O BANCO NAQUELA PRAÇA (IV)

CAPÍTULO IV - UM SÁBADO ECMUMÊNICO E DIVERTIDO

O sábado amanheceu alegre parecia até domingo, e como de rotina aos fins de semana apareceu na praça à professora que vende cuscuz para completar o salário. Também chegou aos primeiros raios de sol o “Palhaço Brasiliano”, voluntário da alegria que sente prazer vestir roupa coloridas remendadas no bumbum, sobrancelhas amarelas e nariz verde, e com isto fazer a alegria da meninada que a cada sábado feliz aparecia lá na praça. Mariquita fazia o cerimonial anunciando: “Senhores e senhores, já tendo se apresentado nos maiores circos Mundo hoje se apresenta nesta praça o Palhaço Brasilino, que só traz alegria, e não palhaçada sem graça do prefeito, que quer acabar com este nosso recanto de alegria!”.

Seu Brasiliano, também seu nome verdadeiro, aposentado com bom salário ainda levava de quebra alguns brinquedos e pirulitões que sorteava entre a meninada. A praça então era o circo, o maior dos circos que pode se imaginar, onde o espetáculo é grátis e cada um vive a sua própria comédia! Brasiliano era filho de italiano nascido ao som hino nacional brasileiro, em um Sete de Setembro em uma maternidade que existia bem em frente daquela praça. Mas como ele sempre lembra, até hoje não encontrou a Independência!

- Onde já se viu palhaço de nariz verde? Deve ser do Paraguai!” Brincou com Brasiliano a professora vendedora de cuscuz...

Para o riso da platéia o Palhaço Brasiliano deu o troco

- A professora faz cuscuz?

Diante de uma inocente resposta afirmativa, Brasiliano imitando a voz de um dos maiores dos palhaços brasileiros, o “Carequinha”, respondeu:

- Eu só sei fazer com as mãos!

Riso geral que só foi quebrado pela chegada de imponentes senhores de paletó e gravata, para um susto temporário:

“Serão oficiais de Justiça? Ou ainda pessoal da Policia Federal que está a procura de algum dono de empresa especializada em limpar cofres públicos.?” Imaginavam alguns.

“São vendedores de máquinas de costura Singer”, sentenciavam outros que sabia da regra da tal empresa; sempre de paletó é gravata.

Por fim ficou esclarecido:

“Olhem as Bíblias suadas em baixo dos sovacos. São pastores!”

E a manhã foi de culto evangélico que reuniu as principais denominações mostrando assim a importância da praça, para desespero do prefeito que ouviu diretamente de sua piscina, pela “FM Pirata” que neste dia transmitia ao vivo o encontro “Com Cristo pela Praça”.

Até Mariquita anarquista apareceu de roupa composta e um terço na mão. Mas foi alertada:

- “Mariquita guarda o terço para a noite, vai ter missa também! Os crentes não crêem no terço, só décimo!”, Explicou um teólogo de botequim, que naquela manhã abdicou de sua loirinha fria, para junto com os demais orar pelo destino da praça, e sentado confortavelmente naquele banco.

O “Palhaço Brasiliano” ficou sério, entrelaçou as mãos e pediu com a fé de todo palhaço brasileiro, que os políticos mudassem suas condutas!

E o culto começou:

- “Irmãos, irmãs e pecadores, digam aleluia porque Deus criou os pardais com cocô suficiente para sujar por fora a cabeça do senhor prefeito, que já é suja por dentro. Na manhã de hoje oremos pela continuidade e conversão deste logradouro público, que logre então a sua salvação”.

Todos disseram amém, enquanto o pastor, imitando um gesto universal, diz ao fiéis e ao irmão ao lado:

- “Agora é hora da oferta, cada um de o máximo que seu coração mandar. Desde que seja acima de cinqüenta reais!!!”

O irmão auxiliar deu um puxão no paletó do pastor arrancando uma das mangas, e lembrou:

- “Pastor na praça a gente não pede. Só lá no templo!”

O pastor se embaralhou, mas logo recompõe a fala:

- “Irmãos! Aplique na poupança a oferta que hoje pretendiam dar, e futuramente a leve lá no templo acrescida de juros e correção monetária”.

E seguiram outros pastores, todo com mensagens e propósitos semelhantes.

O “Palhaço Brasiliano” chorava de emoção aos ver seu circo ao ar livre ser tão bem usado por outros espetáculos.

O meio dia foi tranqüilo, rotineiro, Mariquita não foi ao seu barraco na favela ali próxima, que mais tempo permanecia fechado e apenas usado para que ela trocasse de roupa e dormisse em dias de chuva. Almoçou ali na praça uma “quentinha” que o jornalista a levou, com sobremesa de doce de buriti e água de coco. Um prêmio pelas informações prestadas ao jornal Vanguarda.

Á noite houve missa no coreto do jardim, e os padres progressistas, adeptos da teologia da libertação, lembravam a possibilidade de prisão do prefeito por má gestão pública:

“Má gestação”. Gritou Mariquita que havia entendido mal quando lhe disseram que o prefeito havia empenhado a prefeitura, e ela entendeu “emprenhado!”

A noite caiu silenciosa, não houve festas e shows naquele fim de semana.

O assaltante tirou folga e a polícia não precisou avisar de sua chegada.

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