O FIM DA RAZÃO, BREVE ENSAIO

Nada mais tenebroso do que se deparar com supostas razões fomentadas pela e na eliminação do outro. Todos os que compartilham dessa visão, não sabem, mas, não faz muito tempo, o mundo já conheceu aonde isso nos leva.

Da tão apregoada e defendida inexistência de uma luta de classes, nasce o mais temeroso sentimento de superioridade. Tomado desse sentimento, legiões de defensores de retomadas ordens superadas, não consideram os males que tais ideias trazem no seu conteúdo. Apedeutas, todos eles saem por ai a defenestrarem todos os que eles julgam serem passivos de ódio. Corroboram, assim, toda sua aversão à possibilidade de que o outro lhe seja igual. É dessa negação que projetos separatistas encontram adeptos e "soldados" prontos para marcharem para uma batalha que somente eles desejam.

A negação do outro, assim como, sua eliminação, faz com que surge o mais primitivo desejo de vingança. Negar o outro, é negar sua existência, seu direito de existir como qualquer pessoa que sonha, sente fome, frio, sente alegria e tristeza. Negar o outro, é retomar a lembrança de líderes e ideias que um dia fez com que o mundo conhecesse o holocausto e toda sorte de discriminação e preconceito. É trazer pra o cotidiano fantasmas que se pensava esquecidos, mas que, renasceram com força e difusão das mais acaloradas.

Não há sutileza nem, tampouco, vergonha em se propagar tais ideias. Não há constrangimento em causar distúrbio coletivo, afinal, quem dessas tenebrosas ideias compartilham, em graus de interesses dos mais variados, ignora que o outro sinta dor.

Colocar o outro no roll dos condenados, dos que devem e precisam ser "esquecidos" como medida de salvaguarda nacional. Eis o estopim dessa anunciada guerra dirigida a grupo específico e julgado pelas mais estapafúrdias medidas de "reserva" cultural.

O contraponto do que é ser civilizado, isto é, desrespeitar a opinião alheia, e para que a do outro perca sentido, ataca-se como se tudo dependesse da sua eliminação. A "solução final", para quem não sabe, deu-se exatamente como medida de política para o extermínio do outro. Quem não sabe o que foram os campos de concentração, quem desconhece os milhões de vidas ceifadas em nome de uma "purificação" de raça, de uma eugenização? Ora, pois, negar o outro é, em última medida, negar-se como ser humano. É desmitificar nossa pretensa superioridade em relação aos outros animais, quando, a bem da verdade, não passam de meros quadrúpedes com sua limitada capacidade cognitiva. Não são em nada superiores quando, em nome de certa insatisfação com resultados que contrariaram seus desejos, saem por aí a esbravejar suas neuras, suas falsas convicções numa sociedade igualitária e justa. Basta terem seus desejos contrariados, pronto, elegem determinado grupo para encamparem as mais atrozes campanhas.

Eliminar o outro, eis o objetivo daquele que ignora a sutileza do que traz suas pretensões. Eis o fim trágico a que se entrega quando não o outro como aquele que tornado alvo das iras e preconceitos, torna aquele que difundi tais discursos, o mentecapto no instante imediato que apregoa uma sociedade sã.

Não nos esqueçamos: não faz muito tempo houve quem propagou tais ideias, e teve amplo apoio, levando o mundo ao nível mais macabro, mais animalesco da nossa frágil condição humana. Pensemos nisso.