OS VÁRIOS TIPOS DE AMOR

O que é o amor? De que tipo de amor eu falo quando eu pergunto o que é o amor? De que tipo de amor você fala quando você responde o que é o amor? De que tipo de amor falamos quando dizemos que amamos e quando pronunciamos a palavra amor? Será que falamos do mesmo amor quando pronunciamos essa palavra?

Eu tenho um dicionário de religião, três de Filosofia e quinze de Língua Portuguesa, além de outros dicionários, incluindo os de outros dois idiomas e um com nomes de pessoas, suas origens e significados. Mas, o que eu quero ressaltar é o fato impressionante de os grandes dicionários de Língua Portuguesa e Filosofia concederem um grande espaço para a palavra amor. O “Dicionário de Filosofia”, de Nicola Abbagnano, reserva doze páginas para a exposição das diversas teorias filosóficas desenvolvidas no decorrer da história sobre o amor. Esse dicionário, em certo trecho, mostra que o amor está relacionado com “interesses, necessidades, aspirações, preocupações etc.”

O “Dicionário de Termos Religiosos e Afins”, de Aquilino de Pedro, assim define o amor: “Atitude da pessoa, que constitui medularmente”, de maneira básica, fundamental, “a razão de sua existência. Por isso constitui também o destino que uma pessoa escolhe livremente e que, ao morrer, fixará sua sorte definitiva. O amor sobrenatural chama-se caridade e é infundido em nós pelo Espírito Santo”, conforme está escrito também no Novo Testamento.

O que chama mais a minha atenção nesse conceito é a palavra liberdade, “livremente”. É esta que vai nos indicar o caminho a seguir. Isso porque tudo depende de uma escolha pessoal. O nosso destino é construído por nossas decisões, por nossa liberdade. Para o cristão, é Deus quem nos oferece a liberdade de escolha.

Ora, há muitos tipos de amor neste mundo. O amor que teremos é o amor que decidirmos ter. Existe o amor ao dinheiro, aos corpos, a uma relação sexual, aos bens materiais; amor interesseiro, amor de conveniência, amor ciumento, amor à fama.

No livro “O Mestre Inesquecível”, numa reflexão sobre Jesus Cristo, Augusto Cury afirma: “A fama é a maior estupidez intelectual das sociedades modernas. A fama gera infelicidade, mas quem não a tem pensa que ela é um oásis de prazer. Apenas os primeiros degraus da fama geram o prazer... A fama... frequentemente, gera angústia, solidão, perda da singeleza e da privacidade”. (Na página 80)

Vemos, pois, por que (razão) muitos famosos não aguentam a fama e suicidam-se. Eis uma conclusão a que chego através dessas palavras de Augusto Cury. Obs.: Eu não leio os outros livros desse autor, apenas leio aqueles que discorrem sobre a inteligência e a personalidade de Jesus Cristo e o livro “Inteligência Multifocal”.

A respeito do amor ciumento, é importante dizer que existe o ciúme que significa zelo, cuidado, como é registrado pela origem da palavra ciúme. Mas existe o ciúme doentio, que significa rivalidade, desejo de posse, medo exagerado de perder a pessoa amada, suspeita ou desconfiança de quem se ama. Não vou aprofundar esse assunto, apenas mencioná-lo. Esse ciúme doentio é mostrado pelo personagem Laerte, de Manoel Carlos. Tenho compaixão das mulheres que encontram um Laerte na vida delas.

São vários os tipos de amor. Na obra “Banquete”, escrita pelo filósofo grego Platão, poetas e filósofos fazem elogios ao amor e discorrem sobre esse assunto. Há certo poeta, nesse encontro, que defende a existência de almas gêmeas. Sócrates, porém, através de um recurso muito interessante, através de Diotima, que é um meio encontrado por ele para dizer o que queria sobre o amor, sem ficar odiado por quem defendia o contrário (porque Diotima nunca existiu, esta é a interpretação atual), diz que não há almas Gêmeas. Se existem ou não, eu não quero me posicionar neste momento. O assunto levaria muito espaço. Além disso, não é o meu propósito aprofundar, neste texto, nenhum aspecto desta reflexão, apenas mencionar os vários tipos de amor, deixando ao leitor alguns questionamentos e sugestões reflexivas. Quero dizer que, no “Banquete”, são vários discursos em defesa do amor, várias teorias. Como se vê, a filosofia está muito mais presente na nossa vida do que muitas pessoas imaginam. A teoria sobre almas gêmeas teve origem no “Banquete”, uma obra escrita por Platão. Eis, pois, uma excelente fonte de pesquisa a respeito do amor.

Existe o amor de Deus; o amor de mãe, de irmão, de marido, de esposa, de amigos; amor de filho. Existe o amor a si mesmo; o amor egoísta; o amor aos livros, ao conhecimento, à sabedoria; amor a uma crença; amor aos animais; amor à natureza; amor altruísta. Há vários tipos de amor.

Observamos o amor de um homem a outro homem, de uma mulher a outra mulher; amor de um homem a uma mulher; amor de uma mulher a um homem. Os amores são vários.

Há homens incapazes de enxergar a importância e a dignidade de certas mulheres, assim como há mulheres incapazes de enxergar a importância e a dignidade de certos homens. Há homens que enxergam, assim como há mulheres que também sabem enxergar.

Há mulheres que querem ser apenas amigas dos homens de bem e desejam ser amadas por quem não sabe amar como elas merecem, assim como há homens que desejam apenas a amizade das mulheres de bem e o amor das mulheres que não sabem amar. Mas, de que tipo de amor eu estou falando?

Acontecem casamentos entre desconhecidos, pessoas que não conhecem suficientemente o companheiro ou a companheira. Depois de casados, ficam reclamando, dizendo que se enganaram, que o outro mudou. Na verdade, quiseram se enganar. Não houve mudança.

Acontecem casamentos com pessoas desequilibradas. Muitos imaginam que, depois do casamento, o companheiro ou a companheira vai mudar. Será que muda? Deve-se ter muito cuidado! O essencial deve existir e aparecer antes do casamento.

A psicologia atual e os grandes mestres da espiritualidade afirmam que o relacionamento entre duas pessoas deve ser baseado na amizade, no respeito recíproco, no diálogo, na compreensão, no carinho, no amor, é claro, na confiança mútua, na transparência, no companheirismo, na atenção, na liberdade. Este é mais um tipo de amor. Isso é possível?

Qual é o melhor amor? Quais são os melhores amores? Dos amores citados, quais deles são capazes de proporcionar e preservar a felicidade de um casal? Que amor ou que amores queremos na nossa vida?

Regis de Morais, escritor, professor e conferencista brasileiro, licenciado em Filosofia e em Ciências Sociais, com mestrado em Filosofia Social, doutorado em Educação, com mais de quarenta livros escritos, no livro “Um Caso de Amor com a Vida”, afirma: “A semeadura é livre, mas a colheita é necessária”. Isso significa, neste caso, que nós teremos o amor que quisermos. Os frutos que teremos virão do amor que decidirmos ter. Isso é lógico. Ninguém recebe de onde nunca veio nada. Ninguém dá o que não tem. Ninguém será o que não se propõe a ser.

Para finalizar este ensaio, eu apresento o que Leonardo Boff afirma no livro “A oração de São Francisco: uma mensagem de paz para o mundo atual”: “Aquele que ama vive num estado alterado de consciência. Perde o interesse por si mesmo e se entrega a forças que o arrastam irrefreavelmente na direção da pessoa amada. Esta aparece a seus olhos como única e diferente de todas as demais no universo. Experimenta um estado de arrebatamento e de potenciação de sentido que, em função da pessoa amada, reorganiza toda a vida”. (Na página 129)

Obs.: Essa perda de interesse de si mesmo não deve ser absolutizada. Nada de interpretações literais. É preciso gostar de si mesmo para poder gostar de alguém e amar alguém.

Agora, eu deixo algumas sugestões de leitura sobre este assunto a quem gosta de ler boas obras:

“O Essencial no Amor: as diferentes faces da experiência amorosa”.

Um livro publicado (no Brasil) pela Editora Vozes. Escrito por Jean-Yves Leloup e Catherine Bensaid. Ele é Ph.D. em Psicologia, filósofo, antropólogo, fundador do Colégio Internacional dos Terapeutas, teólogo, sacerdote ortodoxo e psicoterapeuta. É conferencista e escritor mundialmente conhecido. Catherine Bensaid é psiquiatra, psicanalista e autora de diversos best-sellers na França. Este é um dos livros que eu leio e releio. Ele aborda os diversos tipos de amor, numa linguagem profunda, rigorosa e atraente.

Outro dos livros de Jean-Yves Leloup: “Amar... apesar de tudo”, um Encontro com Marie de Solemne.

“A beleza das almas é muito mais amável do que a beleza dos corpos.” (Sócrates)

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 11/07/2014
Reeditado em 11/07/2014
Código do texto: T4878465
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