ÓDIO OU AMOR?
Ele a odiava.
Foi numa dessas manhãs, que promete um dia monótono, como conhecem bem os que já trabalharam em escritório.
Chegou e disse um bom-dia, seco, indiferente e com hífen.
Ela, com olhar aguçadíssimo, entendendo tudo o que se passara. Não se sabe por ironia ou educação ou ainda os dois, desejou-lhe acaloradamente um bom dia e sem hífen.
Ele um estudioso do vernáculo das letras e intérprete das circunstâncias. Fitou-a e disse irritado:
- O que você tem??
Ela simulando ausência de entendimento da situação, respondeu-lhe: Não entendi?
Ele já possuído de raiva, estranhamente entrou num estado absorto e sereno, olhou-a no íntimo de seus olhos e sem rodeios disse com todas as letras e prosas: quer sair comigo?
Ela, desta vez, fora pega de surpresa e sem saber o que responder, disse no impulso dos sentimentos: - claro que sim! pensei que nunca ia me convidar (rs).
Ele deu um sorriso ao ponto de alterar todo o semblante num gozo infinito e indefinido por não haver palavras, isto é, entre todas as 600 mil que existe na Língua Portuguesa, todo o ódio contido e guardado a muito tempo, estranhamente convergiu e se transformou em um profundo e imensuravelmente amor.