AMOR PURO

Das concepções das sociedades futuras

Em determinado período , como já exposto, existe uma determinada percepção sobre o futuro, quanto a isso, um dos únicos axiomas aceitos por unanimidade é que o futuro é imprevisível, acompanhamos recentemente que ( e com recentemente digo , nos últimos séculos ) visões, muitas vezes diametralmente opostas, sobre o futuro foram aceitas, na verdade, ambas as possibilidades estão sempre abertas ao intelecto, variando tão somente em termos de influência sobre a maioria, ou sobre determinada classe. Em termos de desenvolvimento de ideias, nos preocupa principalmente o conjunto de ideias predominantes na classe intelectual , e , chamo a atenção , nesse momento, para duas, uma tendência representada por Alexis de Tocqueville , em “A democracia das Américas” , onde defende o avanço inexorável da liberdade democrática e a mais recente tendência pessimista de ver como inevitável o surgimento de um totalitarismo , seja um empresarismo anarco-liberal , seja um totalitarismo socialista, denunciado por Karl Popper ( não que ele concordasse com isso, como explicou no livro “A sociedade aberta e seus inimigos” ), há , evidentemente , outras visões mais inocentes que participam do mercado axiológico das ideias , há a inexorabilidade, para os marxistas, do advento do socialismo ( pela corrupção inexorável do capitalismo ) , que não seria , para eles , um totalitarismo, mas a efetivação da democracia social ( o que é , como expomos de forma simples e o faremos de forma completa em outras locais, um erro ) há ainda pessoas que , alienadas da política ( e aqui em sua maioria não participantes da classe acadêmica ) acreditam inocentemente no desenvolvimento da tecnologia, na salvação do gênero humano pela classe científica, o que é ingênuo, assim como aqueles que acreditam em alguma salvação mística da existência, deixando, por isso, de viver e de agir no presente ( não nego aqui a validade da salvação mística, a visão inocente pertence àqueles que , por ela , deixam de agir no presente , segundo a realidade ) , nos concentremos nas duas visões principais, arbitrariamente principais, pois não sabemos , pelo axioma primeiro, realmente a sua evolução, ambas entretanto , são influentes, tanto entre marxistas, tanto entre liberais. Observemos que existem três opções nesse horizonte de consciência , há , entre elas, uma visão dialética e uma visão evolutiva, uma das três opções é que a luta entre a democracia e o totalitarismo é eterna, e obviamente é assim, porém isso não exclui a possibilidade de que exista , de certa forma, uma evolução da consciência quanto a política humana e que, realmente, culminemos em um dos polos , e essa são as duas opções, que um dia iremos ficar permanentemente num regime político democrático , como notava ambiguamente Tocqueville ( ambígua porque ele mesmo era um aristocrata ) , ao menos que era essa uma tendência da sociedade, sendo porém um desejo recente, como nos liberais modernos , que o liberalismo seja o cume da evolução econômica e , consequentemente, política , da humanidade. Do outro lado temos a tendência denunciada por Popper, quando argumentam que a democracia, a fim de combater o totalitarismo, é forçada a copiar-lhe os métodos , tornando-se assim também totalitária, essa visão pessimista, ainda que não em seu sentido finalista, é colaborada pelas teses, como é de esperar logicamente, de autores marxistas como Walter Benjamin e Giorgio Agamben, defendendo que o novo paradigma de governo das sociedades contemporâneas é o estado de exceção e não o estado de direito, esses são inclusive , outra forma de análise do embate dialético entre a democracia e o totalitarismo, que pode ser entendido também como sociedade aberta X sociedade fechada, estado de direito X estado de exceção. Analisemos empiricamente as formas históricas de como essa batalha entre o desejo de dominar o próximo e o desejo de preservar nossa liberdade lutam, ditaduras ou pseudo- democracias brotam no fértil solo da América Latina , extremismos ganham eleições na Europa ( de direita e esquerda, se bem que , essencialmente , a direita não pode ser jamais totalitária, como explicamos em outro tópico ), nos EUA, o democratismo enfraquece ironicamente a democracia, enquanto islamismo cresce em poder,protegido pelo relativismo e o multiculturalismo , novas teorias políticas, quartas, e não duvidemos que quintas e sextas disputam um poder hegemônico, essas forças, somadas com próprias incompreensões a respeito do conceito de liberdade são as forças do totalitarismo , as forças da liberdade se encontra na verdadeira religião, no liberalismo e no conservadorismo , no povo atento, na sabedoria popular , longe da intelectualidade que , na ânsia de conhecer toda a realidade, busca alcançar o poder de todo o corpo político.

Felipe Venturini Arcêncio
Enviado por Felipe Venturini Arcêncio em 20/01/2015
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