SIMBOLOGIA MAÇÔNICA- APRENDIZES E COMPANHEIROS
Uma dos simbolismos mais interessantes que encontramos na Maçonaria é a associação que se faz entre a pedra bruta e a Terra-Mãe, princípio substancial da manifestação universal, que faz o iniciado fortalecer-se unicamente em contato com ela, como o herói Anteu, filho de Géa, a Mãe-Terra, da mitologia grega, que só foi derrotado por Hércules quando este o privou de seu contato com a terra.
Esse simbolismo nos diz que a nossa força vem da terra. Quando privados desse contato perdemos o elo que nos liga á substancialidade que vem da natureza, a fonte da nossa vida. Por isso é que não podemos perseguir apenas a idéia de uma espiritualidade ascética, sem participação nos assuntos do mundo. O espírito, como a matéria, se formata num processo de complementação, onde um substrato alimenta o outro, tal como é representado pela serpente cósmica Uraeus, dos egípcios, ou a Ouroboros dos gnósticos e dos hermetistas.
Na forma cúbica da pedra encontramos a idéia de estabilidade. Com essa constatação fecha-se o circulo da simbologia expressa nos graus de Aprendiz e Companheiro, no sentido de que é na evolução feita nesses dois graus que se completa a essência da iniciação de um neófito, que tendo superado essas duas fases, estará, finalmente, preparado para ser a pedra angular do edifício maçônico, que é o Mestre.
É importante notar que na antiga Maçonaria operativa não existia o grau de Mestre, mas apenas os de Companheiro (fellow) e Aprendizes. O titulo de Mestre era dado apenas ao Presidente da Loja, o qual era eleito entre os Companheiros. A extensão desse título a todos os companheiros que são elevados ao terceiro grau é uma criação da Maçonaria especulativa.
Por isso é fundamental, para o Irmão que se inicia na Maçonaria, entender esse simbolismo. O Mestre, na simbologia da Arte Real, é aquele que passou á Câmara do Meio, após ter presenciado e vivido, no espírito, o Drama de Hiram. É uma visão meramente especulativa, que não tem correspondência na prática operativa. Na verdade, nas antigas Lojas dos maçons operativos, o Mestre era um Companheiro escolhido entre os membros desse grau, que assumia a função de supervisor. Era, portanto, uma função e não um título, ou graduação.
A passagem da forma operativa da Maçonaria para a especulativa exigiu a adaptação dos títulos maçônicos para fins de adequá-los a uma estrutura que, doravante, deveria funcionar como uma espécie de escola. Assim sendo, foi preciso que entre os Companheiros fossem escolhidos alguns Mestres e entre estes, um que lhes fosse acima, para administrar e conduzir os trabalhos do grupo. Assim é que Anderson estipula em suas Constituições que “nenhum irmão pode ser supervisor (entenda-se Vigilante), sem antes ter passado pelo grau de Companheiro; nem Mestre (entenda-se Venerável) antes de ter exercido as funções de supervisor (Vigilante).”
No sistema inaugurado pela Maçonaria moderna, portanto, o título de Mestre deve ser visto em sua dimensão simbólica e nunca em termos de hierarquia. O Mestre não é aquele que mais sabe, ou que ensina, mas sim aquele que conhece a acácia, ou seja, aquele que presenciou o Drama de Hiram, e teve seu psiquismo recomposto a partir de sua iniciação nos Mistérios que aquele drama representa. Para tanto é preciso que ele não só “conheça a acácia”, mas saiba, principalmente, qual o verdadeiro significado das alegorias representadas no templo que ele frequenta, e o motivo de elas serem utilizadas.
Fulcanelli diz que o plano do edifício cristão revela as qualidades da matéria prima e a sua preparação através do sinal da cruz, que resulta na obtenção da primeira pedra , que é a pedra angular da grande obra filosofal. Sobre essa pedra Jesus construiu sua igreja, e os maçons operativos aproveitaram esse simbolismo para seguir o exemplo de Cristo. Mas ao maçom esclarecido não causará embaraço lembrar que a pedra talhada da Maçonaria é justamente o maçom que desbastou a pedra bruta do seu caráter e atingiu a plenitude maçônica pela elevação ao mestrado.
Outra comparação interessante que se pode fazer entre o simbolismo maçônico e a antiga arte dos construtores medievais é o sentido mítico-hermético que aqueles Irmãos operativos colocavam em suas construções. As catedrais góticas eram construídas de forma a imitar um labirinto, muitas vezes chamado de Labirinto de Salomão. Nelas os mosaicos dos vitrais e do piso eram desenhados sempre com um sentido esotérico, lembrando que ali se realizava obra iniciática de transmutação espiritual. A orientação do piso representava o caminho que o devoto devia seguir para atingir o coração do templo, onde se realizava o embate final das duas naturezas do homem - a material e a espiritual.
Lembremo-nos que o piso da Loja maçônica é construído com essa mesma intenção. Seu mosaico, sempre ornado em preto e branco, é disposto no sentido de orientar os Irmãos a percorrer um trajeto que muito tem de bizarro e muitas vezes ininteligível, porque tem que ser trilhado com certa rigidez ritualística, cujo objetivo muitas vezes não se alcança sem se pensar no seu significado mítico-hermético. E da mesma forma que nas antigas igrejas góticas, os templos maçônicos também têm suas estruturas erguidas de forma a orientar os Irmãos a caminhar numa certa direção, de modo tal que sempre entrem pelo Ocidente e caminhem em direção ao Oriente, local onde a luz entra no mundo.
Nas igrejas de antigamente essa orientação era dada pelo fato de que a Palestina, lugar onde viveu e morreu o Cristo, se situava exatamente no Oriente. Assim, toda a orientação da jornada do devoto dentro da igreja gótica era, como na Loja, uma jornada em direção á luz.
Justifica-se, dessa forma, a ritualística exigida no deslocamento dentro do Templo, e a linguagem utilizada na forma peculiar dos Irmãos se dirigirem aos Oficiais da Loja, que devem ser sempre tratados pelos seus cargos e títulos e nunca pelos nomes utilizados no mundo profano.
( continua)
Uma dos simbolismos mais interessantes que encontramos na Maçonaria é a associação que se faz entre a pedra bruta e a Terra-Mãe, princípio substancial da manifestação universal, que faz o iniciado fortalecer-se unicamente em contato com ela, como o herói Anteu, filho de Géa, a Mãe-Terra, da mitologia grega, que só foi derrotado por Hércules quando este o privou de seu contato com a terra.
Esse simbolismo nos diz que a nossa força vem da terra. Quando privados desse contato perdemos o elo que nos liga á substancialidade que vem da natureza, a fonte da nossa vida. Por isso é que não podemos perseguir apenas a idéia de uma espiritualidade ascética, sem participação nos assuntos do mundo. O espírito, como a matéria, se formata num processo de complementação, onde um substrato alimenta o outro, tal como é representado pela serpente cósmica Uraeus, dos egípcios, ou a Ouroboros dos gnósticos e dos hermetistas.
Na forma cúbica da pedra encontramos a idéia de estabilidade. Com essa constatação fecha-se o circulo da simbologia expressa nos graus de Aprendiz e Companheiro, no sentido de que é na evolução feita nesses dois graus que se completa a essência da iniciação de um neófito, que tendo superado essas duas fases, estará, finalmente, preparado para ser a pedra angular do edifício maçônico, que é o Mestre.
É importante notar que na antiga Maçonaria operativa não existia o grau de Mestre, mas apenas os de Companheiro (fellow) e Aprendizes. O titulo de Mestre era dado apenas ao Presidente da Loja, o qual era eleito entre os Companheiros. A extensão desse título a todos os companheiros que são elevados ao terceiro grau é uma criação da Maçonaria especulativa.
Por isso é fundamental, para o Irmão que se inicia na Maçonaria, entender esse simbolismo. O Mestre, na simbologia da Arte Real, é aquele que passou á Câmara do Meio, após ter presenciado e vivido, no espírito, o Drama de Hiram. É uma visão meramente especulativa, que não tem correspondência na prática operativa. Na verdade, nas antigas Lojas dos maçons operativos, o Mestre era um Companheiro escolhido entre os membros desse grau, que assumia a função de supervisor. Era, portanto, uma função e não um título, ou graduação.
A passagem da forma operativa da Maçonaria para a especulativa exigiu a adaptação dos títulos maçônicos para fins de adequá-los a uma estrutura que, doravante, deveria funcionar como uma espécie de escola. Assim sendo, foi preciso que entre os Companheiros fossem escolhidos alguns Mestres e entre estes, um que lhes fosse acima, para administrar e conduzir os trabalhos do grupo. Assim é que Anderson estipula em suas Constituições que “nenhum irmão pode ser supervisor (entenda-se Vigilante), sem antes ter passado pelo grau de Companheiro; nem Mestre (entenda-se Venerável) antes de ter exercido as funções de supervisor (Vigilante).”
No sistema inaugurado pela Maçonaria moderna, portanto, o título de Mestre deve ser visto em sua dimensão simbólica e nunca em termos de hierarquia. O Mestre não é aquele que mais sabe, ou que ensina, mas sim aquele que conhece a acácia, ou seja, aquele que presenciou o Drama de Hiram, e teve seu psiquismo recomposto a partir de sua iniciação nos Mistérios que aquele drama representa. Para tanto é preciso que ele não só “conheça a acácia”, mas saiba, principalmente, qual o verdadeiro significado das alegorias representadas no templo que ele frequenta, e o motivo de elas serem utilizadas.
Fulcanelli diz que o plano do edifício cristão revela as qualidades da matéria prima e a sua preparação através do sinal da cruz, que resulta na obtenção da primeira pedra , que é a pedra angular da grande obra filosofal. Sobre essa pedra Jesus construiu sua igreja, e os maçons operativos aproveitaram esse simbolismo para seguir o exemplo de Cristo. Mas ao maçom esclarecido não causará embaraço lembrar que a pedra talhada da Maçonaria é justamente o maçom que desbastou a pedra bruta do seu caráter e atingiu a plenitude maçônica pela elevação ao mestrado.
Outra comparação interessante que se pode fazer entre o simbolismo maçônico e a antiga arte dos construtores medievais é o sentido mítico-hermético que aqueles Irmãos operativos colocavam em suas construções. As catedrais góticas eram construídas de forma a imitar um labirinto, muitas vezes chamado de Labirinto de Salomão. Nelas os mosaicos dos vitrais e do piso eram desenhados sempre com um sentido esotérico, lembrando que ali se realizava obra iniciática de transmutação espiritual. A orientação do piso representava o caminho que o devoto devia seguir para atingir o coração do templo, onde se realizava o embate final das duas naturezas do homem - a material e a espiritual.
Lembremo-nos que o piso da Loja maçônica é construído com essa mesma intenção. Seu mosaico, sempre ornado em preto e branco, é disposto no sentido de orientar os Irmãos a percorrer um trajeto que muito tem de bizarro e muitas vezes ininteligível, porque tem que ser trilhado com certa rigidez ritualística, cujo objetivo muitas vezes não se alcança sem se pensar no seu significado mítico-hermético. E da mesma forma que nas antigas igrejas góticas, os templos maçônicos também têm suas estruturas erguidas de forma a orientar os Irmãos a caminhar numa certa direção, de modo tal que sempre entrem pelo Ocidente e caminhem em direção ao Oriente, local onde a luz entra no mundo.
Nas igrejas de antigamente essa orientação era dada pelo fato de que a Palestina, lugar onde viveu e morreu o Cristo, se situava exatamente no Oriente. Assim, toda a orientação da jornada do devoto dentro da igreja gótica era, como na Loja, uma jornada em direção á luz.
Justifica-se, dessa forma, a ritualística exigida no deslocamento dentro do Templo, e a linguagem utilizada na forma peculiar dos Irmãos se dirigirem aos Oficiais da Loja, que devem ser sempre tratados pelos seus cargos e títulos e nunca pelos nomes utilizados no mundo profano.
( continua)