TUDO PELO PODER

“Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”. (Friedrich Nietzsche)

Responda rápido: você conhece alguma figura do cenário político que tenha ojeriza por subir num palanque para fazer discurso? Conhece algum prefeito, governador, ou mesmo presidente, que não goste de inaugurar uma obra pública? Tem até aquele político que nunca teve nenhuma ligação com a obra, mas que vai à inauguração só para aparecer na foto que sairá estampada nos jornais do dia seguinte. Em outras palavras, políticos são como os artistas, pois precisam manter a sua popularidade em alta.

Se o nobre parlamentar nunca é citado nos telejornais de abrangência nacional; se seu nome nunca é lembrado nos papos de botequim, empresas etc., fatalmente ele não será lembrado no momento mais importante de sua carreira: a hora do voto. Político só não gosta de aparecer mesmo, quando é para responder sobre algo comprometedor. Neste caso ele prefere deixar essa tarefa para os seus assessores ou simplesmente se esquiva ou mente quando abordado diretamente, evitando usar muitas palavras para não se comprometer ainda mais.

Agora responda novamente: você conhece algum político cujo discurso não seja demagogo?

Para chegarem ao poder os políticos precisam de muita popularidade, e para isso necessitam agradar a massa, dizendo o que o povo quer ouvir deles.

Você já ouviu algum candidato dizer, em plena campanha eleitoral, que: para frear o consumo e consequentemente o avanço da inflação, terá que aumentar os juros e a carga tributária? Certamente que não, pois embora sejam medidas que às vezes se fazem necessárias, as mesmas são extremamente impopulares.

Desse modo, nosso candidato hipotético (mas nem tanto) irá dizer exatamente o contrário: “se for eleito baixarei os juros e reduzirei a carga tributária que tanto empobrecem a nação”. Pronto, a lição de casa está feita.

O que acontece quando eles chegam ao poder?

O panorama agora é outro, pois chegados ao poder, os parlamentares ou mandatários do executivo, terão que negociar a fim de manterem-se no topo.

Esqueça o povo. Desta vez são seus financiadores de campanha e os colegas partidários, quem devem receber agrados.

Fora do período de eleições, a população costuma ser parcialmente ouvida pela classe política, apenas quando seus anseios possam ameaçar a estabilidade dos que estão no poder. Contudo, os problemas das manifestações populares, em especial no Brasil, decorrem da falta de disciplina e de uma melhor organização; da falta de unidade em torno das reivindicações e principalmente da ausência de um foco coerente quanto às mesmas reivindicações.

A lógica do poder é esta: só tem apoio quem tem poder e só permanece no poder quem é capaz de manter o apoio, costurando alianças às vezes nunca antes imaginadas pela opinião pública.

Acordos e alianças entre antigos inimigos políticos ou ideologias partidárias aparentemente divergentes, são muito comuns na política. É que no fundo todos querem a mesma coisa: chegar ao poder e sustentar-se nele pelo maior prazo possível.

O político profissional não pode ser radical. Ele vai na direção para onde os bons ventos da política o levam. Muda o tom do discurso, de partido, de ideologia, de aliados, de roupa, de penteado e pode mudar até de cônjuge.

A palavra de um político é análoga ao que acontece com a Constituição, sempre passível de acrescentar-se uma emenda.

Penso que todo eleitor que realmente deseja um país melhor, deveria meditar um pouco sobre essas lições antes de digitar o seu voto na urna.

Mas o que é o meu pensamento? Ele não vai influenciar a política. Pelo menos não enquanto estiver pesando e agindo sozinho, ou quem sabe tendo por companhia uma minoria. Procura-se urgentemente pelo lobby da nação brasileira.