SUPERA BRASIL, FOI SÓ UM JOGO...
"de Bandeira a meio mastro"
Hoje o Brasil amanhece atônito em plena COPA DAS COPAS.
Começo na assertiva de que, na qualidade de brasileiro ou não, é humanamente impossível ficar apático frente ao que aconteceu ontem na semifinal da Copa Mundial de Futebol de 2014, onde a Alemanha, de forma tranquila, quase lúdica, goleou nossa seleção por 7X1, fato que correu aos olhos do "literalmente meio mundo" pela atual tecnologia "on line", já que previamente nos anunciaram que mais ou menos três bilhões de expectadores estariam ligados no evento desportivo.
Ninguém acreditava no que via. Até as crianças pequeninas se desesperavam no MINEIRÃO, a cada bola que brincava com a nossa rede.
Nelson Rodrigues, diante da humilhação de ontem, decerto que se revirou espiritualmente nas suas leves e distantes "vira-latas" reminiscências do "Maracãnaço" de 1950.
Impressionante aquilo...
Sim, claro, mas era apenas um jogo, e um jogo por definição é uma disputa onde se pode ganhar ou perder.
Ocorre que o fato de ontem nos instiga o pensamento da logística que nos levou a essa humilhação, de como os fatos foram ocorrendo, porque na verdade, não há problema algum em se perder, mas sim , também ensaio o pensamento no fato de que há várias formas de se perder ou se ganhar, no desporto e na vida...inclusive na vida dum país.
E sinto que o que ocorreu no campo de Brasil versus Alemanha é uma metáfora do cosmo, quiçá um ensinamento doloroso e multifacetado a nos chamar a atenção para o nosso atual todo.
Hoje, somos duzentos milhões de técnicos perplexos a opinar , onde já não mais importa escalarmos uma seleção de técnica e tática potencialmente vitoriosas para os campos das disputas, mas sim, a opinarmos sobre o porquê de sofremos um vexame tão grande, uma seleção pentacampeã de futebol combalida, moribunda e apática, que praticamente entregou o jogo ao adversário que mostrou competência durante o campeonato todo.
E que mais me chama a atenção: e ainda, a passos muito cambaleantes, nos foi permitido sonhar, a chegar até a "boca da vitória" duma semifinal e de lá despencar em queda livre, e tal me gera a incômoda sensação de que era para o nosso sofrimento ser maior...
Lamento não termos saído do campeonato antes, duma forma menos humilhante...mais digna, algo que faria jus à nossa História futebolística.
Somos o país do futebol e do "carnaval" autóctones.
Há pouco tempo ninguém jogava o futebol arte com nós, seleção canarinho, o futebol que já não nos pertence mais, mas que ensinamos o mundo todo jogar, isso é nítido e curioso.
E por "carnaval" aqui também entenda-se como a figuração midiática que transforma todo ouro em "ouro de tolo".
O que aconteceu com o nosso país e com os demais campos do nosso país?
O jogo de ontem nos mostrou muito fidedignamente que absolutamente nada nem ninguém, sobretudo nenhuma equipe em prol de resultados otimizados no trabalho, sobrevive só de mídia, sem comando sério, competente, focado e disciplinado.
É preciso gestão comprometida, que saiba gerir os talentos dos quais dispõe.É preciso saber gerir adversidades técnicas e táticas e não apenas minimizar os fracasso...
Há os que dirão que a saída do Neymar e a ausência de Tiago Silva desestabilizaram a seleção.
Acredito que tal teve um peso significativo, claro, perdemos nosso único finalizador brilhante e um zagueiro eficiente, o dano tático e psicológico estava estruturado dentro da nossa casa, todavia, o Brasil não vinha jogando bem...dentro dum cenário de COPA DO MUNDO também meio tosco, sem grandes emoções, e a mídia toda sabia disso, contudo, somos um povo alegre, receptivo, resistente, resiliente e esperançoso, transformamos, sob as varinhas dos mágicos "plins- plins", todos os nossos campos amargos em deliciosas limonadas, e desta vez literalmente limonada suíça ao mundo, aos moldes da FIFA para o planeta nos degustar sem açúcar...a despeito de todo o nosso afeto pelo nosso amado País.
A lição foi dolorosa e dolorida. A mensagem, para os mais sensíveis, foi de arrepiar.
Assim, aprendemos que o futebol brasileiro precisa ser repensado, tanto quanto o País inteiro precisa ser repensado e reconstruído.
É preciso humildade para se ser campeão em qualquer campo...reconhecer as limitações, inclusive.
Nós sabemos disso e agora o mundo todo sabe conosco.
Nenhuma verdade escapa aos olhos dos movimentos vitais reveladores que nossa pequena condição humana não nos permite entender e comandar.
Nos campos, inclusive nos de futebol, só se colhe a semeadura.
O desporto, de certa, forma, é um termômetro fidedigno das condições de desenvolvimento social em tempo real, um delator das verdades, como um IDD (ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DESPORTIVO) que espelha o IDH (ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO).
O desporto desmascara a condição social do planeta.
Vemos essa coordenada muito clara em todos os países do mundo e aqui não seria diferente.
O futebol mundial, de certa forma, também perdeu brilho com a crise que o planeta atravessa.
E como são duros nossos campos brasileiros em tempo real...há tempo levamos goleadas das adversidades...apesar dos "coachs" acreditarem, como FELIPÃO acreditou, que tudo vai de evento em popa...
Quando a má gestão entra em foco, todas as mazelas aparecem...um dia, ainda que a equipe seja brilhante.
Lembrando que, quando o interesse político e financeiro entram em jogo, quem perde é arte do desporto e a sociedade como um todo.
Quero terminar com um pensamento holístico sobre "aparentes" perdas e ganhos e suas tão evidentes relatividades dentro da nossa vida .
Quantas vezes, somos pessoal e derrepentemente arrebatados dos cenários coletivos, sem entender muito bem o que ocorre, acreditando que perdemos algo quando lá na frente percebemos que ganharíamos muito?
Pois é, quero fazer essa analogia com a saída de Neymar da dramática semifinal e do Brasil versus Alemanha com a perda definitiva do sonho do hexacampeonato brasileiro no mundial de futebol.
Neymar quebrou a coluna num agressivo contato corporal em jogo, saiu da competição de um modo triste e injusto, todavia, tal lhe impediu de participar da tristeza de ver nosso do Brasil sucumbir em campo...
Se estivesse lá, teria mudado nosso destino?
Há respostas que apenas a Deus pertencem.
Igualmente, quanto à perda do sonho do Brasil de ser Hexa, talvez não nos tenha sido tanta perda assim...apenas lá na frente saberemos o porquê disso tudo. Tomara nos seja um grande ganho social...oportunidade de reflexão sobre o nosso "tudo".
Ou seria só mais um apagão de gestão em campo?
Quem sabe, aos olhos da "SUPREMA GESTÃO", aqueles olhos pelos quais nada passa sem ser visto, não somos tão merecedores assim da conquista dum hexacampeonato quanto acreditamos ser?
Neymar está mais que certo quando lhe tatuou a seguinte mensagem: "TUDO PASSA".
É verdade, acreditem, tudo passa, mesmo a maior dor passa, principalmente quando se é muito jovem...
E vai passar...bola pra frente Brasil. Em todos os gramados.
Quem sabe um glorioso terceiro lugar no campeonato? Por que não?
Quero apenas chamar a atenção que perdermos o HEXA de 7, e não vou fazer a dedução do gol de honra do menino Oscar, a quem já peço licença e desculpas.
Sete é um número CABALÍSTICO que significa DEFINITIVA mudança de ciclos.
Volto à minha epígrafe: "Supera Brasil, foi só um jogo..." a perguntar:
Será??
Não, meu coração, em luto, me diz que não foi só um jogo...