O Porto de Torres na Praia da Guarita
Durante a primeira República, inaugurada pelo Mal. Deodoro da Fonseca entre 1889 e 1891, projetos portuários ambiciosos para o Sul do Brasil estavam na pauta de governo. Em Torres, ponto estratégico no litoral norte, a praia da Guarita foi escolhida pelos engenheiros e especialistas devido a abundância de matéria-prima fornecida pelas elevações rochosas. A obra não teve conclusão, pois Deodoro da Fonseca não cumpriu seu mandato. Os aspectos materiais do porto marítimo de Torres, ainda são vistos na base da Torre Sul. O molhe que adentrava o mar, já não tem a mesma proporção.
A área de extração de matéria-prima para a construção do porto é chamado de Ponte, uma referência histórica devido aos trilhos que transportavam as rochas para o outro lado da praia da Guarita no período da construção do porto. Atualmente, não há vestígios do suporte do trilho ou de algum vestígio da citada Ponte, apenas à memória do período da empreitada. Na pesquisa dos aspectos materiais do porto de Torres, uma ramificação da ciência arqueológica terá papel fundamental: a arqueologia subaquática. Através dos seus métodos de pesquisa poderemos obter medidas do sítio e sua dispersão embaixo d’água.
Percebe-se uma diferença na estrutura física do sítio que nos leva a indagar quais foram os fatores que fizeram aquele quebra mar do final do século XIX quase desaparecer? Provavelmente, a oscilação marítima e o aterramento da baía contribuíram para o acúmulo de sedimentos junto aos vestígios rochosos do Porto. Outra hipótese foi a utilização de dinamites para explodir o que já havia sido construído, já que a obra não iria ser concluída. O abandono da obra teria sofrido o impacto das movimentações de tropas da Revolução Federalista (1893-1895) na região litorânea. São situações hipotéticas que só terão respostas após uma pesquisa detalhada do processo de projeção, extração e deslocamento das rochas e construção do molhe inacabado do Porto de Torres.
Em trabalhos de campo recentes foram localizadas 67 evidências das explosões na porção sul do Morro das Furnas (Torre do Meio) a Pedreira do Porto, local conhecido como Ponte e na banda leste da Torre Sul próximo à base do quebra-mar. É importante salientar que ainda existem inúmeros vestígios das dinamitações soterrados pelo acúmulo de sedimentos na área de abrangência do sítio.
Publicado no Jornal Litoral Norte RS