Lúcida embriaguez

Como é bom mesmo que por um breve instante do dia, sair da rotina, entregar-se a loucura, aos pés descalços, cabelo bagunçado, roupas velhas e gastas, sentar no chão ou se esparramar em algum canto da casa, tomar um álcool, por um som estranho e voar com os pensamentos para fora do seu dia tão reto e cheio de bons hábitos sociais.

Sentir-se embriagada, sentir-se alienada, sentir-se fora do eixo e sem razões lógicas para qualquer ato ou palavra.

Deixar que só o som e a energia do caos cheguem e te consumam doce e completamente.

O mundo todo lá fora querendo gritar e te xingar, o som alto que atormenta os vizinhos, os afazeres que se acumulam bem na sua frente, a casa que tem que arrumar, os estudos que não podem parar, a roupa suja que está para lavar, e o cachorro te olhando que quer passear. “Ai que prazer! Ter um dever e não o fazer!” Já dizia o grande poeta!

Eu quero mesmo é dançar! Só acordar depois que o mundo parar de girar!