CRIME E CASTIGO DO HOMEM: LIBERDADE

A liberdade total não se instala porque controla-la é o que dá aos poderosos recursos que os mantém no poder. Controlá-la, mais do que impedi-la, é a garantia efetiva de se manter o status quo ante vigente.

Não nos esqueçamos: Liberdade, Igualdade, Fraternidade, derrubou a monarquia, mas, o povo continuou sofrendo na pela as dores do parto mal sucedido. Feito sem cirurgia, não se procedeu à assepsia, e a contaminação se espalhou comprometendo o paciente. Noutras palavras, o privilégios do rei foram derrubados, assim como o próprio rei, mas, os vícios vencidos não cederam lugar à virtude. E veio o terror. E a guilhotina se fez política. O povo, com medo, de tudo e de todos, se calou.

A Liberdade, condenação natural do homem, tem sido, mais do que entender o sentido da vida, a estrada mais percorrida desde que o Homem se descobriu/libertou da sua condição de mais um no reino animal. Somente ele, e não outro, busca a liberdade como condição de vida, isto é, ela é a deusa dos ateus, dos poetas, dos atores. A liberdade é o pote de ouro na outra margem. É a razão dos loucos. Proclamá-la aos quatro cantos, tem sido a razão e a desrazão. A razão é o que lhe dá sentido, a desrazão, por outro lado, e de maneira oposta, tem sido o meio, pelo qual, forças hostis se agrupam e se armam para o controle total. Não há escapatória. Todos a querem, todos com ela sonham, por ela, alguns morreram, contra ela governos lançam bombas, prendem e matam. Não há escapatória.

O flagelo da fome, do frio, do desabrigo é, em grande medida, o flagelo, a negação da liberdade. A negação da liberdade pela comida, pelo aconchego, pelo teto.

Sem liberdade todo o resto se conquista. O silêncio e o medo, pela perda total de liberdade, tornam-se mecanismos com os quais governos barganham e controlam cidadãos. Querer reclamá-los, desperta nos governos instintos de auto-preservação, por isso, todo o aparelho repressor logo se mobiliza. Por isso, logo diretrizes legais são esquecidas, por isso, fantasmas esquecidos são relembrados.

Liberdade, o grito dado pelo homem, tão logo se viu ereto, tão logo se viu único, tão logo...