ARTE EM PERSPECTIVA

Arte, na minha concepção, é algo que nasce pra deixar o mundo mais bonito, mesmo que muitas vezes nasça de um momento difícil para o artista. E mesmo que você perceba a loucura, a dor, a insatisfação generalizada nas linhas da obra (como podemos ver claramente na criação do Van Gogh, por exemplo), a beleza está lá, suavizando e torcendo aquela feiura de forma que ela acaba se tornando algo maior, mais delicado e belo.

Quando encontro por aí alguém que se autodeclara artista, eu tremo. Os artistas que conheci até hoje são pessoas intensas e despretensiosas com suas criações. A arte brota dessas pessoas como se fosse um flor delicada de orquídea, que vem em cachos às vezes e às vezes em um único botão, mas sempre ímpar em beleza e impressionante em presença. Essas pessoas são tímidas ao receberem os elogios, mesmo que sejam realistas em relação ao trabalho que tenham tido e orgulhosas pela boa impressão que suas criações causam nos espectadores.

Ser artista não significa ser uma criatura efêmera e desligada, mas eles sempre tem um ar sonhador que não se distancia muito do das crianças(que mesmo brincando e dispersas em seus mundinhos, estão sempre atentas ao que passa no mundo ao seu redor e são muito perspicazes nas suas observações, que sempre assustam os adultos) . Então, quando surge alguém que já vem com sua arte auto louvada eu imediatamente ponho um pé atrás e me preparo pra correr, porque aí vem qualquer coisa, menos arte. Dia desses, me deparei com uma dessas pessoas, no caso, um senhor muito educado e “artístico”. Nossa, que tortura ver as obras daquela pessoa! Comecei a pensar em escrever algo em relação às impressões que tive daquelas manifestações, mas tive a grata oportunidade de encontrar outra pessoa, um artesão simpático e caloroso que ofereceu um café no seu ateliê em troca de uma visita.

Fiquei fascinado com o parque de belezas onde fui parar. Cada obra mais intrincadamente interessante que a outra, várias modalidades artísticas num mesmo lugar e saídas das mesmas mãos, coração e intuição. Por que a arte tem sua parcela metafísica, que muitos chamam de inspiração, mas que eu gosto de chamar de intuição. Cada obra sai de dentro do artista com um propósito que não lhe pertence (ao artista) e aguarda o momento certo de se destacar, seja aos olhos de um colecionador, de um grupo ou ao estampar em si um conceito cabível de um momento histórico vindouro ou passado, em perspectiva.

Quando olho as criações de alguns artistas que conheço, desses verdadeiros, que foram arrebatados pela arte, que para ela e por ela vivem, me sinto inspirado a continuar vivendo, por mais feio que pareça o meu derredor. Quando observo a delicadeza de um mosaico, criado com esmero e minúcia, quando leio uma bem escrita crônica, vejo uma fotografia com luz impecável ou uma escultura que representa algo com realismo, reafirmo para mim que sim, a arte foi feita para embelezar o mundo.

Mah Mendonça
Enviado por Mah Mendonça em 11/08/2014
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