A COROA E O FUNDO DO POÇO
Num breve ensaio sobre as antíteses da história real da humanidade:
"na mente dele ele vai tirar a gente daqui" (cracolândia).
Com todo o respeito às coroas e aos vales sombrios da humanidade, aqui apenas exponho um sentimento pulsante que me surgiu quando ontem a imprensa nos mostrou a visita do Princípe Harry, que num ato de extrema generosidade e curiosidade altruísticas, visitou a tão triste situação desumanitária da nossa trágica construção social, a da cracolândia, cujos alicerces se solidificaram ao longo dum tempo negligente de forma extremamente complexa.
Diz a imprensa que o jovem príncipe, que decerto ainda não conhece nem de longe alguns "status descoroados do novo mundo real", mundo em explícita antítese com as estorinhas de fadas protagonizadas pelo velho mundo, por ali, nos seus belos campos suaves do Reino Unido e imediações das realezas, campos nos quais os males do mundo eram representados pela bruxa má que engolia apenas os fictícios Joões e Marias.
Pois bem, frente ao descontentamento duma senhora, provável drogadita do local e que causou preocupante tumulto, a aparição do jovem príncipe foi tão rápida que decerto nem lhe houve tempo de levar um susto real, igualmente a nós paulistanos que nos perguntamos no dia -a- dia como pudemos chegar naquele fundo de poço, a despeito das políticas sociais que nos esclarecem ações eficazes que sempre começam pelo telhado das soluções sociológicas, mas cujos resultados nunca enxergamos.
O princípe se foi, sem sequer conseguir entender a falta que faz a todos "os mundos do mundo!" os ensinamentos humanitários do seu colega fictício, o PEQUENO PRÍNCIPE, de Saint Exupéry, compêndio que também aos políticos deveria ser cartilha de perene advertência social, em antítese com a advertência política do Princípe de Maquiavel.
E mais uma senhora do triste mundo do crack, depois de tantas que se encantaram com a beleza da realeza de Harry, disse assim ao repórter:
"na mente dele ele vai tirar a gente daqui".
Deduzi que talvez a mente dela já não tenha mais recuperação...cognitiva, aquela percepção crítica que as drogas levam para todo o sempre.
Termino meu ensaio dizendo que o crack é a droga mais devastadora das mentes que compoem o todo social, poço sem fundo que realeza alguma (nem do velho e nem do novo mundo!) resgata das construções desalicerçadas de cuidados com o outro, todavia complexas edificações embasadas nos alicerces das antíteses sociais tão chocantes que constroem a nossa História da humanidade.
Lembrando que são holísticas as "drogas" que nos dilapidam pelo nosso tempo.