O NOVO E OS CÂNONES TRADICIONAIS

Sempre digo – e aparece em vários dos meus 'tutoriais' publicados no Recanto das Letras, na net – que Mario Quintana e Manuel Bandeira deram "alta dignidade poética" à prosa artística, a ponto de comprometer os consagrados cânones da Poética tradicional, legando frases pejadas de prosaísmos – intrinsecamente – e as tornando notórias pela publicação maciça de altas tiragens e bem aceitas devido à qualificação de suas lavraturas como alinhadas ao gênero Poesia, tratando e as nominando como espécime poético-formal, mesmo que, tecnicamente, não o fossem. O que fazer? São gênios instigadores buscando o Novo, renovando os ares contaminados pela poética clássica, a teor do que preconizam os modernistas contemporâneos. E é necessário salientar que ambos foram cultores da Poesia Clássica, em suas tardias juventudes. O tempo lhes fez bem, e, na medida em que as cãs lhes enevoavam as cabeças, os poemas surgiam mais rebeldes e deformados ritmicamente, tudo muito coerente e alinhado com o caos do século XX, já que a arte copia a vida... Desejo esclarecer que apenas cumpro a minha função de provocador, quando arrolo as características formais da Prosa e do Verso, dando curso à instigação ao pensar. A genialidade dos interlocutores fará o restante, a todo e qualquer tempo. Hosanas à Poética...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4847613