Contraponto (sobre verdades contemporâneas)

Cientistas são pessoas cuidadosas cerceadas por sistemas científicos de informação extremamente cuidadosos. Apesar disso, divulgam inúmeras ideias bem tolas, a maior parte delas, de fato. (É impossível ter noção disso lendo artigos científicos atuais, costumam parecer razoáveis; a leitura de artigos antigos, no entanto, revela que a maioria está indo na direção errada. O tempo se encarrega de explicitar a tolice).

Quanto a outras notícias, no entanto, aquelas criadas, divulgadas e controladas por jornalistas, no entanto, não se tem praticamente nenhum critério. Acreditamos em uma imensa ficção gelatinosa criada pelos meios de comunicação e coerente apenas com ela mesma.

Costuma ser difícil revolucionar uma ciência, fundamentada sempre em uma rede coerente, sustentada por inúmeros estudiosos bastante aplicados.

As crenças jornalísticas, ao contrário, têm uma sustentação pífia, francamente carente de racionalidade, e frequentemente sustentadas apenas pelo desejo dos poderosos.

Cientistas tentam fundamentar suas crenças em considerações racionais, são treinados para isso e, mesmo assim, raramente o conseguem. O povo, ao contrário, parece acreditar em repetições. Repitam um mote seguidamente, insistam nele e, mesmo consistindo na mais absurda das ideias, logo outros estarão repetindo o mesmo disparate, aumentando com isso sua credibilidade. A repetição contínua do “fato” acabará gerando mais uma das verdades contemporâneas, quase todas absurdas, sem nenhum fundamento racional, mas repetidas seguidamente pelos meios de comunicação e ecoadas por leitores e ouvintes. Assemelhamo-nos mais a papagaios que a seres racionais; repetimos aquilo que ouvimos mais seguidamente, não o que a razão nos ilumina.

Os meios de comunicação de massa são os porta-vozes dos poderosos; reptem seguidamente seus desejos transformando-os, apenas desse modo, em verdades. Contra o poder, há que se usar a razão.