O FIM DA PSICOLOGIA

Na antiguidade o homem formulara o "Conhece-te a Ti mesmo", nos dias atuais o homem grita "QUEM SOMOS NÓS?". Não sei necessariamente se isso foi uma regressão, mas se há "uma coisa que assola o homem é não Ser" (CASANOVA). O Existencialismo nos fala do Ser no mundo, logo a possibilidade de ser psicólogo, e do outro se propor a uma análise é uma realidade possível hoje! Pois a ideia de culpa e depois de análise foi surgindo com o tempo e cultura (FEIJOO). Exemplo disso é: como aplicar a clínica na antiguidade quando pessoas eram oferecidas aos deuses sem pena e sem dó? Como aplicar a clínica na Idade Média quando as culpas eram reconhecidas pela confissão? Se da mesma forma que Aquiles não sabia o que era culpa, que há culturas que não têm uma palavra para definir "saudades" como os brasileiros têm; ou como os índios não tinham definição para medo, pois não eram passíveis de serem escravizados... Isto é, a psicologia NEM SEMPRE existiu, mas o tempo e a cultura propiciou isso, se observarmos a fala e os exemplos acima. E talvez nem sempre existirá... Talvez a clínica seja um ofício passageiro na linha da história humana! E duas linhas se cruzam para essa perspectiva. Segundo CASANOVA, quando falamos da ditadura das ciências naturais, que afirmam ser só elas objetivas e mensuráveis voltamos, ou nem saímos, ou ainda herdamos, a realidade do fim do séc. XIX (em pleno modernismo, podemos lembra dos primeiros embates de Freud com os organicistas) - eu arrisco dizer que continuamos numa Idade das Trevas, onde os sacerdotes agora usam jalecos. A ciência positiva, detentora do saber, de fato não para de evoluir cada vez mais rápido (a produção de conhecimento "dobra" 300 vezes a cada década, se não estou errado: em 2003 comprávamos nossos primeiros celulares "tijolões", há 3 anos eu fazia exames de sono com 26 eletrodos, hoje uso uma pulseira chamada actígrafo; em 2000 os antidepressivos ainda acabavam com a vida sexual do individuo...). Mas a "saúde em primeiro lugar!", e o foco da ciência na saúde é na produção do medicamento - pois é aí que se lucra -, não necessariamente na cura e sim no tratamento pela medicação; exemplo disso é a Cetamina, uma provável esperança para acabar com os efeitos da depressão em questões de semanas (segundo a edição 2297 da revista Veja)! O Brasil é considerado a nação Rivotril, segundo remédio mais vendido no país em 2004. O que não dizer da Ritalina? Voltando ao início do texto sobre aquelas duas máximas, a ecolalia existencial que vivemos desde a antiguidade, falo das crises existenciais, somado ao imediatismo do Ser Humano, não vemos aí a ameaça da clínica? O que se pode fazer para que essa realidade não se torne tão trágica quanto ao título desse texto? Ainda numa provável hipótese, as doenças, transtornos podem ser cuidadas por futuros medicamentos num piscar de olhos (da mesma forma que se cuida de um animal selvagem na jaula), mas ao relacionamento humano não se dá remédio – talvez a clínica se limite só na prática de relacionamento humano? Pois para haver clínica, deve haver pessoas para elas, mas como isso fica se é mais fácil viver com um "sorriso sintético" no rosto?

Vagner Pinheiro
Enviado por Vagner Pinheiro em 19/02/2015
Reeditado em 18/07/2016
Código do texto: T5142139
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