Ensaio sobre o (des)prazer
Pois me encanta os silêncios e os nuances da vida, e resta apenas a piedade para as pessoas que passam todos os dias pela perfeição e nem sequer a notam, não apreciam o que lhes é apresentado e o espetáculo invisível de aspecto divino e mundano fecha as cortinas sem que nenhum aplauso audível ressoe no ar.
Imagino então que o mais magnífico dos prazeres não nos é proporcionado o gozo.
Não é necessário sofrer para ensaiar sobre a vida, ora, tantos que sofreram em silêncio e morreram em vão, sem nem ao menos se darem conta de sua sabedoria e conjecturar, mesmo que por instantes acerca da efemeridade e inexorabilidade do acaso, que nos é mostrado e escancarado enquanto podemos sentir.
Quer diminuir drasticamente as chances de viver feliz com alguém ?
Se apaixone por esse alguém.
Pois a paixão se torna vil e covarde ao passo que se aproxima da escravidão, e tão sórdido é o seu veneno, que uma vez inoculado, vicia a vítima, matando e degenerando sua esperança.