"Sou toda ouvidos... Só que não"
Sou portador de deficiência auditiva bilateral e em um dos meus ouvidos foi preciso, em janeiro deste ano, a necessidade de uma intervenção cirúrgica para a colocação de um implante coclear. Sem detalhar muito essa questão, posso dizer que tenho um “ouvido biônico”, e desde o início de abril convivo com a prótese externa deste implante, e que, como todo equipamento, existe a necessidade de adaptação para que seu funcionamento logo esteja próximo à perfeição (neste caso a captação e reconhecimento dos diversos tipos de sons pelo meu digníssimo cérebro) _ o ouvido vizinho parece estar caminhando pela mesma estrada, o que só reforça a tese de que a inveja é uma droga! Minha vida, claro, continua beirando a possível normalidade (eu também estou me adaptando ao mundo de “Nárnia”), e tento fazer as coisas e ir aos lugares sem criar estardalhaços só porque estou carregando uma prótese na cabeça que me faz parecer um personagem do filme Matrix.
Dessa forma, no último dia 05 de maio me dirigi a uma rede de fast-food _ a qual sou praticamente fiel (calma. Não sou um fissurado em carnes besuntadas em margarinas ou em óleos utilizados para frituras, cuja aparência, de tão escuros, parecem óleos para lubrificar motores, mas de vez em quando procuro dar preferência aos lanches rápidos que poupam tempo e têm custo reduzido) e entrei na fila do único Box de caixa que estava atendendo e ali fiquei. Havia três pessoas à minha frente (já enfrentei filas muito maiores que essa) e depois de um tempo considerável, enfim, chegou a minha vez. Olhei diretamente para a atendente (uma jovem que não deveria ter mais que 18 anos) e relatei de uma só vez TODO O MEU PEDIDO, que o mesmo SERIA CONSUMIDO NO LOCAL e O PAGAMENTO SERIA ATRAVÉS DO DÉBITO AUTOMÁTICO. Ressalto: já faço isso por experiência, pois sei que aguardando as perguntas de praxe, de item por item a ser confirmado, uma confusão e um constrangimento desnecessários vão ser gerados para ambas as partes, quase um samba do crioulo doido. Qual não foi minha surpresa diante da ação/reação exercida pela moça à minha frente. Ela fez exatamente tudo aquilo que eu temia, ignorando minha exposição e repetindo duas, três vezes seus questionamentos e notoriamente perdendo a paciência. Resolvi não ser chato e na medida do possível tentei responder a tudo (ela usava um aparelho nos dentes que dificultava ainda mais sua dicção), sempre fazendo questão de demonstrar a realidade de que ela estava lidando com um deficiente auditivo (sendo debruçando sobre o terminal do caixa, apoiando uma das mãos sob a orelha ou apontando para a prótese “Matrix” externa do meu implante ou, num último suspiro de um agonizante, gesticulando com o polegar para baixo na direção do meu ouvido). A funcionária, em nenhum momento se predispôs a alterar o seu tom de voz e eu praticamente me senti diante de um tribunal da Santa Inquisição; por fim, à vista da última pendência daquele questionamento um tanto absurdo, cuja pergunta fatal “qual a forma de pagamento?” (agora feita aos berros), me foi direcionada, chamando a atenção, inclusive, de todos ao redor, eu não pude mais aguentar e disparei pra cima da jovem, num tom bem próximo de um tenor tentando alcançar o melhor do seu dom (guardadas as mais devidas proporções, claro) que, se por acaso ela tivesse prestado atenção e usado do bom senso, teria percebido que eu já havia manifestado tudo o que ela me interrogara, desde o momento da minha chegada. Ela, impassível, não respondeu nada, efetuou o pagamento, pediu para que eu aguardasse ao lado a chegada do meu pedido, e chamou o próximo da fila.
Não pude chegar a outra conclusão. Estava diante de um ser humano (cidadão) sem a mínima noção de conscientização e/ou empatia para com o próximo, no caso um deficiente, e ao mesmo tempo uma profissional (acredito!) visivelmente despreparada para este tipo de atendimento. Ocupei o meu lugar de espera, estilo “Teresa Batista, cansada de guerra”, e juro que fiquei aguardando o arremate final, que não aconteceu, certamente, por parte dessa linda jovem e que seria um admirável AMO MUITO TUDO ISSO!
Dessa forma, no último dia 05 de maio me dirigi a uma rede de fast-food _ a qual sou praticamente fiel (calma. Não sou um fissurado em carnes besuntadas em margarinas ou em óleos utilizados para frituras, cuja aparência, de tão escuros, parecem óleos para lubrificar motores, mas de vez em quando procuro dar preferência aos lanches rápidos que poupam tempo e têm custo reduzido) e entrei na fila do único Box de caixa que estava atendendo e ali fiquei. Havia três pessoas à minha frente (já enfrentei filas muito maiores que essa) e depois de um tempo considerável, enfim, chegou a minha vez. Olhei diretamente para a atendente (uma jovem que não deveria ter mais que 18 anos) e relatei de uma só vez TODO O MEU PEDIDO, que o mesmo SERIA CONSUMIDO NO LOCAL e O PAGAMENTO SERIA ATRAVÉS DO DÉBITO AUTOMÁTICO. Ressalto: já faço isso por experiência, pois sei que aguardando as perguntas de praxe, de item por item a ser confirmado, uma confusão e um constrangimento desnecessários vão ser gerados para ambas as partes, quase um samba do crioulo doido. Qual não foi minha surpresa diante da ação/reação exercida pela moça à minha frente. Ela fez exatamente tudo aquilo que eu temia, ignorando minha exposição e repetindo duas, três vezes seus questionamentos e notoriamente perdendo a paciência. Resolvi não ser chato e na medida do possível tentei responder a tudo (ela usava um aparelho nos dentes que dificultava ainda mais sua dicção), sempre fazendo questão de demonstrar a realidade de que ela estava lidando com um deficiente auditivo (sendo debruçando sobre o terminal do caixa, apoiando uma das mãos sob a orelha ou apontando para a prótese “Matrix” externa do meu implante ou, num último suspiro de um agonizante, gesticulando com o polegar para baixo na direção do meu ouvido). A funcionária, em nenhum momento se predispôs a alterar o seu tom de voz e eu praticamente me senti diante de um tribunal da Santa Inquisição; por fim, à vista da última pendência daquele questionamento um tanto absurdo, cuja pergunta fatal “qual a forma de pagamento?” (agora feita aos berros), me foi direcionada, chamando a atenção, inclusive, de todos ao redor, eu não pude mais aguentar e disparei pra cima da jovem, num tom bem próximo de um tenor tentando alcançar o melhor do seu dom (guardadas as mais devidas proporções, claro) que, se por acaso ela tivesse prestado atenção e usado do bom senso, teria percebido que eu já havia manifestado tudo o que ela me interrogara, desde o momento da minha chegada. Ela, impassível, não respondeu nada, efetuou o pagamento, pediu para que eu aguardasse ao lado a chegada do meu pedido, e chamou o próximo da fila.
Não pude chegar a outra conclusão. Estava diante de um ser humano (cidadão) sem a mínima noção de conscientização e/ou empatia para com o próximo, no caso um deficiente, e ao mesmo tempo uma profissional (acredito!) visivelmente despreparada para este tipo de atendimento. Ocupei o meu lugar de espera, estilo “Teresa Batista, cansada de guerra”, e juro que fiquei aguardando o arremate final, que não aconteceu, certamente, por parte dessa linda jovem e que seria um admirável AMO MUITO TUDO ISSO!