A Furna do Diamante
Um dos panoramas mais singulares e belos que as falésias torrenses proporcionam são os recantos exóticos e enigmáticos conhecidos como Furnas. Segundo o Dicionário Aurélio, Furna significa caverna, gruta ou lapa. Na região sul, entre Araranguá no extremo sul catarinense e o município gaúcho de Três Cachoeiras, evidencia-se um complexo de furnas que se estende do Morro dos Conventos em Araranguá, às margens da Br-101 em Sombrio/SC e Três Cachoeiras/RS e no Morro das Furnas no Parque da Guarita em Torres/RS. Estas furnas revelam que há muito tempo, o contorno do continente foi alterado pelas transgressões e regressões marinhas ( o avanço e recuo do mar). As lagoas costeiras são as “grandes poças d’água” que sobraram quando o oceano atingiu o nível atual. O formato e profundidade das furnas traduzem o dito popular “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, num lento processo de milhares de anos de abrasão marinha.
Na borda oriental da Torre do Meio (Morro das Furnas), encontram-se várias grutas grandes, pequenas e algumas submersas. Na Pedra do Diamante é possível observar a Furninha e a Furna do Diamante. Estes locais são frequentados por pescadores e turistas despertando fascínio, admiração e curiosidade. Muitos relatos dos antigos pescadores da Praia da Cal, indicam a fartura de peixes em determinadas épocas do ano e por vezes, inesperadamente, as pessoas são atingidas por uma onda, caindo na água e desesperadas são vítimas de afogamentos. Lendas, contos e mitos fornecem a áurea mística à Furna do Diamante, destacando-se a lenda da Sereia e o pote de tesouros no seu interior.
Particularmente, meu interesse na exploração das furnas provêm das minhas pesquisas no âmbito da cultura material, principalmente na localização de vestígios pré-históricos e históricos. Na Furninha, foram encontrados inscrições históricas que datam de 1917, 1918, período de instalação do Datum Altimétrico (Marégrafo de Torres) e da introdução do turismo na região. Entretanto, na Furna do Diamante não foram evidenciados vestígios arqueológicos, apesar da sua visibilidade turística e seu encantamento místico-religioso. Em sua porção interna, predomina um canal submerso com leve desvio para oeste e pouca área seca, formando uma espécie de túnel. O aumento da maré é sentido bruscamente e as ondas entram violentamente até seu ponto mais profundo. A estrutura geológica é peculiar, apresentando conglomerados de basalto e arenito e uma microfauna bem adaptada ao ambiente úmido. As Furnas pertencem ao nosso Patrimônio Cultural, com importância natural e histórica para a comunidade, por isso devemos conhecer para preservar.
Para os leitores mais interessados, disponibilizo dois vídeos experimentais no Youtube intitulados: FURNA DO DIAMANTE_ Parte I (http://www.youtube.com/watch?v=EUbmrB9vUCM) e FURNA DO DIAMANTE_Parte II (http://www.youtube.com/watch?v=nJayolvSBo4).
Publicado em Jornal Litoral Norte RS