Libertas Quæ Sera Tamen!
Liberdade: sf (lat libertate) 1 Estado de pessoa livre e isenta de restrição externa ou coação física ou moral. 2 Poder de exercer livremente a sua vontade. 3 Condição de não ser sujeito, como indivíduo ou comunidade, a controle ou arbitrariedades políticas estrangeiras. 4 Condição do ser que não vive em cativeiro. 5 Condição de pessoa não sujeita a escravidão ou servidão. 6 Dir. Isenção de todas as restrições, exceto as prescritas pelos direitos legais de outrem. 7 Independência, autonomia. Liberdade é tudo isso, e mais, é, segundo o curta A Ilha das Flores, um sentimento que não há quem explique e ninguém que não entenda.
Refletindo na semântica da palavra e no que diz o filme, pensei: - "O que torna as pessoas livres? E, por que um ser que, essencialmente, nasce para ser livre se deixa, deliberadamente, aprisionar?". Não tenho respostas, mas teorias, posso estar certo como Galileu estava a respeito do movimento dos astros, ou, tão errado quanto àqueles que criam que a Terra era chata.
Acredito que se nos prendemos a alguma coisa, fazemo-no ou por nossa própria vontade ou por que alguém nos obriga, ainda sim, obedecemos à esse alguém por escolha, mesmo que nos ameace, podemos escolher não obedecer e, é claro, sofrer as conseqüências.
Não é muito diferente na educação, talvez, a única diferença seja que, na maioria dos casos, os professores sequer dão a opção dos alunos serem livres para escolher o que e o modo como vão aprender, estas coisas lhes são impostas e cobradas (não necessariamente nessa ordem), sem sequer perguntar se lhes interessa este ou aquele conteúdo, tudo é ensinado, mas será que tudo é aprendido? Ou apreendido?
Na contra mão de tudo isso está um educador, talvez o maior que o Brasil já teve: Paulo Freire que trouxe muitas contribuições para o modo de pensar a educação.
Desde sua interpretação da relação homem-mundo, pois Freire incentivava a cada um encontrar seu papel na sociedade como sujeito ativo, quebrando, assim, o paradigma do fatalismo ou de uma cultura hegemônica que padroniza, massifica as pessoas, em detrimento da cultura popular.
O conhecimento, para Freire, deveria se conscientizado, ou seja, era feito na diferença, aprender o "para que" e não o "como". Mesmo a escola, instituição canonizada pelos educadores em geral, não ficou "a salvo", para Freire a escola deveria utilizar-se de uma educação problematizadora e sua metodologia devia basear-se no diálogo e a avaliação deveria basear-se na auto-avaliação e na avaliação mútua, sem o processo de notas ou exames, cada um saberia suas dificuldades e seus progressos – em termos gerais é este o pressuposto no qual a teoria freiriana baseia seu sistema de avaliação. A grande problemática aqui seria a dificuldade em adotá-la no ensino tradicional (seja ela nas séries iniciais ou no ensino médio), pois:
- Tendo como base que a educação popular está inserida em um contexto totalmente diferente, onde as pessoas procuram a escola porque realmente desejam aprender;
- Lembrando que nas escolas tradicionais há um currículo, metas e objetivos propostos pelo governo, definindo aquilo que o professor precisa ensinar e o conteúdo que deve exigir de seus alunos;
- Associado a isto temos a questão da educação totalmente desvalorizada, com a responsabilidade deixada de lado, juntamente com a ética e a moral;
- E com uma lei que exerce um papel na tentativa de sustentação de uma sociedade que se encontra como um “sepulcro caiado”.
Diante do exposto, resta-nos um questionamento: Sem a exigência de normas, notas e fiscalização, haverá a possibilidade real de usarmos esta proposta? Infelizmente o que vemos em nossa sociedade é que a maioria das pessoas baseia-se na existência ou presença de uma pessoa ou órgão que lhe dite as regras e que fiscalize o cumprimento das mesmas. A começar dos governantes que não dão qualquer exemplo, como esperar que uma auto-avaliação funcione onde a “Lei de Gerson” predomina? Onde “o importante é levar vantagem em tudo, certo?”
Outras perguntas que ficam são: Será que este tipo de educação pode ser aplicada numa sociedade onde o conceito de bom professor é o daquele que "domina" a sala e que não é dado o direito de fala ao aluno e que "enche a lousa de lição"?
Para essas nem mesmo uma teoria eu tenho.