Você mesmo

Uma coisa que a gente aprende rápido, é que não dá para ter ideias de um lado e de outro ao mesmo tempo; é difícil servir a Deus e a Mamon. Mas em caso de política, e também de ética (ou seja de ethos, a morada do homem) o que vale não são as ideias ou ideologias, mas os valores com os quais você dirige sua vida, em ações -- não apenas em proposições, pensamentos e falas. Mas em ações.

São esses valores postos em ato que realmente importam. Por mais que a política diga que só "existem 2 lados", o que vale é sua individualidade e sua forma de viver e vivenciar o mundo. Suas crenças, sua ética, sua moral. Este ser que é você e não é nenhum outro que não seja você. Seus braços e pernas, e "este escaravelho dentro de uma caixa" que dizem ser seus pensamentos.

Portanto, seguir a sua própria individualidade, seus valores, é seguir seu próprio caráter -- por mais que alguns valores pareçam ser de "um lado" e outros de "outro". Nada pode comprar ou tentar ser o que você é. Somente você é este ser que ora lê esse pequeno texto.

O único conselho que lhe dou é estar atento a não ser contraditório com suas ações e palavras. Se você fala que acredita em A, aja como quem acredita em A. Se você fala e age como quem acredita em A, e acreditar em A quer dizer que você não pode acreditar e agir como acreditasse em B, não diga que acredita em A e B ao mesmo tempo. Você até pode ser contraditório -- nós somos seres que nos permitimos à contradição em todos âmbitos -- mas ser atento a essas contradições "internas" te torna mais humano do que imagina.

Para fechar, ser a sua própria moral, a sua própria morada, ser este ser cético que fica com o que lhe aparece, e que não se nega perante as "únicas 2 opiniões vigentes de política", te abrem não para os outros, mas te permitem para si mesmo.

Este si que está ai, escondido, não-inconsciente, mas que talvez seja este profundo "sentir da moral" que lhe emociona ao abraçar seu cachorro, e que lhe toca ao ter coragem de olhar fixamente para um mendigo (que é uma pessoa como você é), e que abandonado (talvez porque se abandonou, talvez porque o estado não trata mais dos "loucos" em tempo integral, talvez porque o estado não trata dos "drogados" que não são mais conscientes de seus atos) -- olhá-lo lhe aflige, porque és tão pessoa quanto o outro é pessoa.

Lhe aflija, sinta, viva, vivencie, nunca deixe de olhar o mundo como a ti mesmo, só porque o mundo tem "duas visões" e lhe dizem que "você não pode ter outra, que não seja uma, ou outra visão de mundo". Nunca se negue de ter a sua, este si, este ser compungido, este algo que é você e não pode ser outro que não, você mesmo.