Mundo de faz de conta
Vida de gente grande,
Terra de ninguém,
Mundo de faz de conta;
Encena, com sorriso,
Mais que fingido;
Pegou a rosa,
Sem tirar o espinho,
Com os olhos,
que ninguém vê.
Nau desgovernada pelo mar
Sonhos que ficam,
Piratas com apenas um olho
Pra chorar.
As noites, são meros precipícios
E repartidos,
os amores bailam pela gafieira,
Como perfume das flores,
E tristes notas musicais.
Eu, feito as mulheres de Jobim,
As de Atenas, ou de Pequim,
Feito as de Ana: "Rosas" ou "Beatriz"
Toco, o meu violão
Entre as coxas,
Nesse palco de verniz.
Há pela vida,outras moças.
E o poeta com seu poema cinzento,
E as mãos marcadas,
Feito a pele tatuada da amante,
E o cheiro de uma meretriz.
Escreve a dor e finge, que é feliz.
E da tristeza tira a arte,
Feito um mambembe iniciante,
No fim da noite, madrugada,
Como se fosse para este,
Apenas um grito, para dentro da alma,
De tarde, mais nada!