Parafraseando Victor Hugo

Certa feita assistindo a um filme, a personagem falou uma frase que dizia ser de Victor Hugo: “Na vida, existem duas ou três histórias que se repetem, o que muda são as personagens, o tempo, o lugar!”

Muitos já me viram repetí-la como papagaio. Contudo, pensaram-me numa versão diferente e para isso senti um imenso impulso de parar com todas as responsabilidades exteriores para conversar:

“Na vida existem alguns sentimentos e emoções que se repetem na medida do nosso apego aos fatos, às contingências decorridos das escolhas bem ou mal feitas”. Pois bem, não importa se fomos apunhalados por uma espada ou um alfinete, mas sim a importância que demos ao fato que nos ocorreu.

Domingo tive uma experiência-desafio que somente agora manifestou-se e se encaixa como uma luva: Em visita ao asilo das vovós e vovôs, a primeira senhora que fui encontrar não é tão velha assim, é bem lúcida, mas muito amarga. Ela contou-me sobre o Natal, os irmãos. E eu muito abelhuda, perguntei se ela não tinha filhos ao que prontamente me respondeu: sou solteira. Na hora bateu um conforto para mim, ao mesmo tempo que uma compaixão por ela.

Dei o passe e fui ao encontro daquela que amo abraçar, porque toda vez que a abraço, sinto que estou abraçando minha avó. Não tem um dia que não saio emocionada desse abraço... Ela é um doce e todos que descem para visita vão até ela, fazem fila para falar com ela e eu nem seu o nome dela... é minha avó e pronto!

Bom, chegando lá, vi uma senhora bem arrumada passando um perfume nela. Ela estava radiante e mais cheirosa ainda. Daí ela me falou: Essa é minha filha! Com os olhinhos brilhando de amor!

Eu olhei para filha intimamente desconsertada e disse: Essa é minha avó todinha! Todo domingo que desço venho dar um abraço nela e mato as saudades dela e da minha avó. E ela disse: pode ficar á vontade, pode abusar dessa doçura!

Já perceberam onde quero chegar, né? O conforto que senti por ter filhos caiu por terra; a compaixão que senti por aquela estar em um asilo também.

Os fatos que levaram essas avozinhas a estarem em um asilo foram totalmente diferentes e irrelevantes, foram necessários para as experiências-aprendizagens de cada uma. Entretanto, agora olhar para as duas é tão libertador!

Não são as histórias que se repetem, são as emoções que elencamos, são os apegos que insistimos em querer cristalizar como propriedades privadas, intransferíveis, é nosso egoísmo falando mais alto.

Nada nos dá garantias nessa vida! Nada levamos dessa vida, só o que sentimos, conhecemos, experienciamos e para isso precisamos de olhos de ver e ouvidos de ouvir!

Obrigada pelos olhos de ver que estão lendo minha prosa! Obrigada por estar comigo nesse momento! Isso não tem preço!

Não sei se você vai passar acompanhado, sozinho, com amigos, com parentes, com estranhos, com amigos/parentes estranhos. Não importa! Aproveite cada momento para agradecer a oportunidade de compartilhar de sua presença ou da dos outros. Aproveite a oportunidade para doar um cadinho de amor para você ou pro outro.

Aproveite para se perdoar ou ao outro porque “perdoar não é dizer ‘o que você fez de errado comigo não tem importância’, é dizer ‘ eu não vou permitir que o que você fez comigo (*por ignorância) seja a ruína eterna de minha felicidade’!

Boa festa aproveite de tudo, não tudo. Só não se esqueça que o caminho do meio é o que nos leva em frente e saudáveis rumo à felicidade plena! **

Um beijo em sua alma,

Darlene

*O mal é o nome que damos à ignorância moral.

** Coisa de mãe Darlene! kkk

Darlene Polimene Caires
Enviado por Darlene Polimene Caires em 31/12/2014
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