Do Erudito ao Marisqueiro uma só Voz: Preserve Torres!
As vésperas do Equinócio de Primavera, no domingo dia 21 de setembro pela manhã, ocorreu na Praia da Guarita uma ação ambientalista e cultural promovida pelo Projeto Praia Limpa, uma iniciativa do amigo Alexis Sanson em parceria com os voluntários do Greenpeace de Porto Alegre em alusão ao Clean Up Day ou Dia Mundial de Limpeza das Praias e Rios. Uma ação global que iniciou na Austrália e E.U. A na década de 80 e chegou ao Brasil na década de 90.
O Parque José Lutzenberger, o Parque da Guarita, foi palco privilegiado para a atividade que contou com cerca 150 voluntários e desenhos na areia do ambientalista Paulo França. Tiveram a participação dos Bombeiros Mirins e duas palestras temáticas, uma delas tratou sobre a fauna e flora do parque a importância da sua preservação e o impacto do lixo nos oceanos e praias proferida pelo biólogo Jonas Brocca, e a outra ministrada por mim, em que abordei sobre o legado de José Lutzenberger, a história do Parque da Guarita e seus sítios arqueológicos e lugares de memórias vinculados à cultura pesqueira. Por fim, destaquei a importância dos processos educativos centrados no Patrimônio Cultural para seu reconhecimento e preservação. Teve um abraço simbólico em forma de coração e logo os voluntários dispersaram-se para realizar a limpeza da praia. Para finalizar a manhã, Jaime e Fabrício da banda local Aruêra fizeram um som acústico para o deleite dos participantes.
Após o evento, fiquei refletindo sobre o legado do Ambientalista José Lutzenberger (17/12/1926 - 14/05/2002) e sua militância em defesa do meio ambiente, fomentando organizações como a AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) e a Fundação Gaia, a última presidida por sua filha Lara. Lutz era um erudito reconhecido internacionalmente pela sua impetuosa postura de preservação a natureza.
Durante muitos anos, nas areias da praia da Guarita, Paulo França desenha mensagens que sensibilizam as pessoas para as questões ambientais. Paulo é filho da terra, um poeta da cultura popular, um marisqueiro torrense que mantém viva e acesa a chama de Lutzenberger. A frase mais famosa de Paulo França é “Preserve Torres”. Suas mensagens na areia estão contextualizadas com a realidade local, alertando para os impactos do acúmulo de lixo na praia ou na discussão da revisão do Plano Diretor demonstrando os malefícios da verticalização da orla com o escrito #Diga Não as Torres de Concreto! Lutz e França nos ensinam pelo exemplo. A vida é feita de exemplos que se perpetuam no tempo. Do erudito ao marisqueiro os ventos ecoam as boas atitudes de amor ao planeta e aos seres humanos.
Publicado no Jornal Litoral Norte RS