O Renascimento e Camões
O renascimento foi um período medieval marcado pela aparição da ciência com valor universal. Então, o homem, como ser capaz de desenvolver pensamentos, isto é, com habilidade para explorar esta ciência, passou a ser o centro de seus estudos, tornando-se o personagem principal da própria vida e dando origem ao antropocentrismo. Após esse passo na evolução filosófica, o conflito que a partir de então se seguiu apresenta a oposição entre as ideias do antropocentrismo e o teocentrismo, cujo sentido refere-se a Deus como centro de tudo, uma vez que, até aquele momento histórico, a igreja controlava os conhecimentos que eram repassados para a sociedade com o intuito de exercer domínio sobre ela.
Isso veio mudar com o avanço literário e liberdade parcial filosófica, principalmente com a chegada do classicismo, que consistia na valorização e resgate dos traços e formas da Antiguidade Clássica, com embasamento na mitologia grega que confrontava diretamente os dogmas da igreja. A apropriação do modelo homérico, por exemplo, auxiliou grandemente a efetivação do classicismo na sua integração. O que foi bastante positivo no quadro do Renascimento, pois era necessário um apoio externo (literário) que sustentasse e amparasse a força científica que emergia neste quadro.
Em tal contexto, o povo português sai de seu país para conquistar territórios e riquezas inesperadas através do fenômeno das grandes navegações e acaba contribuindo para a descoberta geográfica da África, cujos contornos foram registrados pela cartografia, um dos pilares iniciais do conhecimento científico nascente, depois da astronomia e da matemática, embora não se possa considerar esta última ciência independente da cartografia. Assim, os eventos que moldaram o comércio com os outros países e implantaram Portugal como uma das maiores nações do mundo também inspiraram a criação de uma produção artística até hoje internacionalmente reconhecida, obra de arte esta intitulada Os Lusíadas, de autoria de Luis Vaz de Camões, na qual será abordada uma série de temas desde o mais simples ao mais complexo. É essencialmente caracterizada pelo destaque ao nacionalismo português a partir dos feitos heroicos do personagem Vasco da Gama, que executará grandes navegações que refletirão o poderio português na Idade Média.
Camões soube fazer nascer uma história em que se pudesse observar a vitória dos lusitanos, embora em seus versos possamos perceber uma previsão de como a nação perderia toda a sua riqueza e de como o espírito nacionalista nos homens de Portugal sofreria a dor da decadência que o aguardava. No fim das contas, o mar salgado de Pessoa foi meio de fuga e meio de lamentações, exatamente como previra Camões.