Uma análise da suposta relação entre a extrema-direita e a direita , e o neo-liberalismo
Introdução
Antes de tudo , entendamos o que queremos dizer com o conceito de definição essencial, ora , temos um conceito abstrato , como por exemplo o amor, no mundo empírico , amar significa várias coisas , há diversas formas, trajetórias possíveis no amor, entendemos e , muitas vezes, temos diversas palavras para designar tipos de amores possíveis, sem que deixemos de concordar que aquelas forma são todas, a sua maneira , amor. Da mesma forma entendemos que o ser direita abstratamente possui diversas formas de atualização , trajetórias possíveis no mundo real e prático, até ai não há nenhum problema, o problema se dá , entretanto, quando percebemos que nossa definição de amor, inclui em si mesma um conceito contrário logicamente ao de amor, que falamos , por exemplo, de ódio, nos referindo ao amor, o que é , sem dúvida, um contrassenso , pois em si mesmo e no mesmo sentido uma coisa não pode ser a si mesma e sua coisa inversa, da mesma forma que um sistema de governo não pode ser ao mesmo tempo defensor de um estado mínimo ou um estado totalitário, mantendo suas características essenciais. Dito assim , percebemos que , independente de suas variações históricas, é impossível que aceitemos que sobre o nome da mesma coisa se definam duas coisas completamente diferentes, na verdade , como observamos , os termos extrema direita e neo-liberalismo , são contrários a própria essência do que é dito na definição de liberalismo e conservadorismo, a tese ainda envolve diversos pontos, como que , por exemplo, há semelhanças essenciais entre a extrema-direita e os movimentos de esquerda, até mesmo o neo-liberalismo, entendido na categoria de progressismo , que mesmo que os liberais não entendam ou aceitem muitas vezes, culmina na perversão de seus conceitos originários e definidores. Enfim, não refletimos historicamente em todos os sentidos , não é o interesse principal a forma como a esquerda ou a direita entendem a si mesmas, nos perguntamos o que elas são, independente da opinião de seus participantes, baseado sim em princípios que foram declarados na história e na análise empírica da realidade política, a análise é , nesse sentido , histórica.
Cap. I - O Problema Conceitual da Extrema-Direita.
Nomes falam, mas não devemos olhar neles em busca da verdade, frases dizem algo, mas a verdade se encontra somente e tão somente na realidade mesma, além dos nomes e das palavras. O debate da filiação política do Nazismo com a Extrema-Direita ou com a Extrema-Esquerda é um ponto de luta política acirrada, a Esquerda joga a culpa à Direita, a Direita à Esquerda, porém quem tem razão, o Nazismo era , enfim, uma coisa diferente , ou da direita ou da esquerda? São termos que possuem muitos significados , muitos deles supérfluos , outros essenciais para sua compreensão.
Hitler falava mal de Marx ( Mein Kampf ), outros membros do partido , que aliás se chamava “Nazional-Sozialitisch Deutsche Arbeiter Partei” (Partido Nacionalsocialista Operário Alemão) , falavam coisas que apontam a favor de uma relação positiva com o socialismo, como nos mostra Hayek ( O Caminho da Servidão ). Frases não nos dirão muito. Dirão os esquerdistas que o nazismo expropriou capitalistas judeus para dar recursos aos capitalistas alemães, o nacionalismo ( protecionismo ) , entretanto, não é uma característica da direita.
O termo direita , aliás, representa diversas coisas , para nossa reflexão e para a verdade basta distinguirmos entre liberais e conservadores, esquerdistas definem a extrema direita como antimarxista, paranoicos conspiracionistas, militaristas , policialescos, racistas/xenófobos, machistas/homofóbicos, conservadoristas religiosos, sacralizadores da propriedade privada, e defensores de uma suposta superioridade nórdica/ocidental. A Extrema-Direita , pelos próprios esquerdistas, é entendida também como outras coisas, a seu bel-prazer, também são os neo-liberais ou anarco-capitalistas do estado mínimo, da globalização, em raiz inversa do nacionalismo, porém essa visão também não é conservadora religiosa, os neo-liberais são , inclusive , muitas vezes rechaçados pelos conservadores. Se esses termos não se parecem com o que compreendemos com o liberalismo e nem com o conservadorismo, o que são? O primeiro erro é que eles definem a direita a partir do nazismo e não tentam entender se a direita pode ser entendida ou não como nazista, uma tentação inerente à própria interpretação marxista da realidade , como eles mesmos não podem negar, se o capitalismo é essencialmente mau , ora, um mal extremo só pode ser fruto da exploração do proletário.
Fiquemos mais nesse ponto , estaremos falando de uma Extrema-Direita conservadora? Tampouco , não encontraremos nada de nazismo nos livros de Russell Kirk, e ter uma leitura de que o conservadorismo é somente uma ideologia que disfarça um instinto de dominação é uma leitura extremamente forçada, não veríamos um militarismo, não veríamos valores diferentes de uma mera prudência e valorização de valores tradições, sem o ódio tão ataco pelos esquerdistas. Há uma defesa da propriedade privada, bem distante da xenofobia , da apropriação de bens , etc.
O que define , porém, a direita e a esquerda? Porque Hitler supostamente ajudou os empresários alemães ele é capitalista, não expropriou dos capitalistas judeus? Quando eu um regime liberal fez expropriação? Diremos que o nazismo é um Frankstein , que não é nem um nem outro , nem da esquerda nem da direita?
Ora, a palavra "liberal", vem de liber ("livre", ou "não-escravo") , os princípios liberais não tem , primeiramente, nenhuma relação com o nazismo, individualismo metodológico , propriedade privada , governo limitado, ordem espontânea ,estado de direito , livre mercado. Vejamos , o extremo de algo é , e creio que é difícil discordar , a elevação extrema das características de algo, individualismo metodológico diz também e justamente que coletividades não podem possuir direitos ou deveres a não ser pela coincidência desses com os indivíduos que a compõem, não houve um individualismo exacerbado na Alemanha, mas uma idolatria da raça alemã , que é uma coletividade, contrária a esse princípio, o governo alemão não foi limitado, mas fortalecido, mesmo que tenha sido pelos capitalistas, a pergunta é se eles estavam agindo dentro do espírito real do liberalismo, é isso que estamos investigando, entre outras coisas. Ordem espontânea não foi um princípio que possa ser bem concebido nesses moldes, estado de direito não houve, o governo da Alemanha foi essencialmente um governo de estados de exceção, como nota até mesmo o autor italiano Giorgio Agamben , liberdade de mercado não condiz com o sistema protecionista usado na Alemanha. Ora , podemos dizer que o nazismo era então de esquerda? Veremos que tudo aponta nesse sentido, e que tal se dá por razões essenciais, não por acidentes.
O estado de exceção é característica fundamental de países de esquerda , são excluídos sujeitos do direito , são tomadas medidas de emergência contrárias à ordem constitucional, o liberalismo tem uma relação íntima com a democracia, Hitler surgiu por uma eleição ? Sim, mas ele engoliu a ordem política democrática, o que é essencialmente anti-democrático e, ainda, típico das revoluções da esquerda social-democrata. A propriedade privada não foi respeitada, justamente pelo estado de exceção, o liberalismo garante e sempre garantiu propriedade privada de todos, o que não foi feito na Alemanha. O governo alemão não foi diminuído, como querem os liberais e como deveriam querer os supostos "capitalistas" alemães caso fossem realmente liberais , e não interesseiros ricos querendo se beneficiar de uma jogada política. É impossível pensar no livre mercado na Alemanha nazista , o livre mercado envolve divisões claras entre o poder político , econômico e cultural, e o que houve foi uma concentração, marca registrada justamente de políticas da esquerda.
Ainda que insistam os esquerdistas que o nazismo não era de esquerda, tal se dá ainda por outro fator, ideologicamente ambos são semelhantes, pois são regimes progressistas no sentido kirkeano , ou seja, possuem pressupostos e premissas semelhantes em vários sentidos, acreditando que a "ordem" e a solução da vida humana pode ser obtida mediante uma revolução , sem se importar com a tradição, ainda que essa revolução seja sangrenta como sempre foi, é e será.
Cap. II – Uma Análise Histórica
Existem diversos problemas em uma análise histórica, se for a partir tão somente da análise do discurso ideológico , tanto do fascismo , tanto do nazismo que estão profundamente relacionados, eles se apontavam como uma outra opção política , nem capitalista nem socialista, porém isso não condiz, necessariamente , com a verdade, como afirmamos, e pretendemos continuar provando. Citemos diversos fatos para tanto e depois tentemos apreender a sua ordem , Mussolini disse que o fascismo era "contra o atraso da direita e a destrutividade da esquerda", os estudiosos consideram esses dois movimentos totalitários como da direita por vários razões, destacaremos duas, Roderick Stackleberg diz que o o fascismo/nazismo é da direita porque "quanto mais a pessoa considerar a igualdade absoluta entre todos os povos para ser uma condição desejável, mais à esquerda vai estar no espectro ideológico. Quanto mais uma pessoa considera a desigualdade como inevitável ou mesmo desejável, o mais para a direita será ". Essa definição é extremamente tola, por ser absurdamente abstrata , uma pessoa da direita não considera a desigualdade ECONÔMICA desejável enquanto tal , mas por estar baseada em desigualdades reais , na direita existe a igualdade POLÍTICA, o que , nos países de esquerda é em vários sentidos violados, nesse sentido os conceitos de desejar a igualdade absoluta também pode e inclusive empiricamente é muito mais uma característica de direita, sabendo colocar os pingos nos ís.
Por outro lado é considerado de extrema direita por causa de seu conservadorismo social e meios autoritários de oposição ao igualitarismo, meios autoritários de oposição ao igualitarismo é um conceito empiricamente absurdo, pegando um exemplo prático no Brasil, se houve uma reação militar tal se deveu muito mais às crimes cometidos pela esquerda revolucionária do que uma tendência inerente ao liberalismo de se opor de uma forma totalitária contra o esquerdismo, tanto é assim que a esquerda é livre para participar do jogo democrático, como faz no Brasil hoje e abusa desse fazer, a ditadura não pode entendida como um governo da direita, pois não envolve várias liberdades, como já vimos anteriormente, conservadorismo social é um absurdo, o que o liberalismo defende é que a riqueza seja dada àquele que contribuir para um mercado livre, não existe conservação, mas adaptação da riqueza segundo o mercado, o que nada mais é que a adaptação da distribuição da riqueza segundo o atendimento de necessidades tecnológicas e da população. A confusão marxista se dá porque acreditam que não há igualdade política no liberalismo, e por isso confundem a prática nazi- fascista de promover o direito das pessoas alegadamente superiores com a prática da justiça liberal, sendo a política liberal , na verdade, outra coisa completamente diferente do que a simples proteção do direitos dos capitalistas.
Mussolini disse que "O fascismo devia ser chamado corporativismo, porque é uma fusão do Estado e do poder corporativo." Essa fusão , também ocorrida na Alemanha , jamais pode ser chamada de liberal , nem em sentido econômico nem em sentido político. Os próprios fascistas descreveram o fascismo como de extrema-direita, sim, porém disso não implica que eles estavam certo em sua visão política, além de que , também o próprio Mussolini mais tarde, declarou:
“Fascismo, sentado à direita, também poderia ter sentado na montanha do centro... Estas palavras, de qualquer caso, não tem um significado fixo e imutável: eles têm um assunto variável em localização, tempo e espírito. Nós não damos a mínima para essas terminologias vazias e desprezamos aqueles que são aterrorizados por essas palavras.”
Ambos , o fascismo e o nazismo, estavam contra um poder dito transnacional, seu nacionalismo e protecionismo não tem paralelo com nenhum país liberal, o nazismo seria um socialismo com iniciativa privada fora de um livre mercado interno, marcada por uma xenofobia contrária ao liberalismo, que é tolerante e democrático , e por um ultranacionalismo e protecionismo , que só encontra paralelo na exaltação do coletivo feita por países comunistas. A dificuldade de entender esse conceito para um esquerdista é clara e depende de uma compreensão além das definições comuns que falseiam a realidade política real por detrás da ideologia da esquerda, socialismo com propriedade privada parece ser um contrassenso , porém, um esquerdista não deixaria de chamar a China , por exemplo, de esquerdista, apesar de ser , em vários sentidos, portadora ( inclusive por necessidade clara de leis econômicas ) de propriedade privada, da mesma forma existe uma diferenciação indestrutível no regime socialista, que marca mesmo a contradição da abolição da propriedade privada em si, pois ainda existe, invariavelmente, uma forma diferente de lidar com a propriedade, por mais que digam que o estado é do proletário , não conseguem negar e estão a vontade para tentar provar com todos os sofismas que possuírem, que não existe diferença real e empírica no direito a propriedade entre um cidadão comum de um país socialista e um membro do partido, e até mesmo, sem ferir a lógica, uma diferença entre o próprio partido, em termos de relação entre a propriedade privada e a hierarquia burocrática do partido.
Eles pensavam estar unindo aspectos do socialismo e do liberalismo, mas na prática se mantinham essencialmente da esquerda, isso tem subsídios também históricos ? Sim, mas entendam primeiramente que a argumentação esta seguindo fatos de análise do que fizeram, e tem validade independente do que eles disseram. Bertrand Russell, defendia que eles viam de uma tradição diversa da direita ou da esquerda , isso não se justifica, como vemos, ausência de vínculo histórico não significa ausência de um vínculo essencial , líderes de alto escalão do partido nazista defendiam a necessidade de uma "segunda revolução socialista", que "seria melhor para nós ir para baixo com o bolchevismo do que viver na escravidão eterna do capitalismo" O antissemitismo se relacionava com o anticapitalismo, seu ódio anticapitalista surgia por acreditarem que o capitalismo não era essencialmente compatível com o valores elevados dos alemães, valores esses de uma natureza superior e militar, valores elevados que os próprios esquerdistas pensam serem portadores.
O nazismo pode ser entendido como uma briga interna entre esquerdistas progressistas, semelhante a cisão de Stalin e Trotsky, Hitler dizia ser contrário ao "bolchevismo judeu" , e interpretava erroneamente o marxismo ao dizer que seus três erros do "judeu marxista" foram a democracia, o pacifismo e internacionalismo , o que não é característica de nenhum socialismo praticado , e nem possível. E aqui podem também a vontade tentar provar a possibilidade de uma regime plenamente democrático em um regime socialista, ou seja, que não seja uma demagogia infinitamente pior do que qualquer influencia econômica na política pode fazer em um país liberal, já que a população não tem liberdade para inspecionar o governo, como nos mostra a história. Hitler defendia que “socialista” não tem nada a ver com o socialismo marxista, Marxismo é anti-propriedade; enquanto o verdadeiro socialismo não é!" defendia assim a propriedade dos alemães , da mesma forma que os socialistas defendem a propriedade dos membros do partido, a custa dos direitos das pessoas de opinião discordante.
Friedrich Hayek , George Reisman , Leonard Peikoff e Jonah Goldberg reconheceram corretamente o caráter socialista do nazi-fascismo , notando tanto sua diferença dos ideais liberais e a retórica nazista , a estatização da sociedade , totalmente contrária à essência liberal. Com Mises dizendo que : "O governo diz a estes supostos empreendedores o que e como produzir, a quais preços e de quem comprar, a quais preços e a quem vender... A autoridade, não os consumidores, direciona a produção, todos os cidadãos não são nada mais que funcionários públicos. Isto é socialismo com a aparência externa de capitalismo".
Hitler e Joseph Goebbels afirmaram em discursos que o nacional-socialismo era uma vertente do socialismo, entendido como uma “exaltação social” , nunca vista no liberalismo, bem distante do patriotismo americano , apesar que essa tentará ser , sem dúvida, a defesa que usada pelos esquerdistas, atacarão um imperalismo norte-americano demonizado, tentando provar, não contra o que esta sendo argumentado e mostrado , mas que os EUA são, pasmem , nazi-fascistas, como muitos esquerdistas , inclusive , já acreditam, pelos erros de pressupostos que também já mostrei.
Por fim, Hitler manifestava profundo ódio contra o que ele chamava de "parasitas cosmopolitas , não acreditava , assim como os marxistas, na economia do mercado, na tão difamada busco pelo lucro, defendendo uma economia com interesses sociais, outro pressuposto essencialmente marxista.
O nazi-fascismo era confuso teoricamente , porém não é difícil, analisando sua prática , entender porque pertence nem à extrema-esquerda, mas a esquerda mesma, pela semelhança com tal besta que , ainda assim, matou menos que o stalinismo.
Cap- III , Outras Considerações
O grande erro é considerar a defesa extrema da ordem vigente como uma extrema direita, quando na verdade a direita perde a sua essência quando é tomado pelo extremismo de qualquer forma, uma ordem extrema não é a ordem vigente mesma, não podendo ser pensada pelo viés nacionalista, nem extremamente conservador, que é contrário, inclusive , ao princípio de prudência, tão caro aos conservadores. Existem erros na definição dada tanto aos conservadores, aos liberais e aos esquerdistas , que tem , por parte deles , uma definição que maquia a essência mesma de seu projeto. Podemos pensar no eixo liberdade/igualdade ( direita esquerda ) mas essa definição ainda é por demais abstrata , pois a esquerda não é só contrária a liberdade econômica, mas política, enquanto a direita é a favor dessa, e a esquerda não causa uma igualdade de riqueza mas de pobreza, conforme a distinção entre pobreza relativa e pobreza absoluta, feita por Tocqueville, o quadro se classificaria empiricamente dessa forma:
Direita X Esquerda
Liberdade Política X Ausência de Liberdade Política
Liberdade Econômica X Ausência de Liberdade Econômica
Desigualdade Econômica, pobreza relativa X Igualdade Econômica , pobreza absoluta
Descentralização do Poder X Centralização do Poder
É o mesmo problema do neoliberalismo para o liberalismo ( o da definição da extrema-direita ) , como explica José Monir Nasser, mas abordaremos esse tema mais tarde, ainda essa tabela acima , dirão alguns , será abstrata e falaciosa, há defensores de uma visão que desvincula a moral de política não dizendo ser ruim, virtuoso , justo, digno , etc atributos genéricos mas aplicáveis somente às pessoas concretas, que não é a esquerda ou a direita que é boa , mas pessoas concretas, desse modo , nem toda a esquerda seria ruim, dependendo das pessoas que participam dela, segundo esse raciocínio todos os governos seriam iguais, não , somente a pessoa em si mesma é boa, virtuosa no sentido moral humano , mas um governo intrinsecamente pode ser melhor organizado do que outro, ter a virtude em si do governo , pois a política tem em si leis derivadas da própria natureza humana, uma das mais básicas , e que basta para que compreendamos esse tópico é que o poder não pode ser concentrado, tópico recorrente tanto do comunismo, nazismo e fascismo , e até mesmo de um anarco-capitalismo, que concentraria o poder e seria errado por essa mesma lei. Além dessa lei , que zela que os poderes econômicos , políticos e culturais sejam equilibrados, há leis econômicas, que o próprio comunismo insiste em não enxergar, colhendo como fruto invariável a pobreza absoluta, a ditadura absoluta do poder, ou quando tenta ser uma “social” “democracia” um sistema político pautado na demagogia e na ilusão.
Há uma ascensão política democrática de partidos chamados de extrema “direita” na Europa, isso amplia muito mais a importância do debate atual , na verdade o que observamos é que as ideias liberais foram completamente banidas da cena política europeia durante a segunda metade do século XX, perdendo espaço para uma social-democracia que não tem nada de liberal, da mesma forma surgem valores nacionalistas que não se relacionam essencialmente com o liberalismo, que tem aplicabilidade somente econômica e que pressupõe, para isso, a democracia e a liberdade. Há , portanto, uma imensa tentativa de imputar a culpa de todas as desgraças políticas do mundo nos últimos séculos à direita, a custa de conceitos e da verdade, visto assim, se percebe cada vez mais que o critério intelectual adotado normalmente é que tudo que é ruim pertence à direita, praticando tão somente uma guerra política.
The Concise Oxford Dictionary of Politics defende e vejamos bem que nosso intento não é fazer com que as definições nossas “batam” com as de qualquer definição histórica já dada, mas que sejam verdadeiras, segundo o que realmente acontece, segundo as semelhanças reais entre os sistemas políticos, que :
“a direita política se opõe ao socialismo e à social-democracia. Os partidos de direita incluem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas, e os da extrema direita incluem racistas e fascistas.”
Essa ideia é absurda. Nacionalistas muitas vezes não são nem liberais, nem conservadores , nem democratas-cristãos ( e se são , por definição, seus princípios , para que seja da direita, não pode ser contrários aos conservadores , liberais , etc ) , o que é visto nos países nos regimes nazi-fascista não tem meios de encontrar semelhanças aqui, como algo pertencente à uma definição pode ser contrário a todas as outras definições? No sentido de que o nacionalismo é uma “exaltação do social” anti-liberal? Eatwell e O'Sullivan dividem a Direita em 'reacionária', 'moderada', 'radical', 'extrema', e 'nova' , mas cometem os mesmos erros de definição, atribuindo à direita características que são contra seus princípios, seus axiomas básicos , que tornam as classificações neo-liberalismo e extrema-direita problemáticas. Não existiriam tendências da direita que sejam radicais ou extremas, conforme propõe esses dois autores, pois a direita não pode ter um estado forte e as outras características que inúmeras vezes apontamos.
René Rémond propõe uma classificação entre direitas legitimistas, orleanistas e bonapartistas, suas definições porém segue os mesmos erros , Jaime Nogueira Pinto , dividindo entre "direita conservadora" e "direita revolucionária" não vai em direção muito diferente. Dirão , ora , isso é uma falácia, os esquerditas podem também dizer que a esquerda também não é , segundo seus princípios e axiomas , questionável, pois nada que tenha sido aplicado seguiu completamente as premissas “perfeitas” de Karl Marx, que é um argumento comum dos esquerdistas para defender todas as atrocidades cometidas na história, que a ditadura deveria ser do proletariado , etc, sim, a distinção porém não esta no tipo de argumento , mas na observância dos fatos, é impossível a aplicação ideal das ideias de Marx ou de qualquer progressismo, justamente porque são pressupostos errados, ao contrário, os pressupostos da direita são aplicáveis , ainda que não exista política perfeita. Não estou dizendo que aquilo não era direita para escapar da culpa das atrocidades, assim como a esquerda faz com o stalinismo , mostro que , essencialmente, não pode ter nenhuma relação entre essa atrocidade com os princípios essenciais da direita, que são violados tanto pelo comunismo, tanto pelo nazi-fascismo. Não defendemos aqui que a direita e a esquerda ideal não foram aplicadas na história, estamos dizendo que a direita é aplicável e causa aquilo que ela propõe, enquanto o progressismo não consegue atingir o seu objetivo. Não parto do pressuposto que a esquerda esta sempre errada no sentido de que João é mau por ser esquerdista, mas a esquerda e o progressismo é uma má política no sentido em que viola leis políticas , econômicas e , além disso, morais, inerentes a realidade, ou seja, empiricamente só enxergamos violações , enquanto que , nos princípios liberais, as violações se mostram muito menos nocivas, já que podem, além de possuírem menos tentação pelo poder ( que é dividido ) serem remediadas por medidas democráticas, coisa impossível em regimes de poder concentrado.
Visto assim , percebemos todas as contradições do problema, autores ao tentarem entender conceitos como centro-direita e extrema-direita denominam realidades completamente opostas e não extremas, que poderiam muito mais ser entendida como esquerda, sem ferir , com isso , o que realmente querem dizer os termos. A ideia de concentração de poder, sem ser na monarquia , que, inclusive, os liberais e conservadores não necessariamente defendem, foi completamente fruto das ideias revolucionárias esquerdistas de revolucionar a ordem da sociedade.
Como disse o conservador norte-americano Thomas Sowell:
"Aquilo a que se chama Direita são simplesmente os vários e distintos oponentes da Esquerda. Esses oponentes da Esquerda podem não partilhar nenhum principio especifico, muito menos um programa comum, e podem ir desde libertários defensores do mercado livre até defensores da monarquia, da teocracia, da ditadura militar ou outros inumeráveis princípios, sistemas ou agendas” .
Dizem que :
"... um líder carismático, usando a tática do populismo dos políticos para ir além dos políticos e da elite intelectual e apelar para os sentimentos reacionários da população, muitas vezes usando de sua pretensão de falar para as pessoas através de referendos."
Não, a população reacionária, no caso, é entendida como reacionária somente por ser anti-comunista ? Não , um reacionário não aceitaria jamais um governo nazi-fascista , pois isso é contra a própria definição da política da prudência, e contra ,como já mostramos, ao liberalismo, se uma pessoa apoia um líder carismático que defende algo semelhante ao que eles chamam de extrema-direita, é justamente pelo fato de não serem de direita, mas da esquerda, no sentido que tem uma pretensão revolucionária, anti-conservadora e , necessariamente, anti-liberal, anti- o estado de direito, as vezes , inclusive, por uma situação política crítica criada pela esquerda.
Erik von Kuehnelt-Leddihn , Anthony James Gregor e aqueles que estejam acompanhando o raciocínio, devem forçosamente concordar. Alguns chegam ao absurdo de dizerem que ditaduras da América Latina são de direita! É possível, ora, se pervertemos completamente o significado dos conceitos, longe de seus espíritos originários.