A CULTURA LIBERTA OU AMORDAÇA UM POVO?

Há argumentos ou dizeres de que cultura em país subdesenvolvido é um estágio de luxo e requinte, apenas para poucos ou uma atividade impossível e em grau mais elevado, até irrelevante por tratar-se de uma ação que não dá aos municípios, retorno financeiro e muito menos, proporciona a resolução de temáticas socioeconômicas atualmente tão discutida e quiçá, mantida.

Haja vista que, esse conceito pode ser construído por uma classe que permeia o imaginário entre dominador e dominado, isto é, um paradigma falso implantado nos fantoches brasileiros.

Há um estágio de entendimento distorcido sobre o tema cultura, ao qual ofusca seu verdadeiro sentido e significado, que é o de libertar mentes, criar possibilidades, instigá-las ao pensamento abstrato e reflexivo e a posteriori, uma transformação.

Não obstante, o ato de refletir nem sempre é bem aceito, uma vez que, reflexão gera ação e esta, pode divergir-se do imaginário dominador, por isso, o discurso vazio é permanentemente mantido.

Quando há uma inserção de atividades culturais permanentes, existe a construção de um ser ativo a ponto de reivindicar e até mesmo renovar uma comunidade local.

Uma política que garante uma educação através das linguagens artísticas, como música, dança, teatro, artes plásticas e literatura ao seu povo, permite a fomentação da pesquisa, inclusão social e primordialmente valorizar sua cidade, bairro, estabelecimentos públicos, a grama, praça, enfim, edificar a identidade pessoal, grupal e local.

Quando há esse trabalho, o povo começa a querer fazer parte das decisões políticas, econômicas, culturais, sociais e reivindicar direitos adquiridos e as vezes, a rua pode efetivamente, tornar-se o palco de grandes espetáculos reivindicatórios.

Com isso, começa a incomodar o que está posto e considerado uma verdade indubitável.

A cultura não amordaça e nem conduz um povo para o pleito eleitoral ou como instrumento de voto de cabresto e manutenção da “pobreza” que se arrasta pela nação. Seria proposital por parte dos governantes?

Cultura fundamentada em suas políticas, é forma de emancipação de um povo. Libertação e consciência construída e conquistada.

Sendo assim, diante de tantas características relevantes que a cultura possui, resta a seguinte inquietação filosófica e cultural:

Seriam a Cultura e Educação, projetos de longo prazo para não serem efetivados com plenitude libertadora e Emancipadora?

Seriam estratégias de manutenção e alinhamentos políticos para permanecer o povo em condições de seres passivos?

Seriam coibições imaginárias para o povo não soltar a amordaça?

O discurso de que Cultura não serve pra nada, seria um poder de manipulação, a proporcionar uma contínua não reflexão e permanência de interesses políticos e econômicos de uma respectiva parcela governamental?

Alessandro Salgado
Enviado por Alessandro Salgado em 16/02/2014
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