BIG BANG- O PARTO DE DEUS
O Espirito de Deus
Em um de seus mais curiosos trabalhos, o físico Stephen Hawking situa o início do tempo no momento de nascimento do universo conhecido, momento esse chamado de Big Bang.[1] O tempo, para os cientistas, começou junto com o espaço, e por isso ele sempre é representado em um eixo cujas linhas começam em um ponto zero e se alongam na mesma proporção.
Nessa mesma especulação, surge a intrigante pergunta: Se foi Deus que fez o universo, o que Ele era e o que fazia antes de começar a fazê-lo? Ele já existia antes disso? Ou Ele “nasceu” junto com o universo?
A Bíblia, ao registrar esse fato não é menos metafórica e misteriosa do que os compêndios científicos que procuram explicar como o universo nasceu. Ela fala que “no início Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia e as trevas cobriam a face do abismo.” E então, do meio ás trevas Deus fez sair a luz. E Deus viu que a luz era boa e por isso a separou das trevas.
O texto bíblico parece deixar claro que Deus já existia antes de começar a fazer o universo. Assim, Ele não pode ser o universo, como sustentam alguns filósofos panteístas, que identificam Deus com a natureza, como se a natureza fosse algo capaz de existir por si própria.
A Bíblia também identifica Deus como um Espírito que movia-se sobre as águas. Expressão enigmática que nunca pode ser explicada a contento dentro da lógica comum, pois se o mundo ainda era pura trevas e a terra era informe e vazia, que “águas” eram essas sobre as quais o Espírito de Deus se movia? Pois, ao que parece, elas já existiam antes de Deus separar a luz das trevas. Assim, a Bíblia nos dá uma identificação e uma ideia do que era Deus antes de começar o mundo: Ele era um Espírito. Mas não responde á segunda pergunta: O que Ele fazia antes de começar o mundo?
Existência positiva e Existência Negativa
Essas especulações se tornaram tão intrigantes que os próprios rabinos israelenses, produtores e comentadores da Bíblia, tiveram que quebrar a cabeça para responder á multiplicidade de perguntas que surgiram. Então nasceu a Grande Tradição da Cabala, uma escola de interpretação esotérica da Biblia, que se propôs a explicar essa e outras metáforas bíblicas com outras metáforas, ainda mais misteriosas e desconcertantes, mas muito originais e de uma beleza poética estonteante. Para responder á intrigante pergunta de quem era Deus e o que fazia antes de começar a fazer o universo físico, eles criaram o conceito de Existência Negativa” e “Existência Positiva”.
Esses são termos que designam Deus “antes” e “depois” de fazer o mundo. Nesse sistema, Deus (Ein Sof, ou Ayn Sof, אין סוף em hebraico), é visto como uma forma de "energia" que em dado momento expandiu-se para fora de si mesmo, tornando-se o universo material (Ain Sof Aur). O primeiro termo (Ein Sof) é a própria energia concentrada em si mesma, e quando ela se manifesta, se torna En Sof Aur, ou seja, a Luz Ilimitada, que preenche o espaço vazio.
Essa visão mística do nascimento do universo é definida no Livro do Mistério Oculto (SeferHaDziniuta), com a curiosa metáfora que diz: “antes que o equilíbrio de consolidasse, o semblante não tinha semblante”.[2]
Aqui está inserta a estranha idéia de que antes de fazer o mundo, ou seja, antes de o Espírito de Deus manifestar-se como existência física, Ele já existia como uma forma de energia, que embora não manifesta, já continha em si mesma todos os atributos do universo manifestado. Inclusive as próprias "águas" em que ele se movia, que pode ser entendida como a substância da qual Ele viria, mais tarde, a gestar a vida.
Ele era uma “existência negativa”, na qual a mente humana não pode penetrar justamente porque ela só pode conceber um plano de existência positiva, onde as ações podem ser identificadas e suas causas recenseadas. E daí nasceu a não menos curiosa ideia, depois esposada e desenvolvida pelos taoístas, de que, para haver criação, é preciso a existência de duas forças contrárias, dois polos de ação energética que atuem em sentidos contrários, mas convergentes. Yin e Yang. Positivo e negativo. Macho e fêmea. Matéria e espirito. Será por isso que Deus, Existência negativa resolveu fazer o universo, para ter uma Existência positiva? E assim poder criar?
O Parto de Deus
De fato, essa idéia da divindade , desenvolvida pela Cabala supre a necessidade que a mente humana tem de situar um início para o universo e imaginar, não um fim para ele, mas uma finalidade. Deus, o Espírito, ao fazer o universo, fez para si mesmo um corpo material. Sem esse corpo Ele não teria como criar. Como fez depois, para o homem Adão, uma fêmea. Sem ela não haveria criação e a humanidade não existiria. Dessa forma tudo se encaixa, e nós podemos concluir: o universo é o corpo material de Deus. E ele é feminino, como diz o Tao. Ele é a natureza, mãe das Cem Famílias.[3] E como reconhece o Papa, a versão bíblica do nascimento do universo em absoluto contradiz o que diz a ciência quando afirma que ele nasceu de uma grande explosão atômica ocorrida há bilhões de anos atrás. E quando maltratamos a natureza estamos maltratando Deus.
Assim como todos os bebês já existem antes do seu nascimento (antes de vir para a luz) também Deus já existia antes de “dar a luz a si mesmo.”
Por isso é que chamamos o Big Bang de o “parto de Deus”.
O Espirito de Deus
Em um de seus mais curiosos trabalhos, o físico Stephen Hawking situa o início do tempo no momento de nascimento do universo conhecido, momento esse chamado de Big Bang.[1] O tempo, para os cientistas, começou junto com o espaço, e por isso ele sempre é representado em um eixo cujas linhas começam em um ponto zero e se alongam na mesma proporção.
Nessa mesma especulação, surge a intrigante pergunta: Se foi Deus que fez o universo, o que Ele era e o que fazia antes de começar a fazê-lo? Ele já existia antes disso? Ou Ele “nasceu” junto com o universo?
A Bíblia, ao registrar esse fato não é menos metafórica e misteriosa do que os compêndios científicos que procuram explicar como o universo nasceu. Ela fala que “no início Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia e as trevas cobriam a face do abismo.” E então, do meio ás trevas Deus fez sair a luz. E Deus viu que a luz era boa e por isso a separou das trevas.
O texto bíblico parece deixar claro que Deus já existia antes de começar a fazer o universo. Assim, Ele não pode ser o universo, como sustentam alguns filósofos panteístas, que identificam Deus com a natureza, como se a natureza fosse algo capaz de existir por si própria.
A Bíblia também identifica Deus como um Espírito que movia-se sobre as águas. Expressão enigmática que nunca pode ser explicada a contento dentro da lógica comum, pois se o mundo ainda era pura trevas e a terra era informe e vazia, que “águas” eram essas sobre as quais o Espírito de Deus se movia? Pois, ao que parece, elas já existiam antes de Deus separar a luz das trevas. Assim, a Bíblia nos dá uma identificação e uma ideia do que era Deus antes de começar o mundo: Ele era um Espírito. Mas não responde á segunda pergunta: O que Ele fazia antes de começar o mundo?
Existência positiva e Existência Negativa
Essas especulações se tornaram tão intrigantes que os próprios rabinos israelenses, produtores e comentadores da Bíblia, tiveram que quebrar a cabeça para responder á multiplicidade de perguntas que surgiram. Então nasceu a Grande Tradição da Cabala, uma escola de interpretação esotérica da Biblia, que se propôs a explicar essa e outras metáforas bíblicas com outras metáforas, ainda mais misteriosas e desconcertantes, mas muito originais e de uma beleza poética estonteante. Para responder á intrigante pergunta de quem era Deus e o que fazia antes de começar a fazer o universo físico, eles criaram o conceito de Existência Negativa” e “Existência Positiva”.
Esses são termos que designam Deus “antes” e “depois” de fazer o mundo. Nesse sistema, Deus (Ein Sof, ou Ayn Sof, אין סוף em hebraico), é visto como uma forma de "energia" que em dado momento expandiu-se para fora de si mesmo, tornando-se o universo material (Ain Sof Aur). O primeiro termo (Ein Sof) é a própria energia concentrada em si mesma, e quando ela se manifesta, se torna En Sof Aur, ou seja, a Luz Ilimitada, que preenche o espaço vazio.
Essa visão mística do nascimento do universo é definida no Livro do Mistério Oculto (SeferHaDziniuta), com a curiosa metáfora que diz: “antes que o equilíbrio de consolidasse, o semblante não tinha semblante”.[2]
Aqui está inserta a estranha idéia de que antes de fazer o mundo, ou seja, antes de o Espírito de Deus manifestar-se como existência física, Ele já existia como uma forma de energia, que embora não manifesta, já continha em si mesma todos os atributos do universo manifestado. Inclusive as próprias "águas" em que ele se movia, que pode ser entendida como a substância da qual Ele viria, mais tarde, a gestar a vida.
Ele era uma “existência negativa”, na qual a mente humana não pode penetrar justamente porque ela só pode conceber um plano de existência positiva, onde as ações podem ser identificadas e suas causas recenseadas. E daí nasceu a não menos curiosa ideia, depois esposada e desenvolvida pelos taoístas, de que, para haver criação, é preciso a existência de duas forças contrárias, dois polos de ação energética que atuem em sentidos contrários, mas convergentes. Yin e Yang. Positivo e negativo. Macho e fêmea. Matéria e espirito. Será por isso que Deus, Existência negativa resolveu fazer o universo, para ter uma Existência positiva? E assim poder criar?
O Parto de Deus
De fato, essa idéia da divindade , desenvolvida pela Cabala supre a necessidade que a mente humana tem de situar um início para o universo e imaginar, não um fim para ele, mas uma finalidade. Deus, o Espírito, ao fazer o universo, fez para si mesmo um corpo material. Sem esse corpo Ele não teria como criar. Como fez depois, para o homem Adão, uma fêmea. Sem ela não haveria criação e a humanidade não existiria. Dessa forma tudo se encaixa, e nós podemos concluir: o universo é o corpo material de Deus. E ele é feminino, como diz o Tao. Ele é a natureza, mãe das Cem Famílias.[3] E como reconhece o Papa, a versão bíblica do nascimento do universo em absoluto contradiz o que diz a ciência quando afirma que ele nasceu de uma grande explosão atômica ocorrida há bilhões de anos atrás. E quando maltratamos a natureza estamos maltratando Deus.
Assim como todos os bebês já existem antes do seu nascimento (antes de vir para a luz) também Deus já existia antes de “dar a luz a si mesmo.”
Por isso é que chamamos o Big Bang de o “parto de Deus”.
[1]|Uma Breve História do Tempo, Ed.Sextante, 2004
[2] Knorr Von Rosenroth-Kabballá Revelada-Madras, 2004.
[3]Metáfora taoísta que designa a humanidade.