Onde vejo Deus

Perguntaram-me onde vejo Deus .

A resposta me veio rápida e farta . Há muito tempo venho procurando por Ele em todos os instantes desta vida .

Procuro por Ele em tudo que posso ver, tudo que posso tocar, tudo que posso sentir.

Vejo Deus sempre que olho para mim mesmo , admirando esta máquina maravilhosa que é o meu corpo , sua criação.

Um número fantástico de células trabalhando cada uma numa função , mas formando um conjunto inigualável de músculos , ossos , nervos que me permitem ver , sentir , amar.

Maravilhosa máquina constituída 80% de água....

Vejo Deus quando contemplo o sol cada manhã , nos trazendo mais um dia de trabalho e aprendizado ; vejo Deus na minha família reunida à mesa do café.

Quando saio à rua para os afazeres do dia, vejo Deus no borburinho da multidão, formiguinhas operosas em busca do sustento.

Vejo Deus no gesto caridoso daquele que alimenta o que tem fome; no gesto reconhecido daquele que ampara o idoso deixado ao relento; no gesto de ternura daquele que acolhe a criança abandonada.

Quando o mais abastado agasalha o pobre que tem frio; quando aquele que tem um teto abriga o desamparado; quando aquele que tem o poço sacia a sede do viajante que passa, ali também vejo Deus.

Vejo Deus no espírito que chega, através da criança que nasce, para mais uma caminhada; vejo Deus no espírito que volta, deixando o corpo que morre, após a jornada.

Vejo Deus em todo ato de amor, de bondade, de perdão, de fé.

Ao contemplar o sol a se pôr no horizonte vejo Deus a pintar no céu quadros majestosos , com cores de beleza inigualável .

Vejo Deus quando as estrelas surgem cintilantes no céu escuro, nos lembrando a existência de incontáveis galáxias suspensas no universo infinito; quando a lua aparece com sua luz prateada amenizando a escuridão da noite , também alí vejo Deus.

Quando o mar se arroja sobre as rochas , impetuoso e destruidor ou quando se estende , plácido, beijando a areia sinto a presença de Deus na imensidão de suas águas .Quando a terra faz brotar a semente, doando ao homem seu alimento , quando o vento reúne no céu um rebanho de nuvens , quando a água da chuva cai sôbre a terra, quando o fogo forja a ferramenta do homem , ali vejo Deus.

Vejo Deus ao contemplar a flor se abrindo, ao ver o gotejar do mel, ao ver o pássaro recolher ao ninho seus filhotes , ao ver o sorriso da criança aconchegada ao colo da mãe.

Vejo Deus refletido no brilho do olhar da mulher que amo...

Mas , pobre de mim , meu espírito ainda rastejante no entendimento das coisas de Deus não consegue sentir sua presença em muitos momentos que vivemos .

No homem que dá as costas ao sofrimento do seu semelhante , na mão que pratica a violência, na língua ferina que espalha a maldade e instiga a traição não vejo Deus .

Naquele que agride a natureza , naquele que maltrata os animais , também não consigo vê-lo

Na sua infinita sabedoria , Deus não se revela de todo ao espírito ainda incapaz de entendê-lo. Em sua divina paciência espera até que este alcance um estágio evolutivo capaz de compreender seus designos .

Compete a nós , que a todo momento o chamamos de Pai , envidar esforços para que possamos entendê-lo e amá-lo com a mesma intensidade com que Ele nos ama , nos tornando realmente filhos de Deus.