Diálogo sobre o saber

Diálogo sobre o saber

A -Meus olhos já estão perdendo o vigor

Não vejo como antes via, tudo claro,

Aceitável, sem discussão.

Agora as formas são quase abstratas.

B -Dizem o mais velhos que é natural

Que ao perceber a madureza do corpo

O espírito se afasta

Para não sobrecarregar o físico.

A - Será mesmo verdade? É um tanto estranho,

Eu já experimentei muitos caminhos,

Já ouvi muitas histórias.

Percebo que os homens não têm razão quando afirmam

É mais visível a convicção quando negam.

Que pensas tu sobre isso?

B – É uma questão filosófica, não posso aventar meu parecer,

Devo acreditar que, só com muito estudo alguém poderia tomar uma posição,

Ademais, no que tange ter certeza, não posso afirma nada.

Escuto muitos discursos, em alguns dos que tentam ensinar, a meu ver.

Falta-lhes a força moral para convencer. Discursam sobre matérias distintas,

Que não dominam, apenas tem saber superficial.

A - Para um homem que almeja o domínio do saber universal, a exemplo de alguns dos nossos pressocráticos, e de uns poucos da idade média, entre eles posso citar os filósofos matemáticos, que foram unânimes em reconhecer este fato: para ser chegar a tal estágio perigoso o homem precisa ter só uma paixão.

B - Devo admitir um pensamento antigo que é: não posso conceber que, em apenas uma existência alguém seja capaz de um cabedal de conhecimento total das ciências do mundo.

Acredito que as pessoas que nascem para este propósito eterno, que é somar conhecimento ao que já existe em nosso mundo; esses seres estranhos e ao mesmo tempo adoráveis são de fato de outro mundo muito mais avançando que o nosso. E olha que não estou falando em metafísica, em espíritos que vêm e vão segundo os crédulos da reencarnação.

A - Que pensas sobre os diálogos de Sócrates, que Platão afirma ter compilado para nos Apresentar? É possível que esta literatura ficçiosoa tenha algum valor para os homens da política que hoje vivem? Acreditas nos fundamentos de uma sociedade igualitária à maneira da sua Republica?

B – Segundo este estudo milenar da psicologia de um estado ideal, os sábios, segundo afirmam seus personagens fictícios, dominariam sobre os fracos, sobre os estúpidos, e que os fortes em sentido físico deviam guardar, proteger o estado e os nobres. Assim cada um poderia se auto afirmar em seus postos, em suas posições.

A - Não creio que isso possa dar certo, e já temos de certa forma experimentado na pratica, alguns dos seus postulados. Vários sistemas de governos. Nem um foi capaz de enquadrar os homens em castas, inflexível como funciona na índia. No ocidente, por exemplo, com o advento do capitalismo oriundo das revoluções, e agora pela a mais nefasta de todas que foi a tecnológica, cada dia fica mais distante esta abissal utopia. Quem manda não é e nem será quem tem o saber e sim quem tem a força, o dinheiro.

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 02/05/2007
Reeditado em 02/05/2007
Código do texto: T471808