A Copa do Mundo é Nossa!
Após 64 anos o Brasil sedia o maior evento futebolístico do mundo quebrando o jejum e o amargor da derrota para a seleção do Uruguai no Maracanã lotado em 1950. Bandeiras verdes e amarelas vibram, o Hino Nacional tornou-se popular e o futebol uma epidemia internacional. A Copa do Mundo no Brasil tornou-se um acontecimento histórico!
A Copa do Mundo torna-se um evento singular e peculiar pelas polêmicas que orbitam as decisões administrativas da FIFA e do Governo Federal em contraposição aos interesses e as demandas da população brasileira. Por um lado, é uma grande “festa das nações”, promovendo o contato inter- étnico e fortalecendo as múltiplas identidades e culturas. A nível local, as cidades- sede dos jogos recebem milhares de turistas estrangeiros que fomentam a economia e movimentam os pontos turísticos consagrados. Por outro lado, para garantir a realização da Copa do Mundo é necessário reprimir a voz dos excluídos e insatisfeitos. Ao mesmo tempo, que a bola rola nos campo em estádios padrão FIFA, as balas de borracha, as bombas de efeito moral e o gás lacrimogênio são lançados contra os manifestantes nas vias públicas. Enquanto algumas pessoas choram de emoção, outras choram de dor, milhares de pessoas entoam o hino e celebram os signos de seu país, outras milhares de pessoas gritam e entoam palavras de ordem e hinos revolucionários.
A grande mídia exalta a violência provocada pelos black-blocs e criminaliza os movimentos sociais legítimos. Em todo o país, milhões de trabalhadores estão reivindicando seus direitos aproveitando a visibilidade internacional. Do ano passado pra cá, o “Gigante” acordou e estremeceu as instituições políticas, as ideologias e apontou novos horizontes para combater as desigualdades sociais ou garantir os direitos civis. Será que o Brasil precisa de uma revolução? Quais são as perspectivas para o povo brasileiro e seus dilemas? Um país tão rico e tão miserável ao mesmo tempo, em que sofremos com todo tipo de preconceito e opressão, do genocídio indígena aos resquícios da escravidão. Trabalhadores de todos os setores assistem pasmos aos desmandos da corrupção institucionalizada e procuram reverter este modelo através das lutas e das organizações sindicais. Todos os direitos civis e trabalhistas adquiridos historicamente foram reivindicações diretas dos movimentos sociais.
Futebol e política sempre andaram lado a lado. E desta vez não é diferente! O futebol consagrou-se como uma manifestação cultural atingindo todas as classes sociais nos mais diversos países. Independente das contradições e infortúnios, tenho certeza que esta Copa do Mundo é nossa, de todos (as) trabalhadores (as)!
Publicado no Jornal Litoral Norte RS