TEXTO POÉTICO EM SALA DE AULA
Atualmente, as leituras de textos e seus estudos nas aulas de Língua Portuguesa, conforme artigo de Rita Lírio de Oliveira (Revista Direcional Educador, p. 23) são utilizados como pretextos para exercícios de metalinguagem ou reprodução da fala do autor, desprezando as inferências e as intertextualidades, que seria um diálogo possível entre o autor e o leitor. Isso torna evidente a grande necessidade de mudar essa prática, para desenvolver no educando a lógica do suplemento, a partir de estudos de textos coerentes e coesivos e de atividades que despertem no leitor o desenvolvimento real de autocrítica, prazer pela leitura e redimensionamento de sua visão de mundo.
Moacir Gadotti afirma que "compreender um texto não é captar a intenção do autor, nem tampouco restaurar o sentido que o autor lhe outorgou. O sentido de um texto é a possibilidade que ele oferece ao leitor de superar. É o momento propriamente pedagógico de uma leitura." (apud SILVA, 1988, P. 52).
Em se modificando os objetivos de atividades de leitura em sala e as intenções dessas práticas, as pessoas passariam, então, a ler por prazer e não por dever e a viagem por intermédio do texto escrito deixaria de ser obrigação exclusiva da escola e passaria a ser uma prática social. O texto lido, passaria, então, a ser algo vivo, dinâmico e polissêmico.
Não se pretende aqui acusar indiscriminadamente os procedimentos tradicionais no estudo do texto literário, mas buscar um novo procedimento, que possa trazer resultados atraentes e mais significativos aos estudantes, uma vez que a experiência cotidiana mostra falha nesse quesito.
Em pesquisa realizada com alunos da Escola Municipal Nara Manella, Londrina/PR, período noturno, na EJA – Educação de Jovens e Adultos, foi possível detectar que, em um universo de quarenta alunos pesquisados, apenas dois têm o hábito da leitura, entretanto, a maioria afirmou que gostaria de ter. Perguntados sobre o que acham do ato de ler, sem exceção, responderam que o consideram muito importante. Ao serem inquiridos sobre se consideram a leitura um prazer, apenas um estudante foi taxativo, dizendo não e outro fugiu ao cerne da questão, respondendo sem objetividade com as seguintes palavras: “para alguns é prazer e para outros não”. Foram unânimes, porém, respondendo que a leitura é um direito de todo cidadão e que gostariam de adquirir esse hábito, todavia só têm oportunidade de ler na escola, quando lhes é ofertada a prática e, ultimamente, na Internet.
Interrogados se gostam de leitura de textos poéticos durante as aulas, foram unânimes respondendo positivamente e disseram que encontram dificuldade na interpretação desses textos, no entendimento deles, mas que, exatamente por esse fato, gostariam de os terem mais constantemente, a fim de sanarem esse obstáculo.
Alguns disseram, ainda, que gostam, porque “esse tipo de leitura deixa a aula mais calma”. Um educando disse que “estudar textos literários é uma maneira de se preparar melhor para concursos de ingresso às universidades”.
Conclui-se, então, que a indiferença a textos literários, afirmada por determinados segmentos da Educação, não se dá por não gostarem os alunos desse tipo de texto, mas por falta do hábito da leitura e por defasagem dessa prática em sala de aula. Problema de fácil solução.