Ousadia
Vislumbro minha ousadia como forma de acalanto no findar do dia que se levanta para sonhar com a noite.
Arrisco-me à espera do dia como cotovias cantando soltas;
Melodias de alma descansando debruçada na janela;
Alma em luto no refugo do dia,
Trajes de noite na escuridão do dia
como tarântula no vão da fresta da porta.
Emberno meus medos na textura do dia;
Olho pela penumbra a despedida do sol;
Vejo no entardecer a leveza dos pirilampos,
A beleza do piscar das luzes no indicar dos caminhos transversos
acendendo lembranças e vontades desejadas, acorrentadas à alma.
Amarro meus medos na soleira da porta e voo entre os rochedos;
Alio-me as estrelas numa súplica de infinito.
E findo as esperanças nos sonhos da noite.