Brasilidade. Até Quando?

Soaroir 22/5/07

- aprendendo a escrever ensaio -

p/"Ensaio da Semana do RL"

Quando falamos de nossos filhos não queremos falar mal, mesmo sabendo que existem problemas. O mesmo acontece quando precisamos falar de nossos pais ou nossa pátria. É inevitável não comprar a mãe do amigo que é sempre mais compreensiva; este ou aquele país que oferece isso ou aquilo a mais.

No entanto, numa hora ou noutra a verdade tem que ser aceita. Como exemplo, encarar as deficiências do sistema de ensino brasileiro, cujo currículo é comprovadamente superior a muitos paises ditos como de “primeiro mundo – mas, Infelizmente, não consegue se fazer valer por falta de uma profunda revisão e atualização dos fundamentos da história da educação no Brasil.

Enquanto o sistema educacional na Inglaterra nos idos de 1943/4, (II Guerra Mundial), fazia uma reforma substancial * (ver parte da matéria no final deste texto), a história da educação em nosso país ainda era desconhecida.

Os fundamentos de nossa educação advêm de constantes rupturas marcantes, sendo a primeira grande ruptura travada com a chegada dos portugueses ao “Novo Território”, trazendo um padrão de educação próprio da Europa, o que significa que o “brasileiro” foi destituído de suas características próprias de fazer educação, aquela da terra, sem nenhuma marca repressiva do modelo europeu. Exemplo certa vez citado por Orlando Villas Boas: Imediatamente após uma mãe fazer potes de barro o filho o quebrava e a mãe sempre recomeçava sem nada dizer. Perguntada porque deixava o filho fazer aquilo, ela respondeu “porque ele quer”.

Esta e muitas outras formas de educar foram modificadas com a chegada dos jesuitas que não somente trouxeram a religiosidade, mas a moral e os costumes europeus; trouxeram também os métodos pedagógicos, que funcionaram de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marcou a história da educação no Brasil. Ao serem expulsos os jesuítas, entre as “aulas régias” e o “subsídio literal” o caos se instalou, até que a família real transfere o reino para o novo mundo, causando assim uma outra ruptura quando, para a conveniência do monarca, abriram Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, incluindo o Jardim Botânico e a Imprensa Régia.

Finalmente o Brasil fora descoberto, mas a educação continuava a ter importância secundária, o que não acontecia nas colônias espanholas que já em 1538 contava com a universidade de São Domingos; 1551 a do México e a de Lima. A nossa só surgiu em 1934, em São Paulo, como e o por quê vale outra história.

De d. João VI a Pedro II, português algum promoveu educação por aqui. Da Proclamação até hoje, a educação brasileira não sofreu processo de evolução que se possa considerar marcante ou significativo. Temos ainda o mesmo “status quo”, muitos meios, mas nenhum fim para nossa deseducação.Ainda continuamos quebrando os vasos de barro a fim de nos educar.

Ainda somos tratados como Tupiniquins, Xavantes e Funius; barreiam certificados, brocham nossos olhos com promessas, quotas, restritos subsídios, e agora “educação” continuada, contaminada e progressiva, enquanto os filhos dos filhos dos “fazendários” continuam indo estudar na Europa. Até quando?

(sem revisão) (p tema da semana do RL )

“Folha da Manhã

S.Paulo – Sábado, 15 de janeiro de 1944

A educação na Inglaterra

I

(Copyright do “British News Service”, para a “Folha da Manhã”

P.Xisto (comentarista brasileiro da B.B.C Londres)

Até o século passado, o ensino na Inglaterra era atribuição quasi que exclusiva das várias ordens religiosas. A interferência governamental só se verificou em princípios do século XIX, quando atendendo às exigências do público e, com certeza, das próprias Igrejas interessadas, o governo resolveu subvencionar as suas escolas. Algum tempo mais tarde, foram fundadas escolas elementares oficiais, continuando, entretanto, o governo a subvencionar as escolas religiosas, num gesto de reconhecimento pelo muito que tinham feito pela disseminação da cultura na Grã-Bretanha.

Somente no princípio deste século é que todas as escolas elementares do país, religiosas e oficiais, passaram a ser custeadas inteiramente pelos cofres públicos. As ordens religiosas deviam apenas prover as instalações necessárias. Daí por diante, passaram a existir apenas os dois tipos de escolas elementares que encontramos até hoje; as oficiais, custeadas e dirigidas pelo governo, e por este fiscalizadas, mas dirigidas pela ordem religiosa a que pertencem. As escolas oficiais tiveram notavel incremento, tendo hoje mais do dobro de alunos das escolas religiosas.

Em todas elas ensinam-se princípios religiosos. Nas escolas religiosas, está visto, o ensino é de acordo com o credo da ordem que a fundou, seja católica, anglicana ou outra qualquer.

Nas escolas oficiais tambem existe o ensino religioso, porque assim o decidiram as autoridades locais a que estão subordinadas. Entretanto, como nessas escolas não é lícito propagar nenhuma religião determinada, o que se faz é apenas ler a Bíblia e algumas orações. De qualquer forma, os pais dos alunos podem sempre pedir dispensa para seus filhos, da assistência a essas aulas.

O ensino é obrigatório para todos os indivíduos de ambos os sexos, dos 5 aos 14 anos de idade. Para as crianças de primeira infância, verdadeiras casas maternais desde os dois anos as crianças encontram ambiente próprio e companheiros para brincar, e os pais solução para as suas dificuldades, pois nem sempre estão em condições de lhes dar a atenção necessária. Este primeiro período de vida em comum, com crianças da mesma idade, e sob direção competente, serve principalmente para a formação de hábitos bons, que perduram durante toda a vida.

O governo central de Londres não mantem escolas elementares, apenas contribuindo para o seu funcionamento subvenções que atingem a cifras muito elevadas. O restante cabe aos governos locais providenciar, sendo que a estes está afeta a direção das escolas.

Para compreender a maneira como os governos locais exercem suas funções de ensino, torna-se indispensavel ter uma idéia da sua organização ...

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