Metadiversidade e riqueza

Uma característica da riqueza, talvez a principal, é a diversidade; em qualquer campo. Uma paisagem homogênea está empobrecida, um texto com vocabulário variado é mais rico, música repetitiva com poucos acordes é pobre, repertório variado é rico, seja musical, de conversas, piadas; qualquer que seja o tema, a diversidade é sempre enriquecedora, é quase sinônimo de riqueza.

Paradoxalmente, no entanto, a riqueza econômica vem homogeneizando e, assim, empobrecendo parte significativa da cultura humana. Isso vem acontecendo em quase todos os campos, uma lástima.

Uma razão para isso consiste na busca de maior produtividade que se justifica nas técnicas agrícolas, por exemplo, ou em outros setores onde o aumento no volume da produção tem relevância. Nas atividades culturais o propósito parece inglório. Mas observe, por exemplo, competições de dança pela televisão, note como todos os estilos estão se transformando em um só. O mesmo vale para a música; já não vemos a diversidade de antes, nem sombra dela, difícil descobrir, atualmente, de que parte do planeta vem determinada canção. O mesmo vale para as artes em geral. Também estamos perdendo a diversidade linguística, um enorme número de línguas se extinguiu durante o século XX, uma perda imensa, lastimável. O processo de aniqulação continua.

Creio que esse empobrecimento paradoxal, essa pobreza decorrente do enriquecimento do mundo, seja fruto da ignorância. A riqueza econômica nos propicia o poder da construção e da destruição; por ignorância, tem sido utilizado para destruir boa parte da cultura humana, fenômeno evidenciado pela perda de diversidade.

Sugiro atentar para essa faceta da cultura, a relação entre sua riqueza e diversidade; essa simples conexão evidenciará inúmeras instâncias em que a destruição vem se impondo drasticamente, justificada apenas pela nossa ignorância. Diversidade é riqueza.