NO EQUIVOCADO MUNDO DO "VALE QUANTO TEM!"

Nessas épocas "pré-festivas", nas quais as culturas capitalistas movimentam os sonhos de consumo, momento mundial de tanta violência de cenário humanístico caótico, também no qual as promessas natalinas de fraternidade teológica se disseminam ao entorno das emoções paradoxais do Homem ao seu meio, não há como deixar escapar algumas sensações que nos instigam a perplexidade diante do todo.

E são elas que quero pautar aqui neste meu texto.

Aqui no Brasil, falo do meu entorno em especial, vivemos momentos preocupantes do todo posto que também a economia desacelera a níveis de estagnação.

Num país de economia capitalista em que o consumo é o carro chefe da sobevivência econômica, tanto na macro como na micro dimensão das transações que sustentam a vida financeira e política, um dia de surto capitalista/consumista como a "BLACK FRIDAY' chega a causar arrepios sobre o futuro do planeta, e consequentemente da Humanidade que o habita.

Realmente o consumismo capitalista chegou a níveis preocupantemente insuportáveis.

Tivemos, aqui deste lado ao menos, no virtual planeta capitalista do "dinheiro sem dinheiro", um movimento "CRAZY BLACK FRIDAY"!

Pessoas num tumulto inacreditável em compulsão para comprar o que na sua grande maioria não faz a mínima diferença nas suas vidas, a não ser pela necessidade de ostentação crescente do "ter" cada vez mais o novo que não se precisa para se ser notado e valorizado por minutos num mundo que nunca os visualiza.

Coisa maluca...

O assunto daria um compêndio para os especilaistas em comportamento humano.

Fato é que vivemos um impasse sócio-economico-ambiental sem tamanho: pessoas nem sempre precisam comprar tudo o que compram mas, doutro lado, uma massa crescente de pessoas precisa vender...porque sem vendas não há sobrevivência da economia e do trabalho, com consequente prejuízos para a qualidade de vida capitalista.

A natureza, mãe de todos os bens de valores imensuráveis, cada vez mais sobrevive na insustentabilidade do ser para manter a ganância do ingrato filho Homem.

Absolutamente tudo que pontua a matéria prima para a indústria do que alimenta o consumismo sai dramaticamnte dela, e por aqui, vemos nitidamente os sinais do seu cansaço.

Também fato é que a água resolveu secar...por aqui e no mundo e o planeta se aquece sob a ganância do "vale quanto tem".

E obviamente que tal movimento de "aquece e seca" não ocorre da noite para o dia num planeta no qual três quartos da sua extensão, ao menos "eram" compostos por dois átomos de hidrogênio acoplados a um de oxigênio para que a vida fosse viável por aqui...

Os recursos voltam manufaturados em lixo advindo também do descarte acelerado e desordenado do que se consome na onda consumista, lixo advindo do que não se precisa mais ou do que na realidade nunca se precisou, a se acumular a olhos vistos por todos os lados das fontes de vida sustentável.

O capitalismo e seu consequente consumismo psicótico e ganancioso, que promete e inverte o status social do "ser pelo ter", aliados à desagregação gestora competente dos meios compatíveis à vida civil organizada, à corrupção abominável dos frutos do trabalho, ao roubo da consciência social implementado pela desagregação do pensamento resultante da perene falta da educação, promovem a violência urbana, a miséria epidêmica consequente do todo abandonado e descapitalizado no primordial à dignidade do ser, promovendo a insustentabiliade da vida com paz e justiça sociais, a institucionalizar o caos e a falência do meio ambiente.

Num mundo globalizado virtualmente num simples "touch" duma tela de computador, com tantas diferenças culturais, econômicas e socias coexistindo "on line" com assustadora má distribuição da renda percapita entre os cidadãos do mundo planetário, entendo que a nossa tendência estatística avança para a globalização da violência e da falência da vida permeada pela insustentabilidade das razões.

Tempo para reflexões profundas no sentido de se quebrar paradigmas do como se voltar a "ser" sem compulsivamente "ter".

Hamelet soltou o seu pensamento ao mundo, o que reverbera até hoje:" ser ou não ser , eis a questão".

O mundo material hoje é outro, embora na essência humana continue o mesmo.

Acredito que nosso maior desafio para a felicidade sustentável das futuras gerações de qualquer sistema econômico será desconectar o "ser" do "ter".

Um ter com consciência de valores reais do todo e de todos, talvez uma finalidade existencial que permeie inclusive a filosofia política dos grandes líderes do Planeta, também para aqueles que se valem dum discurso socialista para se lambuzarem nas guloseimas parasitas do capitalismo que sobrevive do suor das pessoas:

" A Cézar o que é de Cézar...mas ao povo o mínimo que é do povo".

Convido a nos voltarmos para o micro universo de cada um de nós a enxergarmos que não existimos sozinhos.

Para os cristãos, o Natal que se aproxima de nós, aqui equivocadamente turbinado pela " Black friday" é um bom exercício à reflexão da essência da verdadeira vida, a do "ser".

Atualmente, como pífios seres predadores da Terra e do próximo, valemos muito pouco, quase nada, ainda que acreditemos ter o muito do tudo descartável que vira pó neste cada vez mais ilusório tempo sobre a Terra.

Pobre de nós...