Arrependimento (1)
Eu não tenho como voltar ao passado, mas posso escrever meu futuro com aquilo que aprendi através dos erros cometidos, acho que por isso Deus me quebrou todinho, por completo, para plantar dentro de mim um grande professor: o arrependimento!
Este sentimento deixa um oco horrível dentro da pessoa! Um vazio onde ecoam as lembranças daquilo que você fez (ou deixou de fazer) e que te levaram para esta sala de aula.
Esse “espaço sem nada” onde o arrependimento habita é impagável; não tem dinheiro no mundo que “pague” o fechamento dessa lacuna, pois ali ecoam vários pedidos de perdão e neste ecoar sempre a mente vai relembrar tudo de bom que foi jogado no lixo e é nessa hora que o professor arrependimento aparece implacável te levando ao sofrer, ao aprender (...) e este mestre não aceita nenhum tipo de paga que não sejam o refletir, o reavaliar, o repensar e, lá no final, depois de aprendida todas as lições, o autoperdoar.
Nesta sala de aula, a incapacidade de voltar o tempo e a certeza de que nada acontece por um acaso são corolários que se chocam e ensinam que nada vale mais do que o amor, a família e os altos valores que deveriam permear todas as relações humanas.
Por outro lado, também se acaba aprendendo que o egoísmo latente dentro do nosso eu e o orgulho que reluz em nosso ego caracterizam a falência interna daquilo que é mais soberano: o amor!
Daí, quando o que é superficial afunda, o arrependimento aparece e nos ensina o quão rico e poderoso é o amar.
Infelizmente, porém, vivemos em uma sociedade que se torna diariamente mais egoísta. As relações cada vez mais são baseadas na insegurança e na desconfiança! Isso se dá por que o resultado do egoísmo invariavelmente é sofrimento (seu e/ou do outro) que por sua vez gera a insegurança que por sua vez impossibilita a vivência do amar, pois para vivermos completamente o amor temos que nos desprender e para nos desprendermos temos que nos doar e ao nos doarmos sofremos o risco de sofrer por causa do egoísmo do outro.
A sociedade hoje carece de amor: amor próprio, amor pelo próximo, amor pelo planeta, amor pela natureza, amor pelos animais, amor por tudo!
Neste cenário proliferam patologias, como o ciúme, por exemplo, que advém da insegurança que por sua vez nasce do acumulo de sofrimentos passados que fazem um projetar no outro aquilo que um dia levou-a (o) a situações de sofrimento. Por causa do ciúme uma necessidade de controle aparece e isto causa conflitos, pois todos nascemos para sermos livres. Por causa do ciúme, ainda, um vê no outro a projeção daquele (a) que um dia a (o) fez sofrer e a situação piora ainda mais se, por ventura, apesar de serem pessoas diferentes, o polo de projeção atual guardar a mesma profissão ou alguma característica igual ao do foco causador do sofrer passado.
Enfim, infelizmente também temos por cultura que o sofrer é ruim e por isso, via de regra, este será sempre considerado causado pelo outro. É muito difícil aquele (a) que só olha para si e busca dentro de si as causas do seu sofrer. Não! Isso raramente acontece! A imensa maioria das pessoas sempre procura achar “um alguém” ou “um alguma coisa” responsável pelo seu sofrer.
Eu, através do professor arrependimento, aprendi ainda mais a olhar para dentro de mim e achar em mim a razão pela qual fui para essa nova sala de aula. Não imputo responsabilidades a ninguém, somente faço olhar para o meu eu e esta tem sido a lição mais valorosa que a vida tem-me ensinado e reforçado o tempo todo. Como diz Jung, a busca pela iluminação do lado sombra tem sido a tônica desta minha existência.
Eu hoje cada vez mais enxergo, assumo, aprendo e, através deste novo professor aprendi mais ainda a pedir perdão pelos erros do passado. Por outro ladro aprendi também que não é minha responsabilidade apontar em ninguém aonde esta pessoa errou ou acertou, agiu ou deixou de agir (...) compete a mim somente reparar-me, pois eu sou o único que pode modificar o meu eu. Pela outra pessoa meu dever é nutrir carinho, respeito, paciência, afeto e com muito amor tentar orientar e mostrar qual caminho ela deve andar, se assim for o desejo dela.
Bem, esse é o ensaio inicial sobre o tema.
Estarei escrevendo outros em breve enquanto ainda estiver aprendendo nesta sala de aula.