Burilamento
O eu dialogando com Nietzsche, com Woolf, com Barthes, com Hue, vou dizer por que escolhi parafrasear quem eu admito na literatura, por que emprestei seus gêneros. Para depois ouvi-los na minha própria escrita, ouvi-los na minha própria voz. Incoerente? Não! Quem sabe é recurso terapêutico, ou simplesmente o eu mundano em busca de união passageira, de força, de prazer, de beleza, sem perder o próprio traço. Já fui chamada de contraditória por voltar atrás. Mas quem não é? Se na vida nada é definitivo? Se tudo é provisório. Permito usar minha alma para falar da alma humana e reitero, a escrita é apoio que me dá energia, que me dá sentido na vida. Não há mal algum em ser fragmentada, contraditória, os outros ao meu redor também são. Só que a maioria não ousa falar que é. Eu digo sem me importar com opiniões, e vejo as almas todas tentadas por este movimento de soltura, por que sentem algo incomodo em si próprio. Sim todos em algum momento sentem-se incomodados consigo mesmo. Porém, nem sempre esse burilamento ocorre para resolver conflitos, ele pode reformular, mas não é definitivo, nem conclusivo, se a vida é transitoriedade...
A escrita é alimento neste sentido para mim. Vejo-me assim, como escreveu Virginia Woolf, em Um teto todo seu, sou uma dessas mulheres que buscam fazer mais ou aprender mais do que os costumes declaram ser necessário para o seu sexo.
Então, de onde vêm esses seres? Que personagens são essas? São reais, são surreais, são irreais? Quem poderia dizer? Mas seria tudo isso verdade, às vezes parecia, de tanto que se quer acreditar no duplo sentido do ser, da vida em si, do significado maior do viver... ‘Influência feminina’... Ou será que tudo não passou de uma grande viagem? Ah, Nietzsche que resposta você daria para esta pergunta? Ou não cabe pergunta, nem respostas definitivas para esse ir e vir mundano. Para esse sair de dentro, ou brotar de fora. Chegando a penetrar o instinto dos que lá estavam assentados. Se tiver coragem para viver o inacreditável, para se descobrir e se nutrir... Se a coragem deve estar em tudo. Se ela não é um otimismo besta, pelo contrário, é conforto permanente com tudo. O tempo recua para eu rever tuas percepções Nietzsche, como: As convicções são inimigas da verdade bem mais perigosos que as mentiras.
Na escrita posso ser outra, sem deixar de ser eu mesma
Trechos de : "Depois de libertada a visão... Influência feminina"
Reescrito em: 19 de fevereiro de 2014, ainda inédito